Quando a Atari lançou a série Recharged, apostando no apelo nostálgico de remakes da marca, começou por clássicos consagrados do saudoso Atari 2600 que certamente têm um grande apelo com o público retrô que curtiu a segunda geração de consoles. Eis que agora ela surpreende com um título relativamente obscuro e exclusivo dos arcades: Quantum.
Gráficos vetoriais que impressionavam em 1982 |
Ao movimentar-se, você deixa um curto rastro que, ao formar figuras geométricas fechadas, transforma-se numa armadilha de curta duração que captura oponentes que forem cercados pelo traçado. Se o jogador tocar em uma das partículas, perde uma vida. O objetivo é sobreviver o maior tempo possível ou eliminar todos os inimigos.
Dando voltas nos consoles modernos
Quantum Recharged é uma versão reimaginada que mantém praticamente a mesma premissa do original. Para incrementar a jogabilidade, a versão moderna faz com que as armadilhas criadas pela nave suguem partículas próximas, como um buraco negro. Isso faz com que não seja obrigatório circular os oponentes, basta fazer as formas próximas o suficiente para tragá-los, possibilitando novas estratégias, como fazer barreiras.
Outra novidade são alguns power-ups que aparecem aleatoriamente no mapa. Esses itens podem conceder vantagens temporárias, como paralisar os inimigos por alguns segundos, conceder escudos ou até recuperar uma vida do jogador.
Os power-ups são muito básicos, poderia haver mais imaginação no desenvolvimento. |
No geral, o jogo me pareceu uma oportunidade perdida de apresentar para as novas gerações um obscuro clássico dos arcades que nunca foi trazido para os consoles. Os desenvolvedores poderiam ter ousado um pouco mais nos visuais e trazido elementos mais interessantes à jogabilidade.
Os power-ups são pouco inspirados e a jogabilidade é repetitiva e enjoativa, dando a impressão de que houve pouco esforço de desenvolvimento para lapidar o produto para audiências modernas, algo que Yar’s Recharged (Switch) fez com maestria. Acredito que variações nos power-ups e a inclusão de novos elementos (como armas ou novos tipos de nave) poderiam tornar a experiência mais interessante.
Controles piores
Em 1982 o arcade impressionava não só por seus gráficos rápidos e modernos, mas principalmente por possuir um controle em estilo trackball, que tornava a experiência bastante intuitiva, rápida e interessante. Na minha opinião, a jogabilidade não se adaptou bem para controles modernos.
Reprodução do arcade original. |
As alavancas analógicas atuais não oferecem o mesmo controle fino da trackball, necessário para que o pequeno cursor passe em alta velocidade entre os vãos das minúsculas partículas. No arcade original é possível girar rapidamente a bola com a palma da mão, fazendo movimentos circulares com mais rapidez e precisão do que é possível em uma pequena alavanca direcional analógica.
Também tive a oportunidade de jogar a versão de Quantum Recharged para o Atari VCS, console moderno oficial da Atari. A maioria dos jogos Recharged apresenta um diferencial de jogabilidade no hardware próprio da empresa, usando por exemplo a função paddle (controle giratório) presente no Atari Classic Controller. Infelizmente, no caso de Quantum Recharged, não percebi diferencial algum de jogabilidade em relação às versões para outras plataformas.
Cerque os oponentes ou faça com que sejam sugados pelas suas armadilhas. |
O jogo oferece dois modos de jogo: arcade e missões. No arcade são oferecidos três níveis de dificuldade: Homem de Ferro, em que você possui uma única vida; Extremo, que oferece três vidas iniciais mas uma quantidade maior de inimigos; ou Zen, com partidas de duração fixa de quatro minutos, em que a “morte” causa apenas o reset do bônus de combo. Nesse modo a pontuação é reduzida em 50% em relação aos demais.
Já no modo Missões o jogador é desafiado a cumprir requisitos como matar todos os oponentes em um limite de tempo, em um cenário pré-determinado. Assim como no modo Arcade, é possível comparar suas pontuações com jogadores do mundo todo. Por fim, como praxe na série Recharged, o jogo oferece um sistema de conquistas para acrescentar uma camada a mais de desafio.
O multiplayer online limita-se a comparar seu score com jogadores do mundo todo. |
Arte minimalista
A arte segue o padrão da família Recharged, com um estilo reimaginado retrofuturista com neons e lasers. Graficamente o jogo não impressiona, mas é agradável, seguindo um padrão muito minimalista, até mesmo para os padrões da série.
Falando em tradição, a trilha sonora também ficou a cargo da renomada Megan McDuffee, que compôs temas originais para Quantum Recharged, assim como o fez para todos os outros jogos da franquia. Quantum recebeu faixas originais muito boas e que fazem o jogador imergir no universo quântico, sendo esse um dos pontos fortes do game.
Quântica enjoativa
De toda a série de remakes da Atari, Quantum Recharged é o único jogo que, na minha opinião, é pior que seu título original. A versão reimaginada ousa pouquíssimo e dá a impressão de ter sido desenvolvida com o mínimo de esforço para entregar um produto minimamente diferenciado e é uma oportunidade perdida de trazer para as novas gerações um clássico que ficou exclusivo nos arcades.
Jogabilidade repetitiva que entedia rápido. |
Com jogabilidade excessivamente curta e enjoativa, Quantum Recharged cansa rápido e após alguns minutos o jogador vai querer largar os controles e partir para outra. Pode ser interessante para uma distração casual, mas a própria série Recharged tem opções mais divertidas para isso.
Prós
- Trilha sonora original e que combina muito bem com a ambientação;
- Mecânica simples de entender, boa para jogadores casuais.
Contras
- Inova pouco em relação ao original e tem controles piores;
- Não há modo multiplayer online;
- Jogabilidade repetitiva e enjoativa.
Quantum Recharged — Switch/XSX/PS5/XBO/PS4/PC/Atari VCS — Nota: 5.0Versões utilizadas para análise: Switch e Atari VCS
Análise feita por Maurício Katayama
Fonte: Nintendo Blast