‘Exorcista: o devoto’ promete muito e entrega pouco

O novo capítulo da franquia, Exorcista, de codinome O Devoto, chega aos cinemas brasileiros nesta na quinta-feira (12), sob direção de David Gordon Greem, com roteiro de Peter Sattler e David Greem, para contar a história de Ângela e Kathrene, duas amigas possuídas pelo demônio.

Primeiro uma nota sobre o diretor David Gordon Green, por conta do recente histórico com franquia. Isso porque, ele foi responsável pela nova trilogia de Halloween, iniciada em 2018 e finalizada em 2022. A observação é por conta das notas e críticas sobre os dois últimos filmes lançados de Halloween, considerados ruins pelas decisões narrativas escolhidas pelo diretor para finalizar o personagem de Michael Mayer no cinema.

Dito isso, é importante lembrar que o clássico O Exorcista de 1973, dirigido por William Friedkin, responsável por revolucionar o gênero de terror no cinema, é a fonte de onde o Devoto tira suas principais referências. Agora, se ele consegue executar de forma magistral essa proposta do universo compartilhado, é outro assunto.

No elenco há nomes como Leslie Odom, Ellen Bustyn, Olivia O’Neil, Lidya Jewett, Ano Dowd, Jennifer Nesttles, sob a direção de David Gordon Green. Enquanto a trama, traz duas famílias que decidem confrontar o mal depois que as amigas, Ângela e Katherine, somem da escola por três dias, e quando retornam, não lembram de nada e ainda apresentam comportamentos estranhos. Preocupados, as famílias são obrigando a procurar ajuda religiosa para combater o mal das jovens.

O roteiro junto a direção do filme tomou algumas decisões controversas sobre tudo que foi construído ao longo dos anos, sobretudo, no clássico de 1973. Aqui, é estabelecido que qualquer religião pode combater o mal, isso não é errado, já que para cada bem existe seu mal. Porém, alegar que basta a pessoa possuir fé é o suficiente para esse enfrentamento contra as potestades do inferno não é tão visionário.

Em outras palavras, o filme abre um leque de possibilidades ao colocar essa informação na trama, ao mesmo que, descarta a clássica briga entre entidade demoníaca com padres da igreja católica, como acontece na maior parte das produções desse gênero.

Outra coisa que pode confundir o público é o nome Devoto, porque não há apenas um, são vários, de religiões e denominações diferentes, todos agindo em conjunto para enfrentar o mal, então o certo seria Os Devotos, no plural, não no singular.

Além disso, uma declaração da personagem Chris MacNeil, conhecida como mãe da menina Regan, a adolescente possuída no clássico Exorcista. Reescreve o final do filme de 1973, ao separa mãe e filha depois de toda a experiência delas, ainda colocar uma desculpa qualquer para justificar esse afastamento. Além disso, a personagem é colocada como muleta em todas as cenas onde precisa interagir, como se tivesse ali para fazer fanservice, colocada somente para inchar a trama e sofre um ataque gratuito.

Sendo sincero, outra coisa jogada de forma gratuita é a dupla possessão, porque caso fosse estabelecido uma coerência em relação a história, faria total sentido haver duas possuídas, principalmente pelo tempo de tela não ser igualitário. Mas no saldo final, é apenas uma gratuidade sob alegação do demônio não fazer acepção de pessoas para possuir.

Isso porque enquanto o pai de Ângela é cético em acreditar em Deus por conta da perda precoce da esposa, os pais de Katherine, são extremamente religiosos. E o filme evidencia isso para construir a ponte final do terceiro ato, onde todos os presentes durante o quase exorcismo, precisam crer para poder colocar fim ao sofrimento das garotas.

E apesar de lento, a narrativa tem contornos estabelecidos a partir de ideias novas, colocadas aqui como revolucionárias. Abandonado parte dos clichês como sustos gratuitos, possessão com festival de contorcionismo, demônio fofoqueiro explanado de segredo com atitudes profanas. Tudo indica que, essa nova linha narrativa vai seguir algo completamente fora dos padrões.

Mas, diante de uma identidade visual semelhante a outros do gênero, e com o nome de Exorcista, era esperado uma produção no mínimo, aos moldes do clássico, tanto em referência quanto em inovação. Com isso, a conclusão mais coerente é corta qualquer relação com o clássico de 1973, porque de fato, não há semelhanças entre as produções em nenhum sentido, nem nas características mais simples é possível lembrar de O Exorcista. Resta apenas observar o desenrolar dessa nova saga iniciada a partir de Exorcista-Devoto. O filme estreia no dia 12 em todos os cinemas do Brasil.

Fonte: O Barquinho Cultural

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