“Nasci de novo”. É assim que Maria Lourdes Nogueira, de 60 anos, define o momento que passou na quarta-feira (12) quando o carro em que ela estava explodiu durante o abastecimento em um posto de combustíveis em Parnamirim, na Grande Natal.
Ela é uma das três vítimas da explosão. Maria Lourdes está internada na enfermaria do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde fica o Centro de Tratamento de Queimados do Rio Grande do Norte.
As outras duas vítimas foram a filha dela, Paloma Rayssa Nogueira Galdino, de 29 anos, e a amiga Rita Cortez Lopes, de 62. Ambas seguem na UTI.
“Minha filha foi uma heroína. Ela se sacrificou por todos nós, porque ela nos tirou para poder sair”, contou Maria Lourdes.
“Tive dificuldade para sair, as portas travadas, todas quatro. E ela veio, destravou e disse: ‘Abaixa e corre’. Ela voltou e destravou meu cinto. Eu não abaixei, eu levantei e saí no meio do fogo”, completou.
Lourdes, que contou a ajuda, foi a última a sair do veículo. A filha Paloma, que dirigia, saiu cerca de 15 segundos depois do fogo começar e Rita, que estava no banco traseiro, deixou o carro em seguida – nas imagens das câmeras de monitoramento, ela aparece com o cabelo pegando fogo.
“Temos três vitimas de queimaduras graves, a menor com cerca de 35% do corpo queimado, e as outras com mais de 50%. Elas tem queimaduras de segundo e terceiro grau”, explicou o diretor do Hospital Walfredo Gurgel, o cirurgião plástico Marco Almeida.
“Dentro do quadro delas, que é um quadro grave, elas estão estáveis e bem para situação e período que se encontram”.
As três mulheres viajavam para a cidade de Rafael Godeiro, no interior do RN, para um velório. O carro que explodiu era de Maria Lourdes e havia acabado de passar por uma revisão.
A explosão ocorre menos de um minuto depois do carro começar a ser abastecido no posto, com gasolina. O frentista que realizava o serviço saiu ileso, apesar do susto.
Frentistas e funcionários do posto aparecem atordoados após a explosão. Nesse momento, o primeiro que surge com um extintor é o dono de uma lanchonete que fica no posto.
“Na hora da explosão eu levantei a cabeça, vi que era fogo e disse: ‘Não, tenho que ir lá ver o que é e tentar ajudar”, contou.
Ele disse que costuma às 5h30 para comprar pão, mas exatamente no dia do acidente, atrasou. “Eu estou rouco de gritar, pedir ajuda”, falou.
‘Vamos sair juntas’
Distante da filha, que ainda segue na UTI, nesses dias, a maior vontade de Maria Lourdes é encontrá-la. Por enquanto, o contato tem sido feito por cartas, com ajuda das enfermeiras. Na mais recente, a filha mandou: “Mãe, você é tudo que eu tenho na vida. Te amo, fique bem. Eu estou bem, já já estarei aí”.
“Nenhuma hora eu saí de perto da minha filha. Estou aqui, mas sei que já já vão trazê-la para mim. Nós vamos sair, juntas. Vamos sair de mãos dadas, nós três [ela, a filha e a amiga]”, disse Lourdes..
“Vamos pedir a Deus que continue nos dando vitória pra sair dessa”, completou.
Imagens: Gustavo Brendo/ Reprodução
Fonte: G1 RN