Médicos de Parnamirim publicam carta aberta denunciando problemas na saúde do município

Nesta semana os médicos da Prefeitura de Parnamirim publicaram uma Carta Aberta aberta denunciando vários problemas na saúde do município, dentre eles: condições precárias de trabalho, ambiente inadequado e falta de insumos.

Nos últimos meses, representantes dos médicos do município vêm tentando contato com a Prefeitura de Parnamirim, a fim de negociar melhores salários e condições de trabalho, visto que há 10 anos não houve qualquer  reajuste salarial, mesmo diante do aumento anual do salário mínimo e do custo de vida. Na carta os profissionais falam que, Por diversas vezes, o prefeito Rosano Taveira agendou encontros com os médicos e não compareceu ou desmarcou de última hora. Além disso, em outras várias ocasiões descumpriu promessas feitas através de acordos formais com o Sindicato dos Médicos.

Também denunciam que, mesmo diante desse cenário caótico, a gestão pública continua incentivando seus profissionais a largarem suas escalas e pedirem demissão, ao invés de negociar melhores salários e condições de trabalho.

Em nota divulgada no Diário Oficial de Parnamirim no dia 14 de novembro, foram suspensos férias, licenças prêmios, pagamento de verbas rescisórias, concessão de novas gratificações e quaisquer outras medidas que, mesmo sendo direito do servidor público, impliquem em aumento das despesas públicas. Também foram suspensas as nomeações de novos servidores da saúde (mesmo com inúmeras exonerações do quadro de efetivos.

 

Procurado pela reportagem, a Assessoria de Comunicação de Parnamirim disse que está resolvendo todas as questões com o Sindicato e buscando, o mais breve possível, um acordo para melhorar a situação da saúde do Município.

Confira a Carta Aberta na íntegra

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO DE PARNAMIRIM SOBRE O DESCASO COM A SAÚDE DO MUNICÍPIO

Nós, médicos concursados do município de Parnamirim, vimos através desta carta, expor as condições precárias em que a equipe médica vem trabalhando nos ambientes de saúde nos últimos anos.

Dia após dia observamos a gestão pública municipal mais descompromissada com seus profissionais da área de saúde e hospitais. Por diversas vezes enfrentamos sérias dificuldades com falta de insumos básicos, como fios de sutura para cesáreas na Maternidade do Divino Amor. Apesar disso, continuamos trabalhando com dedicação à população, mesmo com tantos entraves estruturais e a permanente falta de materiais.

Nos últimos meses, a equipe médica vem tentando contato com a Prefeitura de Parnamirim, a fim de negociar melhores salários e condições de trabalho, visto que estamos há 10 anos sem quaisquer  reajustes salariais, mesmo diante do aumento anual do salário mínimo e do custo de vida.  Por diversas vezes o prefeito Rosano Taveira da Cunha agendou encontros com os médicos e não compareceu ou desmarcou de última hora, fazendo com que desmarcássemos compromissos profissionais e pessoais. Além disso, em outras várias ocasiões descumpriu promessas feitas através de acordos formais com o Sindicato dos Médicos, demonstrando completo descaso com as demandas apresentadas.

Deste modo, diante do fracasso de todas as demais tentativas, decidimos expor em carta aberta toda a situação vivenciada pelos profissionais, tais como assédios, desgaste laboral, carga excessiva, estresse psicológico, inconsistências, etc. Temos percebido uma forte inclinação da gestão em incentivar as exonerações dos profissionais concursados, tanto que vários já pediram demissão, em razão das péssimas condições de trabalho e dos baixos salários. A equipe médica de saúde está escasseando e isso impacta diretamente na qualidade do serviço oferecido pelos hospitais, ambulatórios e UPAS. Na maternidade já tivemos falta de equipe de obstetrícia, levando pediatras e anestesistas a fazerem partos sem que tenham qualificação para isso. Inúmeras são as UPAS que tem clínicos gerais atendendo pediatria.

Mesmo diante desse cenário caótico, a gestão pública continua incentivando seus profissionais a largarem suas escalas e pedirem demissão, ao invés de negociar melhores salários e condições de trabalho.

Em última nota divulgada no Diário Oficial de Parnamirim no dia 14 de novembro, foram suspensos férias, licenças prêmios, pagamento de verbas rescisórias, concessão de novas gratificações e quaisquer outras medidas que, mesmo sendo direito do servidor público, impliquem em aumento das despesas públicas. Também foram suspensas as nomeações de novos servidores da saúde (mesmo com inúmeras exonerações do quadro de efetivos.  Vale ressaltar que bem ao contrário, não faltam verbas para os cargos de chefia e assessoramento da gestão municipal.

Há um descaso escancarado com a população e com os servidores. Apenas cargos de chefia mantém seus privilégios, enquanto os profissionais concursados podem pedir exoneração em massa para reduzir os GASTOS COM SAÚDE PÚBLICA (como se lê na própria publicação: fica determinada a realização de estudo pela Secretaria Municipal de Planejamento e Finanças para a implantação de um programa de ESTÍMULO AO PEDIDO DE EXONERAÇÃO).

Que fique claro para a população que nós, médicos do município, NÃO QUEREMOS  NOS EXONERAR DE NOSSOS CARGOS. Queremos apenas melhores salários, justas condições de trabalho, parametrização dos serviços (pois muitos estão trabalhando com cargas horárias desorganizadas desde a implantação de ponto eletrônico), direito a férias, licenças devidas e todos os nossos direitos. Em pleno ano de 2023, diante de tantos esforços da maternidade para ser um Hospital Amigo da Criança (já que ganha mais verbas com isso), nem mesmo as servidoras tem direito a 6 meses de licença maternidade. Diversos são os momentos de assédio sofridos pelos profissionais pela parte dos gestores, com falta de insumos, medicamentos, fototerapia, etc.

Que fique claro também que quando os profissionais se exoneram e saem da escala de plantão, uma cooperativa médica assume e manda os profissionais para cobrir a equipe médica desfalcada (por vezes até médicos residentes que ainda não terminaram sua formação). Porém até mesmo esses profissionais, mesmo ganhando o dobro do que um médico efetivo (concursado) ganha, estão desgastados com o serviço porque também sofrem com os assédios e deficiências estruturais, além de estarem também com o salário atrasado há meses por falta de repasses da prefeitura.

Em suma, a situação da saúde do Município de Parnamirim é grave, por isso usamos essa carta como verdadeiro pedido de socorro! Se estamos há 10 anos com salários congelados, cooperativas medicas com atraso de mais de 3 meses por falta de repasses da prefeitura e com falta de insumos constantes nos serviços  de saúde, PARA ONDE ESTÁ INDO O DINHEIRO?

 

QUEREMOS SER OUVIDOS OU USAREMOS DE NOSSO DIREITO DE GREVE!

 

MÉDICOS DE PARNAMIRIM,

 

NOVEMBRO, 2023

Imagens: Sindicato dos Médicos

Fonte: Sinmed RN

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