Violência e saúde mental: especialista analisa impacto de situações de crise no cotidiano

Nos últimos dias, o Rio Grande do Norte tem vivenciado uma série de situações de violência, o que tem afetado o dia a dia da população. Em virtude dos atos cometidos por criminosos, serviços básicos como transporte público, coleta de lixo e atendimento nas unidades de saúde chegaram a ser suspensos.

Neste cenário, é muito comum que os indivíduos experimentem sensações desagradáveis. A psicóloga e professora da Universidade Potiguar (UnP), Marília Lino, explica que diversos estudos apontam que a violência ou a exposição a situações violentas afetam diretamente a saúde mental.

“Essa exposição traz consequências que vão de sintomas como ansiedade, depressão, dificuldades para dormir, se concentrar, até o surgimento de transtornos psíquicos mais graves”, explica. Ainda de acordo com Marília, também é muito importante estar atento a quem já convive com essas doenças, uma vez que os quadros de adoecimento mental podem ser agravados.

“Quem já apresenta um quadro de ansiedade e depressão possivelmente estará mais vulnerável aos danos provocados pela violência, especialmente se não estiver em acompanhamento psicológico ou psiquiátrico”, afirma.

“Ainda assim, é importante lembrar que, embora cada pessoa sinta à sua forma, a partir do modo como se relaciona consigo, com os outros e o contexto sócio-histórico em que se desenvolveu ao longo da vida e está inserida, a violência é um fenômeno social com grande capacidade de afetar de maneira mais ampla e direta a todos nós”, alerta Marília.

Excesso de informações pode ser prejudicial

Em plena era da informação, além dos veículos tradicionais de comunicação, há uma grande utilização das redes sociais. Por isso, é fundamental que haja consciência e reflexão sobre o nível de exposição a notícias e como cada pessoa se sente diante disso.

“A partir daí, é interessante rever seu modo de se relacionar com essas fontes de informação, considerando outras possibilidades que resguardem seu bem-estar e saúde mental”, orienta a psicóloga.

A junção da velocidade com que as informações são transmitidas com a presença de conteúdos falsos pode ser outro fator de adoecimento para alguns indivíduos mais vulneráveis. “No caso das crianças e adolescentes, é preciso ter atenção e cuidado com o que consomem, uma vez que são indivíduos que estão em formação”, destaca a especialista.

Apesar de não existir uma receita mágica para lidar com situações como a que o RN enfrenta, a professora da UnP lembra que adotar uma política individual de redução de danos pode ajudar. “Entendendo que se trata de um desafio conviver com os últimos acontecimentos, cada pessoa pode procurar, dentro das suas possibilidades, cuidar de si. Por se tratar de algo maior, é importante não absorver aquilo que é de responsabilidade dos órgãos competentes e procurar focar na própria segurança”, conclui.

Imagem: Reprodução

Fonte: Assessoria de Comunicação/UnP

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