Comércio fatura até 80% menos com interdições nos arredores da ponte

Segundo o DNIT, interdições na Ponte de Igapó devem durar cerca de 18 meses. Obras vão reforçar a estrutura da ponte - Foto: Magnus Nascimento

A continuidade nas obras da Ponte de Igapó, que dá acesso à zona Norte de Natal, está deixando comerciantes e empresários preocupados com o futuro. A informação de que o Dnit vai manter a interdição de um dos lados da ponte, após meses de interdição da avenida Felizardo Moura, e reter o fluxo pegou empresários de surpresa.

“Estamos literalmente sobrevivendo”, reclama um dos comerciantes, que aponta que o faturamento com as obras caiu de 50 a 80% nos últimos meses. Aliado a isso, o Dnit cancelou a participação em um evento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RN) para apresentar os detalhes da obra, que já tem canteiro sendo instalado.

A reclamação dos comerciantes é de que a interdição prejudica o fluxo de veículos, que acaba sendo deslocado para a Ponte Newton Navarro, o que faz com que os clientes escolham outras empresas para fechar negócios, consequentemente prejudicando os comércios da avenida Tomaz Landim, na zona Norte. Na subida da avenida, logo após a ponte, pelo menos quatro empreendimentos fecharam as portas.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal (CDL/Natal), José Lucena, disse que ”o comércio sente a queda no fluxo”. Para Lucena, pode ter faltado “comunicação” entre os poderes para execução da obra da Felizardo Moura e a recuperação da ponte de forma simultânea. “Acho que faltou comunicação entre os órgãos. A população ficou prejudicada. Se fosse algo sincronizado, talvez a população tivesse sofrido menos”, aponta.

“O comércio sente muito porque o ir e vir fica prejudicado. Com essas interdições, o comércio fica isolado e a população da zona Norte acaba sofrendo também. Tenho loja na zona Norte e estou sentindo queda de fluxo na minha loja”, acrescentou. Para Cleverson Cruz, 40 anos, gerente da Ponto Certo Multimarcas Natal, loja de veículos seminovos, a margem de lucro do seu empreendimento “está praticamente zero” com as mudanças recentes.

“Sempre soubemos que seria um mal necessário. Passamos por um momento delicado no início, quando fechou de vez. Outros comerciantes saíram e foram para outro lado porque não tinham condições nem de pagar aluguel”, explica. “Estamos sobrevivendo. A margem de lucro que se tinha nos carros precisou ser reduzida para tentar atrair o cliente, porque ele precisa dar um “balão” gigante para chegar até aqui”, aponta.

O gerente da Decore Piscinas, Jefferson Bertuleza, 30 anos, aponta que o faturamento na sua empresa também caiu consideravelmente e cita que a maioria dos seus atendimentos estão advindos das redes sociais.

“É o descaso que sofremos por conta dos três poderes, a má gestão e falta de comunicação entre eles. Vamos ter que arcar com pelo menos mais um ano de prejuízo. As lojas ao lado fecharam. Estamos firmes aqui porque temos vendas nas redes sociais, mas o faturamento caiu pela metade. As visitas na loja caíram 100%”, lamenta.

“Está impactando e muito com essa obra. O movimento caiu cerca de 80%, tanto que alguns prédios ao lado foram entregues. Quando estávamos pensando que iria terminar, vem essa outra obra para atrapalhar a vida do pessoal da zona Norte. Estou pensando seriamente em fechar as portas, porque acho que não aguento mais um ano. Essa obra deveria ser simultânea junto da outra”, cobra Willame Tavares, 57 anos, dono de uma oficina de motos.

Os serviços de restauração na Ponte de Igapó devem durar 18 meses . Os recursos são da ordem de R$ 20,8 milhões. A instalação do canteiro de obras começou no último dia 12 de setembro. O órgão explicou que os bloqueios atuais, no sentido Igapó/Centro, devem durar cerca de 12 meses e deve ser seguidos de outros seis meses de interdição no sentido contrário. As obras previstas para ambas as pontes compreendem a restauração da estrutura.

Dnit cancela ida ao Crea para explicar obra

Representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) cancelaram a ida num evento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RN) para explicar as obras na Ponte de Igapó.

Segundo o Crea, o DNIT informou problemas de agenda. “Todavia, nos comprometemos a responder por escrito a todos os questionamentos desse Conselho, ou agendarmos uma apresentação para uma outra data”, diz a nota do Dnit enviada ao Crea. Segundo o DNIT, compromissos fora do Estado impediram o comparecimento.

“Foi uma surpresa para nós esse cancelamento. O DNIT perdeu uma oportunidade de esclarecer, não só a nós engenheiros, mas aos cidadãos que estão sem informações sobre a execução desse importante equipamento público”, disse o presidente em exercício do Crea-RN, Jorian Alves de Morais.

Crédito da Foto: Magnus Nascimento

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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