CREA cobra explicações do DNIT sobre a Ponte de Igapó

Foto: Alex Régis

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A falta de informações acerca da interdição da Ponte de Igapó fez com que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (CREA/RN) resolvesse pedir explicações ao DNIT. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Natal (93,5 FM), nesta terça-feira, o presidente do CREA, Jorian Morais, disse que solicitou uma reunião com o DNIT para que ocorra o detalhamento sobre as obras e o cronograma de atividades. A Ponte foi parcialmente interditada nesta terça-feira (12).

Segundo Morais, não houve ainda respostas sobre a solicitação. O presidente argumentou que é necessário que a sociedade conheça e debata o que será feito na ponte de Igapó, já que o anúncio da obra na região ocorre no momento em que as intervenções na Felizardo Moura estão em fase final e não houve uma consonância na realização das intervenções de engenharia.

O CREA já havia se posicionado sobre a situação da ponte de Igapó após a explosão que ocorreu em março deste ano. À ocasião, a análise do Conselho sobre a situação do equipamento depois da explosão identificou que o artefato provocou danos à estrutura e que o fluxo intenso de veículos não era aconselhável. “Colocamos para o DNIT que precisava fazer um laudo para apontar quais eram os danos daquela explosão e, através desse laudo, visse o que era necessário fazer para poder repor”, disse Morais durante a entrevista.

De acordo com o presidente do CREA, em junho, o laudo foi apresentado ao DNIT e o órgão federal disse que não tinha nenhum comprometimento da estrutura. Com isso, a STTU liberou o tráfego normal de veículos após o fim das obras da primeira etapa da Felizardo Moura. Porém, o DNIT elaborou, posteriormente, um laudo e demonstrou que seria necessário fazer a manutenção. “A decisão de recuperar não surpreendeu porque vimos a gravidade, mas respaldou o que o conselho observou. Cabe a cada órgão fazer um plano de manutenção”, explicou Jorian Morais.

A manutenção da ponte de Igapó, inclusive, já é alvo de questionamentos e cobranças por parte do CREA há mais tempo. Segundo Morais, em maio do ano passado o Conselho havia solicitado o plano, que não foi repassado. “Faltou a manutenção e essa tem que ser preventiva. É mais barato ser proativo do que reativo”, analisou.

Segundo o CREA, aproximadamente 70 mil veículos passam diariamente no local e o transtorno com a interdição será significativo. “Ninguém imagina aquela ponte interditada por 12 meses. Cabe à engenharia planejar para se fazer a obra interditando uma das faixas, se for possível. É planejamento e que não seja interditada por tanto tempo as duas faixas”, disse Jorian Morais.

Bloqueio deve durar 12 meses, segundo o DNIT
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) interditou parcialmente a Ponte de Igapó na tarde desta terça-feira (12) para obras de manutenção no equipamento. O bloqueio deve durar 12 meses e estava previsto para acontecer, inicialmente, na manhã da segunda-feira (11), conforme anunciado pelo órgão federal, o que não ocorreu. Segundo o DNIT, o fechamento, que acontece no sentido zona Norte/Centro, “é necessário para os serviços de reabilitação das pontes sobre o rio Potengi”. Com isso, o lado oposto (centro/zona Norte) passou a funcionar com faixa dupla. A autarquia não deu detalhes de quais intervenções irão ocorrer no local.

Em março deste ano, a ponte foi alvo de uma explosão criminosa durante ataques coordenados que se espalharam por todo o Estado. Um artefato (um recipiente com pólvora prensada, similar a fogos de artifício, segundo a PM) foi detonado em uma viga do trecho interditado nesta terça pelo DNIT. Em nota, o órgão afirmou que a estrutura da ponte não foi comprometida pelo explosivo e disse não haver risco de colapso. O local estava bloqueado em razão das obras de requalificação da Avenida Felizardo Moura, que fica em um dos acessos à ponte. No dia 1º de julho, com o fim da primeira etapa das obras da Felizardo, o trecho liberado para o fluxo de veículos.

Antes disso, em junho, o órgão federal divulgou que seria realizada uma obra de restauração, cujo projeto estava em elaboração. O investimento total, conforme divulgado, seria de R$ 21,8 milhões destinados à restauração de toda a extensão das duas pontes (nos dois sentidos). A execução dos serviços, segundo o DNIT, estava prevista para ocorrer dentro da vigência do contrato, com prazo final em agosto de 2024. Não foi informado, no entanto, quando a obra deveria começar.

A TRIBUNA DO NORTE procurou a autarquia federal desde a segunda-feira passada para saber o detalhamento das obras que causaram a nova interdição, mas o DNIT não respondeu a nenhum dos questionamentos feitos pela reportagem. Sem maiores informações sobre o que irá ocorrer daqui para a frente, os motoristas que trafegam pela região temem os impactos da nova interdição. Os relatos de estresse por parte de quem precisa circular pelo local, devem se intensificar, segundo Francisco Pereira. “Tem que rever a interdição. Eu acho que vai afetar toda a zona Norte e piorar ainda mais nossa situação. E para quem tem caminhão, como eu, é bem pior”, disse o motorista ao passar pela ponte na manhã de terça-feira, antes do fechamento.

Bruno Sales, que é motorista por aplicativo, também não está nada satisfeito com o bloqueio. “Uma nova interdição vai ser muito prejudicial, porque a gente tem que dar a volta pela Ponte Nova. Tem a questão do selo para tráfego aqui na Ponte de Igapó, que a gente não sabe como vai ser agora. Se acontecer como da outra vez, para mim vai ser complicado, porque não consegui esse selo. Por essas dificuldades, venho menos para a zona Norte”, avalia.

Já Edvaldo Pinheiro reconhece que a interdição vai continuar gerando transtornos aos motoristas, mas, na opinião dele, os benefícios podem compensar. “Se for para ter melhorias como aconteceu com as obras na Felizardo, a gente até entende, porque tem que ser assim. Não dá para fazer muita coisa. Estou de acordo [com o fechamento parcial da ponte]”, afirma.

Crédito da Foto: Alex Régis

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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