Steven Spielberg é um dos nomes mais emblemáticos do cinema, pois os filmes sob sua direção estão praticamente todos presentes na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos. Com o terrível período mais crítico da pandemia do Covid-19, o cineasta teve uma reflexão insistente de que se houvesse a oportunidade de contar apenas mais uma história: Qual seria?
Spielberg desejava criar uma produção mais pessoal que retratasse um pouco mais de sua própria história. E é com este propósito tão intimista que a Universal Pictures nos apresenta, Os Fabelmans, com lançamento no Brasil nesta quinta-feira (12).
A trama apresenta os Fabelmans, uma família do Arizona no pós segunda guerra mundial, com Sam Fabelmans (Gabriel Bateman e Gabriel Labelle) como protagonista. Sam ainda muito pequeno se apaixona pelo cinema quando é levado para assistir “The Greatest Show on Earth” pelos pais Mitzi (Michelle Williams) e Burt (Paul Dano). Vendo o deslumbramento do filho, Burt procura mantê-lo nos objetivos profissionais da “vida real” e não deixar o hobby tomar muito do seu tempo e esforços. Enquanto Mitzi, pianista, encoraja o filho a seguir seu sonho.
Os Fabelmans traz uma história muito alegre e divertido, com cenas de jantar em família, passeios de carro com todos cantando e claro os momentos da bela Mitzi Fabelmans ao piano – e fora dele – trazem um entrosamento do público com a história.
Mitzi merece um destaque à parte, pois Spielberg deixa subentendido que todo encantamento artístico que possui veio da grande personalidade de sua mãe. Mitzi é a alma da família, seu dom e gênio são irresistíveis, embora no decorrer da trama, Sam permaneça um tempo em conflito acirrado com ela.
O longa de 151 minutos, se mantém sempre envolvente, até mesmo quando a família muda de casa, que assim traz tensão a todos os personagens, já que são obrigados a se reajustarem no novo local.
O clímax ocorre na instabilidade do casamento dos Fabelmans e em como isso interfere na busca de Sam para trabalhar com o realmente gosta. O que nos faz visualizar com muita intensidade e beleza os desafios que podem ter se apresentado na vida de Spielberg e sua solidão pelo amor à arte, emoção que com certeza fará sentido no coração de muitos espectadores.
Mesmo se tratando de um drama com amadurecimento, o filme conta com um leve humor inteligente, que nos faz imaginar se realmente se trata de uma biografia, entretanto, Spielberg deixa claro não ser inteiramente verdade, pois o longa também adota muita liberdade poética, romantiza alguns pontos e também cria outros para dar vida a grande fábula em torno de seu personagem principal. O que não diminui a verdade do cineasta na história, e declarou ter sentido bastante emoção já com as últimas gravações. Com orgulho e prazer, Spielberg se reconhece no protagonista.
Os Fabelmans foram lançados no final de 2022 nos Estados Unidos e em outras regiões, já sendo aclamado pelas críticas e muito bem avaliado no Rotten Tomatoes, site que une a imprensa especializada, com o incrível índice de aprovação de 91%. O longa era um dos favoritos no Globo de Ouro 2023, em que estava concorrendo em cinco categorias, na qual ficou com duas estatuetas na premiação este ano, de Melhor Filme de Drama e Melhor Diretor. Além de ser um favoritos para o Oscar deste ano, que acontece no dia 12 de março no Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia.
Lúcio Amaral é jornalista e advogado pós-graduado em Direito e Processo Trabalhista. Certificado de Estudos Aprofundados em Psicanálise. Ganhador do II Prêmio de Rádio e Jornalismo em Saúde e Segurança do Trabalho, promovido pelo MPT em 2008.