“Quem vai me convocar é o partido”, diz Jean sobre possível candidatura nas eleições de 2026

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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, jogou para o Partido dos Trabalhadores (PT) a responsabilidade de indicar uma possível candidatura dele no Rio Grande do Norte em 2026, quando estarão em disputa os cargos de governador e senador, por exemplo. Embora considere cedo para falar sobre o assunto, o ex-senador adianta que é “um homem de partido” e que irá aguardar a orientação da sigla comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Quem vai me convocar é o partido, para a parte política. Pode ser para ficar na Petrobras, pode ser para ser candidato a alguma coisa, pode ser para ajudar no programa de governo de alguém, pode ser para sair e ficar nos bastidores trabalhando numa fundação. Eu vou fazer o que o partido me oferecer e eu vou aceitar fazer isso ou não, porque também tem o meu querer”, disse Jean durante entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira 19, na sede da Petrobras em Natal-RN.

O presidente da estatal comparou o partido a um time de futebol cujo “técnico” orienta seus integrantes sobre as questões políticas. Ele também ressaltou que é um “profissional livre” e que não precisa da política nem na vida pessoal nem profissionalmente.

“Eu sou uma pessoa de partido, quando entrei para a política eu entrei para um partido, o Partido dos Trabalhadores e ele vai dizer o que eu tenho que fazer. Outra coisa, eu acho que é cedo demais para fazer chapa. Vai mudar muita coisa, o ano está em curso, a gente tem muitos desafios para enfrentar, muita coisa para fazer, o presidente Lula a mesma coisa, eu na Petrobras, a gente não tá livre não”, acrescentou Jean Paul.

Apesar de presidir a Petrobras, cuja sede é no Rio de Janeiro, Prates mantém, principalmente aos finais de semana, agendas e encontros políticos no Rio Grande do Norte, além seguir com residência fixa na capital potiguar.

A viabilidade eleitoral de Jean para 2026, seja para o Governo do RN, seja para o Senado, dependerá de seu desempenho à frente da Petrobras. Entre os principais anseios da população está uma queda mais acentuada nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, algo que tem afligido os brasileiros nos últimos anos.

Nesta segunda-feira Jean dedicou um dia de agenda ao Rio Grande do Norte. Durante evento com a presença de empregados da Petrobras, ele reinaugurou o Edifício-Sede Rio Grande do Norte (EDIRN) e lançou as instalações que funcionarão como um hub de projetos de energia eólica da companhia em Natal. O evento contou com a presença da governadora Fátima Bezerra (PT), além de outras autoridades estaduais.

A perspectiva é de que nos próximos anos as instalações se tornem um dos principais centros de estudo e desenvolvimento de tecnologias voltadas para a instalação de parques eólicos offshore no país.

“Hoje estamos dando um grande passo para que tenhamos aqui no estado um dos principais centros no País para estudo e desenvolvimento de projetos de eólica offshore. Esse é um renascimento da Petrobras no Rio Grande do Norte. Tenho absoluta convicção de que vamos escrever mais um capítulo de sucesso. Assim como no passado a companhia teve uma trajetória brilhante nos campos de petróleo em terra, num futuro próximo teremos aqui um dos principais polos de nossos projetos em energias renováveis”, afirmou Prates.

A governadora Fátima Bezerra também ressaltou a importância para o Rio Grande do Norte dos novos projetos que serão desenvolvidos pela Petrobras. “Esse é um momento histórico, que vai ficar marcado na trajetória da Petrobras no Rio Grande do Norte e Ceará, como o Dia do Fico. O presidente da companhia, Jean Paul, assumir o compromisso de permanecer significa mais desenvolvimento, mais empregos para o nosso estado, com projetos como a perfuração de Pitu e os de energia renovável, especialmente eólica offshore”, declarou Fátima.

“Não entende desse assunto”, diz Jean sobre críticas de ministro

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, respondeu às críticas do ministro das Minas e Energias, Alexandre Silveira, que em recente entrevista ao Valor Econômico acusou o comando da estatal de negligência e desdém com a política de gás natural do Brasil.

A principal crítica do ministro se dá em relação ao fornecimento de gás natural para a retomada do crescimento industrial no País. Segundo Silveira, indústrias estão fechando as portas devido à baixa oferta de gás, o que tem prejudicado o crescimento econômico do Brasil.

“Ninguém é obrigado a entender de gás, ele [o ministro] vem de outra área, não entende desse assunto, então eu tenho que explicar”, respondeu Prates. “O que eu sei – e posso dizer que eu sei bastante desse setor, pois sou orgulhoso da carreira técnica que eu tive – é que nós não sonegamos gás ao Brasil. Não faz sentido nenhum economicamente a Petrobras deixar de produzir gás porque não quer produzir gás. Se a Petrobras produz o que produz de gás é porque ela só consegue produzir aquilo que gasta para produzir o Petróleo, que tem um valor maior”, argumentou Jean.

Prates afirmou ainda que a produção do gás requer um mercado imediato e que a indústria brasileira tem um “consumo de gás pífio”. “Não faz a menor diferença produzir mais ou menos, porque o consumo é pífio”, disse.

O presidente da estatal acrescentou que vários governos tentaram, sem sucesso, efetivar políticas de reindustrialização com base no gás natural. Os insucessos se deram, na avaliação de Prates, porque não há gás suficiente no Brasil para as diversas atividades econômicas.

“A gente é contra desenvolver a estrutura de gás? Não, ao contrário, isso é uma falácia, quem falar isso está mentindo. A Petrobras nunca se recusou a produzir gás e aumentar a oferta de gás. O que nós estamos argumentando apenas é que, com o máximo de produção, nós não temos como massificar o gás para todos os segmentos”, acrescenta.

Jean afirma ainda que uma alternativa à pouca capacidade de produção de gás no Brasil seria a retomada de uma parceria com a Bolívia. Segundo ele, nos últimos anos o país “virou as costas para a Bolívia por questões ideológicas”. Para essa retomada, o Brasil já dispõe de uma estrutura de dutos com capacidade para importar 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural do país vizinho.

O Ministro de Minas e Energias também criticou a diretoria da Petrobras a respeito do percentual de reinjeção do gás nos poços de extração de petróleo. Por meio da prática, a Petrobras otimiza sua produtividade ao aumentar a pressão interna dos reservatórios por meio do uso do gás.

Segundo o ministro Silveira, o Brasil reinjeta mais do que outros lugares do mundo. Nos Estados Unidos, 12,5% do gás é reinjetado para impulsionar a produção de petróleo; na África (23,9%); na Europa, 24,7% e no Brasil, 44,6%. Para o ministro, a redução do percentual de injeção de gás pela Petrobras expandiria a oferta do produto para o mercado interno.

Jean rebateu a comparação feita por Silveira e afirmou que na maioria desses países o percentual de reinjeção é baixo porque se trata um gás “não-associado”, ou seja, que não é extraído de modo associado ao petróleo, tratando-se, portanto de um processo mais simples e barato.

“[o ministro] Tem que conhecer, tem que talvez visitar uma plataforma para ver como é feita a reinjeção e aí ele vai ficar orgulhoso do trabalho que a Petrobras faz”, finaliza.

Bacia de Pitu: Jean aguarda licenciamento ambiental

Apesar do Polo Potiguar ter sido vendido à 3R Petroleum, o presidente da Petrobras anunciou novos investimentos na exploração de petróleo em águas profundas no Rio Grande do Norte. Segundo Jean, será analisada a viabilidade econômica de novas jazidas na margem equatorial – que vai do Amapá até o Rio Grande do Norte.

Um desses locais de exploração é o Campo de Pitu, localizado a 60 km do litoral do RN, em profundidade de água de 1.844m, com profundidade final de 4.200m. O campo foi descoberto em 2013 e teve as primeiras perfurações em 2014. Jean Paul informou que a Petrobras aguarda o licenciamento ambiental para iniciar os trabalhos exploratórios.

“Nós estamos solicitando outras licenças, vamos tentar fazer perfurações na margem equatorial e uma delas é Pitu, onde houve uma descoberta importante, foi anunciado até com certa exorbitância, tem qualidade boa, indícios de um bom volume de óleo e agora o que precisa ser feito é delimitar reservatórios, furar mais dois ou três poços e se aqui – já que temos muitos poços furados, muita tradição em operação no mar – se aqui conseguirmos a licença antes, nós traremos a sonda para cá”, explica.

Os investimentos previstos pela empresa, porém, não devem provocar uma redução mais acentuada nos preços dos combustíveis no Rio Grande do Norte. Isso se deve ao fato de os ativos da Petrobras terem sido vendidos à iniciativa privada durante o governo Bolsonaro. A transição do polo foi finalizada no início desse mês.

Imagem: José Aldenir

Fonte: Agora RN

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