Para assistir a espetáculos teatrais, logo pensamos na visão como o meio primordial. Porém, a arte do teatro pode ser acessada por todos, inclusive aqueles que não veem. Pensando em permitir a inclusão para esse público, o projeto de extensão O que os olhos não veem: a cena pelo avesso e pelo verso propõe articular, principalmente à formação profissional de futuros professores, a acessibilidade cultural de pessoas com deficiência visual, explorando as possibilidades do teatro sensorial e da audiodescrição. A atividade pertence ao Departamento de Práticas Educacionais e Currículo (DPEC/UFRN), com a coordenação do professor Jefferson Fernandes.
Desde 2014, os membros do projeto articulam meios de produzir peças teatrais com recursos de audiodescrição e exploração tátil. Atualmente, os extensionistas se encontram às quartas-feiras para momentos de oficinas, jogos centrados na multissensorialidade e ensaios dos espetáculos SonhAlice, dirigido por Joelma Ferreira, como parte do seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, e Saudade, com direção de Kely Juliana, estudante de Teatro. Durante os encontros, os universitários desenvolvem técnicas e melhores práticas ao utilizar os meios de acessibilidade visuais.
As peças teatrais foram montadas com o objetivo de oportunizar ao espectador a experiência do teatro sem visão. A partir disso, os participantes têm a oportunidade de refletir sobre arte e deficiência e as diferentes formas de enxergar o mundo. Nas apresentações, os espectadores são vendados, e as cenas são descritas nos momentos de silêncio da peça. Por vezes, os personagens interagem com o público, fazendo-o tocar em algum objeto que seja parte da cena. Dessa forma, as pessoas imaginam o ambiente e criam as próprias interpretações do espetáculo. Ao final, os alunos descrevem os personagens, figurinos, a aparência dos atores e os créditos da obra.
A estudante do curso Licenciatura em Teatro Adriele Silva é uma das integrantes e teve contato com a experiência multissensorial antes mesmo da universidade. Durante a pandemia, a aluna encontrou no projeto refúgio e oportunidades de transformação. “O projeto não apenas me proporcionou um espaço criativo, mas também me instigou a buscar mais conhecimento e aprofundar minha compreensão da arte em todas as suas formas. O projeto me capacitou a abraçar a artista dentro de mim, e, agora, estou ansiosa para continuar essa jornada, explorando novos horizontes”, destaca a extensionista.
Imagens: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN