Em 2014, os emigrantes da região Nordeste, na faixa etária entre 20 e 34 anos, tinham mais chances de melhorar sua posição nas classes sociais do que os não migrantes. Essas possibilidades eram ainda menores para as mulheres, independente da condição de seu deslocamento. Esses resultados, observados em uma pesquisa da UFRN, apontam ainda que os homens negros possuiam maior expecativa de mobilidade ascedente quando comparados aos brancos, assim como as mulheres negras em relação às brancas.
O estudo, disponível no Repositório Institucional da UFRN, é a conclusão do curso de mestrado de Francisco Demetrius Monteiro Rodrigues, realizado no Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem/UFRN) sob a orientação da professora Luana Junqueira Dias Myrrha e co-orientação do professor Járvis Campos. O objetivo do trabalho foi analisar os efeitos dos fatores “gênero” e “raça” na emigração interregional com origem no Nordeste considerando pessoas em idades de 20 a 34 anos com alguma ocupação.
Segundo Demetrius, a mobilidade social pode ser definida como o movimento dos indivíduos, no caso de sua pesquisa, separada como emigrantes e não migrantes, dentro de uma estrutura social que considera, ainda, a condição financeira e profissional dos investigados. A metodologia do trabalho usa dois modelos de regressão logística, ambos com a mesma finalidade: identificar as chances de deslocamento social dos trabalhadores. O pesquisador usou como base de dados o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2014.
Os resultados apontam que, quando se refere aos que permanecem em seu local de moradia, os homens brancos têm mais oportunidade de ascensão. Quando se comparam os que se mudam de uma região para outra com os que não mudam, o grupo masculino, de maneira geral, possui maior expectativa de mobilidade ascendente e sucesso profissional, mesmo quando as mulheres possuem maior grau de instrução e ocupam os mesmos cargos.
Um dado que merece atenção é quanto às probabilidades de ascensão, que são menores para as mulheres negras. Em comparação com homens brancos que não se mudam, a chance de escalada para elas é 1,7 vez menor. Já as que não se deslocam enfrentam duas vezes mais dificuldades.
No escopo geral, independente da cor da pele, o grupo feminino é sempre o mais prejudicado, tendo em vista que, em qualquer correlação feita, elas apresentaram menor oportunidade de mobilidade ascendente frente aos homens. Para Demetrius Rodrigues, além de mostrar a realidade do trabalho no Nordeste, esse estudo contribuiu para evidenciar, alertar e denunciar essa desigualdade social por sexo e raça. “A desigualdade de gênero e raça que historicamente condiciona as relações sociais ainda retroalimenta os sistemas de subordinação e opressão” afirma o pesquisador.
Fonte: Agcom/UFRN