Análise: Horizon Forbidden West: Burning Shores (PS5) expande de forma competente uma grandiosa aventura

Depois de uma grandiosa aventura rumo ao Oeste Proibido, Aloy viaja para a nova região para aparar pontas que ficaram soltas após a épica resolução de Horizon Forbidden West (PS5/PS4). Burning Shores, o DLC de expansão da história do jogo, foi lançado no último dia 19 de abril exclusivamente para PlayStation 5, e na análise a seguir vamos conferir se realmente vale a pena carregar nossa lança para caçar mais máquinas e descobrir novas histórias.

Mas atenção! Por conta do teor diretamente ligado aos momentos finais de Horizon Forbidden West, a análise a seguir conta com alguns spoilers sobre a trama da campanha principal do jogo.

O Litoral Ardente

Após derrotar os integrantes da Far Zenith e salvar o mundo, Aloy e Sylens descobrem os motivos destes seres quase imortais — já que morreram nas mãos de Aloy — terem retornado à Terra. Uma força maligna chamada Nêmesis destruiu a colônia onde viviam em outro planeta e, por algum motivo ainda não esclarecido, agora está viajando rumo ao planeta terráqueo.

Sem saber com exatidão quando a entidade chegará, Sylens se mostra interessado na anomalia e agora dedica seu tempo e astúcia para encontrar formas de detê-la; para isso, ele precisará novamente da ajuda da guerreira Nora para tratar de um assunto que ficou pendente após a batalha final dias antes.

Sylens descobriu que ainda há um membro da Far Zenith na Terra, que fugiu para uma região ao sul conhecida como Litoral Ardente. O local nada mais é do que um dia foi a cidade de Los Angeles e possui esse nome por conta da alta atividade vulcânica que domina boa parte da geografia daquele setor.

Com a esperança de obter mais informações sobre Nêmesis e a Far Zenith, Sylens instrui Aloy para que ela viaje ao Litoral Ardente e cace Walter Londra, o último dos membros da organização que vieram à Terra junto com Tilda e seus aliados. A guerreira parte rumo a uma nova caçada ao sul.

Ao chegar na região, Aloy é atacada pelas forças de defesa que Walter estabeleceu no local, mas é auxiliada por uma fuzileira Quen chamada Seyka. A jovem faz parte de um grupo de sobreviventes do naufrágio da grande frota Quen da qual Alva, a vidente que se aliou a Aloy durante a campanha principal do jogo, também fazia parte.

Seyka está em busca da irmã, que desapareceu juntamente com um grupo de sobreviventes do naufrágio que estavam em uma expedição pela região e, ao se juntar com a valente Nora, elas descobrem que Walter Londra também pode estar envolvido no desaparecimento dos Quen. Aloy e Seyka partem em uma jornada para resolver uma série de assuntos: achar a irmã desaparecida da Quen, localizar Londra e descobrir os mistérios do selvagem e tempestuoso Litoral Ardente.

A jornada continua

Burning Shores adiciona uma nova área ao mundo de Horizon Forbidden West. O acesso ao conteúdo só pode ser feito após a conclusão da missão ‘Singularidade’, a última do jogo-base. Após concluir a campanha principal, Sylens entrará em contato com Aloy através do Foco e a missão será adicionada ao log.

Após dar início à missão e fazer contato com Seyka, Aloy chega a um assentamento que funciona como a primeira ponte de acesso da área com o mapa principal do game. Diferentemente de Frozen Wilds, expansão de Horizon Zero Dawn cuja região está integrada diretamente com o mapa do jogo principal, para navegar entre o mapa principal de Forbidden West e a área do Litoral Ardente, o jogador precisa fazer uso da viagem rápida no mapa.

A geografia da nova região traz, além das características áreas cobertas com lava incandescente, ruínas do que um dia foi a badalada e famosa cidade de Los Angeles. São diversos arranha-céus arruinados pelo tempo e cobertos pelo verde da natureza que nos fazem gastar alguns momentos apreciando a paisagem e viajando nos pensamentos sobre como era a vida no passado.

O Litoral Ardente tem um tamanho considerável, um prato cheio para quem gosta de explorar para descobrir todos os mistérios de uma região. Dentre eles, temos uma nova lista de colecionáveis e tesouros de exploradores Oseram que tentaram se aventurar pelo lugar. A conclusão das missões secundárias é a forma mais eficaz de começar a conhecer o novo mapa.

Se por um lado temos uma grande área para explorar, por outro surge uma nova trama que inicialmente empolga, mas com o passar do tempo vai se mostrando um pouco piegas por conta do teor do roteiro. Não vou mencionar muito sobre esse detalhe para evitar spoilers, mas eu, pessoalmente, não curti muito o novo vilão. O que adianto é que de todos os desafios, o único realmente memorável é o embate final contra Londra em uma das batalhas mais colossais já apresentadas na franquia.

Com motivações muito mirabolantes, Londra é quase um vilão de James Bond. Apesar da astúcia e frieza de algumas cenas, ele não consegue ser tão memorável quanto os demais membros da Far Zenith que rivalizam com Aloy na campanha principal. Mas deixo um salve rápido para elogiar o trabalho do ator Luiz Antônio Lobue, que faz a dublagem de Walter Londra na versão brasileira. O ator é conhecido por dar voz aos personagens Aioria de Leão (Cavaleiros do Zodíaco) e Piccolo (Dragon Ball), além de diversos outros personagens da TV e cinema.

Por outro lado, o ponto alto da série de missões principais tem como principal destaque as interações entre Aloy e Seyka. A garota é, de longe, a melhor adição, em termos de história, para o jogo. O desenvolvimento da personagem e, principalmente, o desfecho de sua trajetória, foram o motivo de eu dar uma atenção maior à história principal antes de concluir as demais atividades secundárias que surgiram durante minha jogatina na expansão.

Temporada de caça no Litoral Ardente

Além de dar uma esticada na história de Horizon Forbidden West, Burning Shores também traz a adição de novas habilidades e equipamentos para Aloy. O destaque no arsenal fica por conta de armas e trajes inspirados nos Quen, que podem ser adquiridos exclusivamente no assentamento do novo mapa.

As novas técnicas que a protagonista pode destravar em suas árvores de habilidades também chamam a atenção. Algumas são sutis, como novos combos de ataque ou a capacidade de criar bombas de fumaça com propriedades de cura; já outras, como a execução por cabo contra máquinas e uma nova arma de tecnologia Far Zenith, dão novas oportunidades para o já imenso leque de habilidades da Nora.

E claro, não podemos esquecer das máquinas. Novas ameaças metálicas como o Biliático, os Ferroadas e o versátil Asa Marinha compõem as novas entradas no catálogo de máquinas do jogo. O Biliático lembra uma rã gigante, capaz de realizar imensos saltos para atacar e também de botar ovos de onde surgem as incômodas Ferroadas, mosquitos metálicos gigantes que atacam em bandos e, se não forem controlados logo, causam um tremendo incômodo no campo de batalha.

Destes novos monstros de metal, dou um destaque maior para os Asa Marinhas. Durante a conclusão das missões principais, Aloy obtém a conversão para domar estas máquinas com aparência de pelicanos. Assim como os Heliodos, a aventureira pode montar nelas para voar, mas o maior diferencial dela é a capacidade de mergulhar e nadar debaixo d’água. Tecnicamente, isso faz do Asa Marinha a única montaria aquática de Forbidden West, deixando mais cômoda a tarefa de explorar regiões submersas tanto no Litoral Ardente quanto na área mais a oeste do mapa principal.

Tá, mas não tem para PlayStation 4, e aí?

Pois é! Esse é um ponto que precisa ser discutido, pois, a meu ver, não deixa de ser um prejuízo para quem possui apenas a versão para PlayStation 4 de Horizon Forbidden West. Em uma publicação no PlayStation Blog em março deste ano, a equipe da Guerilla falou sobre o desenvolvimento da expansão pensando em aproveitar tudo o que o PS5 tem para oferecer em questão de performance.

Resumindo, Mathijs de Jonge, diretor do jogo, esclareceu na publicação que o PS5 tinha poder de sobra para reproduzir o que ele desejava, enfatizando uma batalha em particular que, segundo a descrição vaga dada no blog, acredito ser o combate nos momentos finais do arco principal de Burning Shores.

E realmente, depois de presenciar o tal fato mencionado por Mathijs, fez sentido a declaração de que o PS4 não teria poder de processamento e memória suficientes para tal. No meu caso, que tenho o hábito de deixar meu console pré-configurado para rodar tudo em modo desempenho (priorizando fps), não tive problemas ao jogar o citado segmento.

Entretanto, à época do lançamento de Horizon Forbidden West, publiquei uma matéria sobre a experiência do jogo no PS4 em que, mesmo com um console já considerado obsoleto para os padrões atuais, ele ainda consegue dar conta do tranco que é rodar um título desse calibre.

A região do Litoral Ardente conta com muitas áreas litorâneas, sem falar dos pontos de atividade vulcânica e ruínas de arranha-céus que podem ser vistos a uma distância considerável. Em alguns momentos pensei como seria jogar o DLC no PS4 e mesmo com algum ceticismo sobre o que Mathijs disse sobre as capacidades do console, acredito que daria para adaptar o episódio extra, mesmo com algumas restrições.

Todavia, respeito a decisão criativa do estúdio, que priorizou sua visão do que queria para Burning Shores ao custo de restringir a experiência ao PS5, principalmente para que os jogadores tenham a certeza de receber um produto de qualidade. O conteúdo é bom e merece ser jogado por quem é fã de Horizon, mesmo que não agora, no caso dos jogadores que ainda não possuem um PlayStation 5.

Uma expansão modesta, mas competente

Horizon Forbidden West: Burning Shores é um DLC competente que agrega sutis melhorias a um das aventuras mais fantásticas dos últimos tempos nos videogames. Apesar de não acrescentar tanto no que diz respeito à história, a nova região ainda rende boas horas de jogatina para quem gosta de se aventurar no mundo pós-apocalíptico da Guerilla Games.

Prós

Contras

Horizon Forbidden West: Burning Shores — PS5 — Nota: 8.5

Análise de Alexandre Galvão

Fonte: GameBlast

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