Ser saudável não é apenas estar livre de doenças, mas também ter equilíbrio emocional, cuidar do corpo e da mente, sentir-se bem consigo mesma, ter energia para realizar as tarefas diárias etc. Pensando nisso, para celebrar o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, comemorado no dia 28 de maio, os hospitais universitários, gerenciados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), querem ser parceiros das mulheres nessa jornada.
A saúde mental da mulher é decisiva para manter a qualidade de vida, sendo que dois períodos demandam uma atenção especial: o perinatal, que vai da gestação até um ano pós-parto, e o climatério, momento da transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa.
Durante a gravidez e no pós-parto, é essencial observar sintomas de transtornos mentais, especialmente em mulheres com histórico prévio. O climatério, também, pode apresentar desafios emocionais, como explica o psiquiatra da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN/Ebserh) Jorge Nóbrega. “É muito importante pensar em prevenção e tratamento nesse período, porque, se não tratar, pode gerar muito sofrimento e prejuízo na qualidade de vida da mulher, questões para a saúde do bebê, questões obstétricas e problemas em dinâmica familiar”, disse.
O especialista ressalta que a depressão pós-parto é uma realidade que afeta cerca de 15% a 20% das mulheres. É uma condição que pode gerar grande impacto na vida, afetando sua saúde mental, o vínculo com o bebê, o relacionamento com o companheiro e, até mesmo, a saúde do recém-nascido. Vale destacar que existem diversos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento desse transtorno, como histórico familiar de doença mental, gravidez indesejada ou na adolescência, baixo apoio social e socioeconômico, entre outros.
Diante disso, é fundamental pensar em medidas preventivas e tratamentos adequados para ajudar as mulheres a lidar com essa condição. Além de cuidados básicos como boa alimentação, atividade física e contato com pessoas agradáveis, vale considerar a psicoterapia e o uso de medicamentos seguros durante a gravidez e o puerpério. Outra condição apontada pelo psiquiatra é a psicose puerperal, que pode levar a graves alterações de comportamento e senso-percepção.
É comum, no climatério, o aparecimento de sintomas vasomotores, como fogachos (ondas de calor) e atrofia geniturinária (conjunto de sintomas e sinais associados à diminuição do estrogênio e outros esteróides sexuais, envolvendo alterações nos grandes e pequenos lábios, clitóris, vestíbulo e introito, vagina, uretra e bexiga). Também é um período propício para o surgimento de sintomas de humor, como tristeza, irritabilidade e ansiedade – que precisam ser observados para entender se podem indicar um transtorno mental. “A rede de apoio composta por familiares e amigos precisa estar atenta para perceber se as alterações repercutem muito na vida social da mulher, no desempenho dela em atividades ocupacionais ou se geram a percepção de um grande sofrimento”, alerta Jorge.
A mulher trabalha fora, estuda, administra a casa, cuida da família (ou tudo ao mesmo tempo) e faz planos para sua satisfação pessoal. Essa é a vida multitarefa, carregada de expectativas que viram cobranças e, se não balanceadas, geram ansiedade, frustração ou até depressão. Por isso, os profissionais da saúde alertam que a informação sobre os avanços da ciência no diagnóstico e no tratamento é tão importante, uma vez que trazem esperança e apontam caminhos para um equilíbrio que vai favorecer a felicidade e plenitude em vários aspectos.
Imagem: Ebserh
Fonte: Agecom/UFRN