Pesquisa da UFRN impulsiona busca por exoplanetas semelhantes à Terra

A cidade de Milazzo, na Itália, recebeu, entre o final de junho e o início de julho, um importante evento científico que reuniu pesquisadores de todo o mundo interessados na missão Plato (Planetary Transits and Oscillations of Stars). Um dos destaques desse encontro foi a apresentação do trabalho do estudante de doutorado João Aires, do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sobre a calibração de idades de estrelas análogas solares para referência da Plato.

A pesquisa de João Aires, realizada sob orientação do professor José-Dias do Nascimento, do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE/UFRN), busca analisar estrelas análogas solares com idades determinadas a partir do estudo da rotação de estrelas individuais pertencentes a aglomerados estelares abertos. Esses astros são considerados calibradores fundamentais de idade e desempenham um papel crucial na compreensão da evolução estelar e da história galáctica.

“Reuniões como esse evento científico em Milazzo são extremamente focadas. Por lá acontece o compartilhamento e disseminação do conhecimento específico sobre o satélite em construção e da plataforma de utilização dos dados. Participar desses eventos permite-nos conhecer os últimos avanços. O trabalho de João Aires sobre e a calibração proposta para idades de estrelas análogas solares foi recebida com entusiasmo. Um dos nossos colaboradores, o doutor Sydney Barnes, que já esteve na UFRN, ficou impressionado com as possibilidades que teremos no uso desse resultado no cálculo das idades estelares”, observa José-Dias.

“Plato é uma missão de grande importância científica. O Brasil e a UFRN participam oficialmente da missão. Ela nos dará uma oportunidade sem precedentes de estudar exoplanetas em grande escala e coletar dados cruciais para aprofundar nossa compreensão da formação e evolução da habitabilidade em função do tempo”, destaca João.

A missão, desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA), pretende revolucionar a compreensão sobre os exoplanetas, suas idades e seu potencial para abrigar vida. “Habitabilidade e potencial biológico são funções  singulares do tempo. A idade de um exoplaneta é um fator crucial na avaliação de seu potencial de  habitabilidade e na probabilidade de hospedar vida. As condições habitáveis e o desenvolvimento da vida podem exigir um ambiente planetário adequado para existir por um período suficiente de tempo. Por exemplo, exoplanetas mais jovens ainda podem estar passando por intensa atividade geológica, como erupções vulcânicas ou fortes interações estelares, o que pode afetar sua habitabilidade. Já os exoplanetas mais velhos, por outro lado, podem ter tido mais tempo para desenvolver condições estáveis, aumentando potencialmente as chances de habitabilidade e surgimento de vida. Ou seja, a idade é fator determinante no surgimento da atividade biológica em exoplanetas”, destaca o professor José-Dias.

Diagrama da calibração da Evolução da Rotação em função da Idade (Aires et al. 2023)

Um dos principais objetivos da Plato é identificar planetas rochosos localizados nas zonas habitáveis ao redor de suas estrelas hospedeiras. Essas regiões são consideradas propícias para a existência de água no estado líquido. Além disso, o satélite abrangerá uma ampla gama de ambientes estelares, incluindo estrelas brilhantes próximas e mais distantes na Via Láctea. Isso permitirá a coleta de dados abrangentes sobre a formação e a evolução de exoplanetas.

A missão Plato está programada para ser lançada até o final de 2026 e os resultados obtidos pelo satélite prometem abrir novas perspectivas para a busca por vida além da Terra. O trabalho de João Aires, realizado junto ao Grupo de Estrutura, Evolução Estelar e Exoplanetas (Ge3) da UFRN, contribui para o avanço nesse campo de pesquisa, fornecendo pistas sobre evolução estelar, história galáctica, populações estelares e habitabilidade exoplanetária.

“O processo de orientação da pesquisa geralmente envolve uma série de atividades que cresce gradativamente. No caso do discente João Aires, que fez o mestrado já no meu grupo, a velocidade de desenvolvimento da pesquisa é realmente diferenciada. Este será o primeiro trabalho do doutorado dele e já começa com apresentação numa reunião importante e com artigo pronto. O satélite Plato é um recurso disponível e gera para seu doutorado uma performance altamente competitiva no cenário internacional. A combinação da boa formação do discente com orientação segura, trabalho criativo, único e autêntico são fatores determinantes para o sucesso. É um bom começo, e João Aires ainda tem quase quatro anos pela frente”, conclui José-Dias.

Para mais informações sobre esse estudo e as pesquisas relacionadas às idades estelares, os interessados podem entrar em contato pelo e-mail joao.aires.706@ufrn.edu.br. Além disso, para conhecer mais sobre a missão Plato e a participação da UFRN, é possível visitar as redes sociais do grupo @astroufrn no Instagram ou entrar em contato com o professor José-Dias do Nascimento Jr. pelo e-mail jdonascimento@fisica.ufrn.br.

Imagem: José-Dias

Fonte: Agecom/UFRN

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