A equipe do projeto de extensão Caravana Espacial participou da primeira edição da Space Week Nordeste, evento que reuniu pesquisadores e autoridades dos principais órgãos do setor aeroespacial nacional e internacional na Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Coordenadores, bolsistas e voluntários do projeto da UFRN assistiram a palestras, minicursos e oficinas conduzidas por profissionais da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa), além de pesquisadores de instituições renomadas no mercado aeroespacial.
Realizado durante sete dias, o evento se consagrou como importante meio de intercâmbio de ideias e rede de contato entre cientistas e profissionais das ciências espaciais para o desenvolvimento da região Nordeste do Brasil. Em um dos dias do evento, a equipe da Caravana levou uma parcela do público participante da Space Week para uma viagem ao espaço numa sessão do planetário Rubens de Azevedo. O local é referência mundial, sendo o mais moderno do Brasil e o terceiro melhor do mundo.
Para completar a missão Fortaleza, durante a extensão da Space Week, no fim de semana, a equipe da Caravana Espacial fez um grande show de divulgação científica aberto ao público em um dos principais shoppings da capital cearense.
A palestra realizada pelo coordenador do projeto, professor José Henrique Fernandes, atraiu dezenas de crianças e adultos que passavam pelo local e ficaram encantados com as demonstrações de conceitos físicos aplicados na indústria aeroespacial.
Além da participação no evento na capital, a Caravana esteve em mais três cidades da grande Fortaleza: Eusébio, Paramoti e Maranguape. A viagem de Natal ao estado vizinho trouxe como resultado a finalização de mais de um terço da meta do projeto, que é visitar 30 cidades do Nordeste, levando conhecimento científico aeroespacial de maneira acessível à população.
A Escola Estadual Professora Francisca Linhares, localizada no município de Eusébio, foi a primeira a receber o projeto no estado do Ceará. A equipe chegou à Instituição por volta das 9h da manhã e só saiu às 20h, quando alguns alunos conseguiram observar, por alguns minutos, o planeta Saturno e seus anéis, apesar de o céu estar nublado na região.
A observação do céu foi novidade para a escola e também para os bolsistas e coordenadores do Caravana Espacial, que realizaram a primeira noite de observações astronômicas, nomeada Ora direis ouvir estrelas, em homenagem ao poema de Olavo Bilac. E ao som das estrelas, os alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) tiveram a oportunidade de tirar dúvidas e ouvir algumas histórias sobre as constelações e planetas.
A possibilidade de diminuir a distância entre a Universidade e os estudantes da pequena Paramoti foi um dos objetivos que motivaram a equipe da UFRN a sair de Fortaleza e enfrentar mais duas horas de viagem até o município de pouco mais de 10 mil habitantes. Com um telescópio e alguns equipamentos, o grupo mostrou um pouco das tecnologias de foguetes e promoveu uma noite de observação do céu.
Sueli Feijó, professora de Filosofia na Escola Estadual Tomé Gomes dos Santos, não trabalha diretamente com a astronomia, mas sempre comentava nas aulas sobre os filósofos antigos que fizeram grandes descobertas apenas observando o espaço, por isso classificou a ida da comitiva da UFRN ao município de Paramoti como uma “experiência maravilhosa, porque todos puderam parar de observar só o aparelho celular para enxergar, também, as maravilhas do nosso céu”.
Foi o que também pensou o estudante de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE) Erivan Rodrigues, que é ex-aluno da E.E. Tomé Gomes. Ele foi à praça para prestigiar esse momento que ele acredita ser “uma experiência enriquecedora para eles [os estudantes] conhecerem um pouco do nosso espaço”. Para Erivan, uma iniciativa como essa deve ser levada à frente, para outras escolas, para que todo mundo tenha mais acesso ao estudo da astronomia.
Estudar o espaço é a vocação da pequena grande cientista Nicole Oliveira, de 10 anos de idade, que já descobriu mais de 40 asteroides e é reconhecida como a astrônoma mais jovem do mundo. Nicolinha, como é conhecida, tornou-se muito popular nas redes sociais, acumulando mais de 28 mil seguidores interessados em entender mais sobre temas ligados à Astronomia.
A menina é apaixonada pelo céu desde os dois anos de idade, quando pediu uma estrela de presente para os pais. Hoje ela faz palestras e motiva outras crianças a estudarem sobre planetas, asteroides e afins. Apesar da pouca idade, Nicole já coleciona vários cursos e premiações na área de estudo e por isso foi uma das palestrantes na Space Week, em que contou um pouco de suas descobertas e os sonhos para o futuro como engenheira aeroespacial da Nasa.
Por compartilhar dos mesmos ideais do Caravana Espacial, a jovem cientista foi presenteada pelos coordenadores do projeto com um foguete básico de demonstração.
Mas, diferentemente da Nicole, alguns jovens chegam ao ensino médio sem nunca ter visto um telescópio de perto, como é o caso da Lara Kaylane Santos Silva, estudante do ensino médio de Paramoti. Ela considerou “muito interessante a ideia de um pessoal de fora vir até aqui, isso torna a nossa cidade bastante valorizada”. Algo novo até mesmo para a diretora da escola que recepcionou a Caravana.
Rita Mara ficou muito grata por receber a equipe, pois a escola é carente de projetos que abordem a temática da astronomia. Portanto, esse “é um momento para despertar mais ainda a curiosidade dos alunos, para que eles tomem gosto por essa área, que é tão interessante”.
Em Maranguape, a equipe de Natal encontrou uma escola vocacionada para o desenvolvimento científico e tecnológico. Com aproximadamente 700 alunos de ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Escola Estadual Luiz Girão coleciona premiações da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) e da Jornada Cearense de Foguetes, além de estar em processo de busca por uma patente.
Apesar da estrutura simples do laboratório de ciências e poucos recursos, a escola também foi premiada na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia de 2019, pelo desenvolvimento de uma telha ecológica feita a partir da cera de carnaúba, e, agora, busca uma nova patente. O professor Eduardo Oyama, que coordena um grupo de iniciação científica na Instituição, está produzindo um conservante natural de alimentos feito com plantas nativas da região, em parceria com a estudante do terceiro ano ensino médio Gabriele Rodrigues.
Gabriele pensa em cursar a graduação em Artes Visuais ou Cinema, mas isso não a impediu de explorar o campo de pesquisa em Biologia e Engenharia. “A sala de aula às vezes é algo tão mecânico, que esse tipo de visita à escola faz com que novos horizontes se abram para os alunos. Coisas que eles nunca imaginaram acabam sendo colocadas em pauta. Eu mesma aprendi muitas coisas hoje”, afirmou a estudante, que criou o gosto pela ciência a partir de um projeto extracurricular como o Caravana.
A participação do projeto na Space Week foi uma forma de completar mais missões, mas também de trazer novas parcerias e agregar conhecimentos de astronomia para coordenadores e bolsistas, que puderam aproveitar a programação do evento e aprender mais sobre nanosatélites, construção de foguetes e outros diversos assuntos relacionados às tecnologias aeroespaciais.
Imagem de Capa: Jussara Félix
Fonte: Agecom/UFRN