Próximo a dois cartões postais de Natal, a Ponte Newton Navarro e o Forte dos Reis Magos, é de se esperar que a praia da Redinha estivesse com um grande movimento de banhistas. Mas o cenário da praia na Zona Norte da capital potiguar hoje é diferente, já que os vendedores ambulantes alegam que estão sendo impedidos de trabalhar na faixa de areia. Houve dois protestos na Ponte Newton Navarro nos últimos dias.
Na parte acima, contam-se nos dedos os ambulantes com carrinhos de bebidas e petiscos, parados sem nenhuma expectativa de venda. Comerciantes e vendedores ambulantes buscam sustento com barracas na faixa de areia, mas não conseguem montá-las. Na praia, está em andamento a construção do Complexo Turístico da Redinha, coordenada pela Prefeitura do Natal.
Leonardo Trindade diz ser um dos trabalhadores afetados. Antigo garçom do quiosque 19, o homem se viu em uma situação complicada após a perda do emprego – já que 20 quiosques foram derrubados para o andamento do complexo. O ambulante conta que trabalha na praia há cinco anos, porém, tem presenciado a retirada dos trabalhadores informais pela polícia.
“Estamos aqui sem trabalho. Vou ser pai agora e estou aqui [na praia] e eles vêm tirar as barracas, com arma na mão. O que trabalhamos nos últimos dias, não deu para ganhar nada. Não estão deixando colocar um guarda-sol na praia. Imagina chegar na praia, querer sentar em uma barraca, comer e não ter. Vai sentar na areia?”, lamentou.
Júlio Merege também é um dos ambulantes da região. Ele diz não entender o motivo de haver quiosques e barracas nas outras praias da cidade, mas não poder trabalhar na Redinha. “As pessoas da Zona Norte vêm todas para cá. Quando quer vir no horário de lazer, encontra esse abandono, com a polícia armada intimidando as pessoas. Quando saíram os quiosques, veio essa situação de não deixar as mesas na praia. Eles estão mexendo com esse pessoal e mandam retirar.”
O que diz a Prefeitura sobre a Redinha
A Prefeitura do Natal tem atuado em ponto base de monitoramento na Praia da Redinha, desde a última quinta-feira 7, para evitar ocupações na faixa de areia com a instalação de mesas, cadeiras e guarda-sóis durante as obras de requalificação promovidas no local. A operação conjunta está sendo realizada por equipes da fiscalização ambiental da secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Guarda Municipal e Polícia Militar. A medida é resultante do cumprimento de acordo firmado no âmbito da Justiça Federal.
A ação é para garantir a segurança aos trabalhadores e usuários da praia, haja vista a necessidade de isolamento da faixa de areia durante as próximas etapas da obra de requalificação, segundo a gestão municipal.
Além disso, qualquer exploração na faixa de areia depende da aprovação do Plano de Uso Provisório, que será apresentado pela Semurb, na próxima audiência com os comerciantes.
Quiosques na Redinha
Já a situação dos quiosqueiros é diferente dos ambulantes. Com a construção do Complexo Turístico da Redinha, 20 quiosques foram retirados da praia. Com isso, a situação foi alvo de discussão entre os donos dos estabelecimentos e a Prefeitura do Natal. Após reuniões, foi acordado entre ambas as partes o valor de R$ 50 mil em indenização para 10 quiosqueiros que aceitassem sair do local sem o possível retorno das atividades ao fim da obra e R$ 25 mil para aqueles o restante que deseja ser realocado ao final dos trabalhos, seja no complexo ou em outro local da cidade.
O secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Thiago Mesquita, concedeu entrevista ao Programa Jornal das Seis neste domingo 10 e comentou sobre os protestos que têm acontecido na Redinha em virtude da construção do novo complexo turístico. Segundo o titular da pasta, o município tem “cumprido rigorosamente” o acordo firmado em processo judicial que garante uma indenização a 20 quiosqueiros.
A Prefeitura alega que os valores superaram as previsões iniciais do Tribunal de Contas e que já foram integralmente pagos aos concessionários afetados. “Nós acordamos em pagar uma indenização para aqueles que estavam trabalhando. Eram 20 quiosques que foram derrubados para que a gente pudesse fazer essa urbanização. Tudo aquilo que era da parte do município foi cumprido rigorosamente. Essas pessoas receberam os valores. Nós já quitamos isso na questão judicial.”
Mesquita também destacou que, após dois anos de trâmites legais, surgiram recentemente novas reivindicações por parte de outras pessoas, que não faziam parte do processo inicial e que não foram mencionadas. Ele alega que há um aspecto político-partidário por trás dessas novas demandas, destinado a atrasar a conclusão das obras do complexo turístico.
“Para nossa surpresa, está havendo essa reivindicação de outras pessoas que não faziam parte do processo e que não foram citadas, inclusive parece que eram funcionários desses quiosqueiros que estavam na praia da Redinha”, disse o secretário.
Já o garçom Leonardo afirma que a Prefeitura havia prometido um curso para se trabalhar com hotelaria, mas nada foi cumprido até então. “O prefeito pensou que ia mexer só com os donos dos quiosques, mas existe o cozinheiro, o garçom, que ele prometeu um curso para hotelaria, mas até agora não resolveu nada”.
Imagens: José Aldenir
Fonte: Agora RN