Parece pouco tentador atravessar o Rio Grande do Norte, a Paraíba e o Pernambuco durante longas 12 horas e deixar a zona de conforto do dia a dia universitário. No entanto, não sairíamos completos da universidade, que possui um tripé baseado em ensino, pesquisa e extensão. Estender o aprendizado para as comunidades menos favorecidas faz entender o propósito da academia, que é aproximar o conhecimento acadêmico das demandas sociais e das pessoas. Essas são as propostas dos projetos de extensão UFPE no Meu Quintal, da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), e Trilhas Potiguares, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Não se pode sair de Belém do São Francisco (PE) sendo o mesmo — e não se pode olhar para a universidade com os mesmos olhos depois dessa operação, que está em sua 10ª edição. Mais do que compartilhar, fomos renovados pela cultura do Sertão nordestino nos sete dias no município. Foi uma semana trocando experiências e saberes em atividades como a oficina sobre anatomia humana e zoologia, ministrada pelas estudantes Karolaine Basto e Lorena Lins, da UFPE, com grande adesão, principalmente do público infantil.
Segundo Lorena, levar suas experiências universitárias para Belém do São Francisco proporcionou momentos fantásticos. “As crianças chegam com uma pequena noção e, de repente, elas descobrem que o saber delas vem de algo bem maior. Dá pra ver o brilho nos olhos delas”, destaca. No total, foram oferecidas ao longo da semana cerca de 150 oficinas de diversos temas e para públicos distintos, como crianças, mulheres, trabalhadores da área da saúde e profissionais da educação. E o que fez a diferença foi a participação assídua da comunidade em cada atividade.
Um exemplo disso foi a aula de Zumba apresentada na praça da cidade, reunindo belemitas de todas as idades num ritmo envolvente, como tudo em Belém. O professor de dança Jimmy Williams conta que ficou entusiasmado ao ver tantas mulheres se divertindo na última aula de zumba, oferecida na quinta-feira, 25. “O amor pela dança nunca saiu de mim e hoje estou dando aulas a um grupo aqui em Belém do São Francisco. É bem mais do que dançar, é uma das terapias mais importantes que tem. Eu estou amando ver esse público, porque é difícil eles [belemitas] se soltarem no meio de tanta gente diferente”, explica o dançarino.
Além da dança, outras formas de arte estão presentes na cultura local. As músicas carnavalescas, muito marcantes no carnaval pernambucano, fazem parte do repertório da banda filarmônica da cidade, que musicaliza a maioria dos eventos do município. Fábio Soares, um dos organizadores da banda, fala um pouco da sua empolgação para o carnaval da cidade, que possui uma longa história com os bonecos gigantes. “Apesar de tocarmos o ano todo em eventos, como aniversário de Belém, festas e novenas, focamos bastante no carnaval, porque a animação é bem maior”, comenta.
Confira a reportagem em vídeo da 10ª operação UFPE no Meu Quintal – edição de verão
Durante esse período em Belém, os estudantes puderam não só compartilhar seus próprios conhecimentos, mas também aprender com a cultura e o ritmo da cidade, cujas características são únicas. O projeto de extensão UFPE no Meu Quintal proporcionou uma troca entre a universidade e a sociedade, em que ambas saíram ganhando. E assim como disse José Eduardo Garcia, coordenador do projeto, agora as demandas da comunidade serão levadas para o ambiente acadêmico, bem como trabalhadas e trazidas as soluções para a comunidade.
De acordo com Juciara Gomes, mestranda em Serviço Social na UFRN, todos os encontros com a comunidade foram importantes, apesar dos momentos de dificuldade. “Destaco a participação da equipe do Trilhas Potiguares, que veio colaborar com o projeto. Apesar das dificuldades encontradas pelo caminho, todo mundo conseguiu se empenhar e contribuir de alguma forma”, afirma a mestranda.
Imagens: Cícero Oliveira
Fonte: Agecom/UFRN