Análise: Trinity Fusion (Multi) — Conflitos, fusões e o fim do multiverso

Lançado em Acesso Antecipado em abril deste ano, Trinity Fusion é um roguelike de ação 2.5D produzido e publicado pela Angry Mob Games. Sua versão 1.0 foi lançada no último dia 15 e nos últimos meses diversas atualizações foram aplicadas.
Quando joguei a versão beta, percebi que o jogo tinha um bom potencial, mesmo sem apresentar algo inovador. Com as melhorias citadas, passamos a ter à disposição um roguelike que faz o básico bem-feito, mas que ainda sofre com limitações, principalmente na questão de estrutura das fases.

O colapso do multiverso é iminente

Trinity Fusion conta a história de um multiverso criado pelos humanos que está prestes a acabar. Foram criados quatro mundos: o Hipermundo, onde a evolução tecnológica está em seu auge; o Supramundo, um local dominado por máquinas; o Submundo, um ambiente fantástico com muitos recursos naturais e vida; e, por fim, o Primário, onde os humanos controlam tudo.
No entanto, tudo começou a perecer quando os cidadãos do Hipermundo evoluíram para seres conhecidos como Ewer. Em seguida, máquinas e criaturas se rebelaram nos demais universos e o Primário também está perdido pela destruição. A única esperança dos humanos é Maya, uma integrante dos Engenheiros que deve entrar em contato com suas contrapartes em cada universo — Altara no Submundo, Kera no Supramundo e Naira no Hipermundo — para impedir que o pior aconteça.
Logo de cara já é perceptível uma melhoria em relação ao beta: o jogo está legendado em português, o que ajuda bastante na hora de entender o contexto e decidir quais itens e habilidades vamos escolher ao longo da campanha. Porém, a história não é das mais atrativas, sendo explorada apenas em alguns diálogos e arquivos de áudio. Os personagens também são pouco desenvolvidos, deixando o foco quase que exclusivamente no combate.

Escolha sua personagem e planeje sua aventura

Assim como no beta, Trinity Fusion manteve sua base roguelike. Em cada incursão, podemos escolher uma das contrapartes de Maya para enfrentar diversos inimigos até encontrar a Lente, um objeto que permitirá que os universos se fundam e evite sua destruição.
As três protagonistas funcionam de maneira semelhante: elas possuem uma arma principal aleatória, que varia entre foices, espadas, lâminas duplas e uma espécie de luva elemental, e habilidades de esquiva e salto duplo. A diferença entre elas se dá pela arma secundária: Altara solta magias; Kera utiliza armas pesadas; e Naira, armas de fogo.
O combate é bastante dinâmico e divertido. Graças à agilidade das personagens, podemos explorar os cenários rapidamente e derrotar os inimigos com poucos ataques. Alternar entre as armas disponíveis também é simples de fazer e traz uma dinâmica prazerosa às partidas. Para complementar, há muitas habilidades aleatórias que podemos encontrar que moldam a jogabilidade ao nosso gosto, como regeneração de vida, criação de escudos ou espalhar armadilhas pelo cenário.
Uma mecânica muito interessante presente em Trinity Fusion é a possibilidade de fundir duas protagonistas ao custo de algumas moedas. Após a fusão, ganhamos a opção de utilizar mais uma arma secundária, o que modifica a dinâmica do jogo. Por exemplo: combinando Altara com Kera, temos uma personagem capaz de soltar magias e utilizar armas pesadas.
Durante as partidas, coletamos moedas especiais que, ao morrermos, podemos aplicar em compras de melhorias para as personagens, como aumento de vida, melhoria em dano crítico ou ganhar uma vida extra. Como esperado, depois de algumas partidas nosso desempenho vai sendo aprimorado e nossa capacidade de coletar mais recursos vai aumentando.
Outra característica de roguelike são as fases geradas proceduralmente. O maior problema nesse caso é a falta de comprometimento do level design, criando mundos genéricos e sem sentido. Sua estrutura é feita através de blocos interligados, mas a variedade é tão baixa que com poucos minutos de gameplay já temos aquela sensação de repetição.
A duração curta da campanha pode atenuar um pouco esse problema, visto que a dificuldade não é tão elevada para quem tem experiência com o gênero. O grande desafio fica por conta dos chefes que enfrentamos em arenas fechadas e possuem padrões de ataques repetitivos. Sabendo ler esses padrões, o jogo se torna um exercício de paciência.

Seu potencial se mostrou verdadeiro

Após jogar o beta de Trinity Fusion, passei a ter uma expectativa bem definida, que se mostrou verdadeira. O jogo utiliza o básico do roguelike para criar uma aventura divertida e dinâmica, com um combate ágil e uma variedade considerável de armas e habilidades. Ele não inova, longe disso, e deixa a desejar em relação à estrutura de suas fases, mas a experiência se mostrou muito agradável aos fãs do gênero.

Prós

  • Há uma boa variedade de armas e habilidades para serem equipadas;
  • Cada protagonista possui uma arma única que modifica a jogabilidade;
  • A mecânica de fusão é interessante e dá uma variedade maior ao combate;
  • A localização para português está bem-feita.

Contras

  • O level design é limitado graças à pouca variedade de salas para construção das fases;
  • As protagonistas poderiam ter mais diferenças do que apenas as armas secundárias.
Trinity Fusion — PS5/PS4/XSX/XBO/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC

Análise feita por Gustavo Souza

Fonte: GameBlast

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