Novo colisor: UFRN colabora com o CERN em projeto do próximo acelerador de partículas

O Instituto Internacional de Física (IIF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) formalizou uma parceria com o conselho do Future Circular Collider (FCC), do Centro Europeu de Energia Nuclear (CERN), para a formação de um grupo de pesquisa reconhecido pelo CERN que visa estudar a capacidade do FCC em descobrir novos fenômenos físicos. O futuro colisor circular ainda está na fase de planejamento e deve ser o substituto do Grande Colisor de Hádrons (LHC), localizado na fronteira entre França e Suíça.

Dessa forma, os cientistas de universidades e centros de ciência no Brasil poderão trabalhar diretamente com as equipes internacionais do CERN, inclusive nos que estão atualmente desempenhando atividades no LHC que, hoje em dia, é o maior e mais poderoso acelerador de partículas do mundo, formado por um anel de 27 quilômetros de ímãs supercondutores e várias estruturas que aceleram os prótons próximo da velocidade da luz.

Colisores de partículas são equipamentos utilizados em pesquisas científicas de altíssimo nível e demandam anos para seu planejamento e construção. Eles permitem a realização de medições científicas de alta precisão, como as que garantiram a descoberta do Bóson de Higgs – popularmente conhecido como a Partícula de Deus.

Vista aérea mostrando o anel atual do LHC (27 km) e o novo túnel proposto de 100 km, que pode hospedar diferentes modos de colisores (FCC-ee, FCC-hh e FCC-he) – Credito: Polar Media

Além dos claros benefícios científicos, esses projetos também possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias, uma vez que demandam uma constante evolução em inovação para solucionar problemas ao longo de seu tempo de construção, como, por exemplo, no surgimento da internet moderna – CERN foi o local de nascimento da World Wide Web (WWW), a rede mundial de computadores. A física do CERN está associada às áreas de física médica, energia renováveis, ciência de dados e aeroespacial.

O FCC terá 100 km de circunferência, com capacidade de gerar energias de 100 Tera-elétron Volts (TeVs), o que significará sete vezes mais potência do que o atual colisor de partículas da Europa e irá focar no estudo de grandes problemas da física moderna, por exemplo, uma resposta para o enigma da matéria escura. Dessa forma, os cientistas brasileiros trabalharão em sintonia com seus colegas da comunidade internacional em algumas das questões mais relevantes do nosso tempo, assim como terão acesso direto a algumas das mais recentes inovações científicas e tecnológicas desenvolvidas no mundo.

Farinaldo Queiroz, líder do grupo de pesquisa em física de partículas e astropartículas do IIF e professor do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN, estará à frente do projeto, coordenando os trabalhos realizados em âmbito nacional.

Professor do DFTE da UFRN Farinaldo Queiroz – Foto: IIF/UFRN

“O FCC é atualmente uma colaboração internacional envolvendo mais de 150 universidades, institutos de pesquisas e indústrias do setor de tecnologia. A UFRN agora será um dos polos internacionais de Física de Partículas graças a esse acordo assinado. O acordo dará oportunidade para alunos da nossa Universidade trabalharem em colaboração com grandes centros internacionais sem custo. Yoxara Villamizar e Yohan Maurício, estudantes do grupo, terão um papel de destaque nesse projeto. Um acordo com uma instituição como o CERN ressalta o destaque que nossa Universidade vem obtendo, inclusive nos rankings internacionais”, disse.

O projeto não se restringe aos pesquisadores da Física, podendo ser acessado por estudantes e professores de outros departamentos, como Engenharia, Química, Matemática, Saúde, Relações Internacionais, Desenvolvimento de Software, entre outros.

O acordo de cooperação tem potencial para abrir portas para o surgimento de novas pesquisas no país. Diferentes setores da UFRN estiveram empenhados para que a colaboração fosse concretizada. “Agradeço muito ao reitor Daniel Melo, a Sibele Pergher, pró-reitora de pesquisa, e o Aderson Nascimento, secretário da SRI, por viabilizarem e apoiarem o processo”, afirma o professor Queiroz.

Pesquisadores brasileiros interessados em participar do grupo de trabalho devem entrar em contato com o professor Queiroz pelo e-mail farinaldo.queiroz@ufrn.br.

Future Circular Collider

Vista artística do túnel na região Franco-Genebra – Credito: Polar Media

O objetivo do FCC é expandir as fronteiras de energia e intensidade dos colisores de partículas para atingir energias de colisão de 100 TeV, na busca por uma nova física. O FCC está sendo projetado para examinar três tipos diferentes de colisões de partículas: colisões de hádrons (próton-próton e íon pesado), como no LHC (FCC-hh), colisões elétron-pósitron (FCC-ee), como no antigo LEP, e colisões sequenciais (FCC-int) de léptons (FCC-ee) e hádrons (FCC-hh), que podem servir como injetores para (FFC-ee) e (FCC-hh).

O desenvolvimento dos colisores requer avanços significativos em muitas tecnologias. Mais de 150 universidades, institutos de pesquisa e parceiros industriais de todo o mundo estão avaliando a infraestrutura associada, estimativas de custo, cenários de implementação global, bem como estruturas de governança internacional apropriadas para novas instalações de detectores.

Sobre o Conselho Europeu de Pesquisa em Energia Nuclear

Embora a missão central do Laboratório do CERN seja a pesquisa fundamental em física de partículas, ele também tem como objetivo treinar a próxima geração de cientistas. Situado na periferia de Genebra, na Suíça, foi fundado em 1954 e forneceu uma instalação para cientistas em todo o mundo. As operações realizadas exigem conhecimento avançado em três áreas: tecnologias de acelerador, detector e computação. Responder a essas necessidades levou a desenvolvimentos sofisticados em criogenia, ímãs supercondutores e eletrônica e microeletrônica rígida de radiação, para citar apenas algumas.

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