Alunas da UFRN recebem treinamento para Telescópio Cherenkov Array

CTA Montage Twilight Low Res

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Uma colaboração entre os grupos de Física de Partículas e Astropartículas do Instituto Internacional de Física da UFRN (IIF-UFRN) e o Grupo de Astrofísica e Astropartículas da Universidade de São Paulo — Campus de São Carlos (USP) — abriu as portas para um passo significativo na pesquisa de duas estudantes da UFRN sobre a detecção de raios gama de alta energia.

Letícia Valença Guedes e Lucía Correa Angel, respectivamente estudantes de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Física da UFRN, estão recebendo treinamento em São Paulo para utilizarem os dados coletados pelo Conjunto de Telescópios Cherenkov (CTA na sigla em inglês). Este é um projeto multinacional de grande escala que investiga a origem da matéria escura, a forma de matéria mais abundante do universo e que não possui uma explicação científica para sua origem e composição.

O grupo de telescópios integra uma iniciativa que reúne dezenas de países para construir uma nova geração de instrumentos de raios gama baseados em terra, destinados a estudar a faixa de energia que se estende de algumas dezenas de GeV a cerca de 300 TeV. A UFRN é a única instituição no Norte-Nordeste envolvida nessa colaboração.

A parceria tem como objetivo a troca de conhecimento entre os grupos de São Carlos e Natal. O Grupo de Astrofísica e Astropartículas da USP é reconhecido por sua qualificação e vasta experiência na detecção de raios cósmicos e raios gama usando telescópios terrestres. Os grupos se uniram para aliar a experiência de análise de dados de telescópios do grupo de São Carlos com a especialidade do grupo em Natal relacionada à busca por matéria escura.

A equipe, baseada em São Carlos, tem um foco especial na astrofísica computacional, o que complementa, de maneira valiosa, o trabalho realizado em Natal. Por outro lado, os pesquisadores em Natal, coordenados pelo professor Farinaldo Queiroz, do IIF/UFRN, concentram-se na física de partículas em si, incluindo a construção de modelos de matéria escura e outros estudos nessa área. A colaboração entre esses grupos permite uma sinergia única, em que o conhecimento e as ferramentas podem ser compartilhados para avançar em várias frentes de pesquisa.

Segundo as estudantes, os raios gama são uma forma de radiação eletromagnética de altas energias que desempenham um papel fundamental na astrofísica. Corpos celestes como Supernovas e Blazares estão entre os objetos astrofísicos que são fontes de raios gama — fenômenos produzidos quando partículas cósmicas altamente energéticas interagem com campos magnéticos fótons ou outras partículas no espaço, o que permite que os cientistas possam detectá-los.

“Além de enriquecer nosso conhecimento sobre esses objetos e o Universo na totalidade, os raios gama também são cruciais na busca por matéria escura, uma partícula misteriosa que se acredita ser uma componente fundamental do universo, mas que ainda não foi detectada diretamente”, complementa Letícia Guedes.

O CTA se destaca como um instrumento notável nessa pesquisa. Ele oferece melhor resolução angular e é entre cinco e dez vezes mais sensível do que qualquer outro instrumento já criado para a detecção de raios gama. Com mais de 60 telescópios distribuídos nos hemisférios norte e sul, o CTA representa um avanço significativo na capacidade de investigar e entender os raios gama de alta energia e, consequentemente, a natureza da matéria escura.

As alunas afirmam que a parceria entre UFRN e USP-São Carlos promete contribuições valiosas para a pesquisa em física de partículas, astrofísica e a busca por respostas para alguns dos maiores mistérios do universo. A troca de conhecimento e o trabalho conjunto de pesquisadores e estudantes oferecem uma perspectiva para o avanço da ciência e a compreensão do cosmos.

“Esperamos um futuro muito produtivo para essa colaboração, mas, por enquanto, os planos em curto prazo envolvem aguardar a conclusão da construção do CTA e a coleta de dados para que possamos começar a trabalhar com eles. Quanto ao papel da colaboração na pesquisa brasileira, certamente trará muita notoriedade aos grupos locais. Esperamos também que, com o reconhecimento, haja mais investimento e apoio para a pesquisa, não apenas em física, mas na ciência em geral. O Brasil possui muitos cientistas extremamente competentes e capacitados, o que precisamos para o país é valorização e investimento em ciência” finaliza Lucía Angel.

Imagem: Wikipedia

Fonte: Agecom/UFRN

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