Cuidando dos gatinhos: Projeto Animais e Comunidade faz ação de castração e explica curiosidades

Os gatos são personagens corriqueiros nas dependências da UFRN, mas a comunidade vem percebendo que alguns deles estão aparecendo com a ponta da orelha esquerda cortada, o que causa preocupação e anseio de cuidado. O projeto de extensão Animais e Comunidade, explica, no entanto, que esse corte é uma marcação para indicar os animais que passam pelo processo de castração, medida de proteção e controle da natalidade desses felinos que sofrem, frequentemente, com o abandono e o envenenamento. E o mais importante, segundo o projeto, é que os processos veterinários realizados não causam sofrimento aos bichinhos.

De acordo com o coordenador do Animais e Comunidade, Danilo José Ayres de Menezes, professor do Departamento de Morfologia e Veterinária, do Centro de Biociências (CB/UFRN) esse corte da ponta da orelha esquerda é uma sinalização usada por todo o mundo e padronizada para identificação dos animais errantes que já passaram pelos cuidados de esterilização de uma equipe ou projeto. Essa sinalização é eficiente e evita que o animal seja capturado mais de uma vez.

Corte realizado na pontinha da orelha esquerda do gato para marcar que foi castrado – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

O professor garante que os animais não sofrem com o corte na orelha, pois é feito ainda no ambiente cirúrgico ou ambulatorial, sob efeito de anestesia, recebendo analgesia, anti-inflamatório e antibioticoterapia, o que minimiza o risco de infecções, dor e inflamação. “Não existem pontos negativos, pois é cortada a ponta da orelha, o que não prejudica a acuidade auditiva do animal. Muitos podem confundir com o corte de orelhas que era feito antigamente nos cães por questões estéticas, com objetivo de levantar a orelha, o que tirava a proteção do canal auditivo contra sons mais elevados, água e sujidades”, completa Danilo.

Esse corte na ponta da orelha esquerda dos felinos, continua o professor, segue o protocolo Capturar-Esterilizar-Devolver (CED), que se caracteriza como uma forma de manejo populacional. O processo se inicia na captura dos gatos de uma colônia, seguido da castração, do pequeno corte na orelha esquerda para a identificação futura, a desparasitação e a devolução do animal ao território de origem. “Vale ressaltar que esses animais são protegidos e alimentados por um cuidador responsável”, reforçou.

Projeto

O projeto Animais e Comunidades foi desenvolvido por Danilo em 2020 e trabalha com o conceito de Saúde Única e bem-estar animal, possibilitando aos estudantes a oportunidade de adquirir habilidades nas diversas áreas de atuação do projeto. Também conscientiza o público da UFRN e membros externos sobre a causa animal, orientando sobre cuidados com a saúde dos bichos e do coletivo, do controle populacional e de doenças zoonóticas, além do equilíbrio da fauna local que pode sofrer impactos com os gatinhos errantes.

Recepção de um felino para procedimento veterinário – Foto: Animais e Comunidade

Danilo conta que em 2021 novos voluntários entraram no projeto e firmaram parceria com o projeto Gatinhos da UFRN, que possibilitou o primeiro mutirão de castração com aproximadamente 60 felinos errantes da UFRN. O professor explica que a ação conta com várias frentes: mídias, onde se publica conteúdos sobre a temática do projeto, como informações sobre zoonoses, raiva, leishmaniose (calazar), esporotricose, cuidados com os animais, como importância de vacinas, adoção responsável, direito dos animais; oficinas em que essas temáticas são trabalhadas em escolas e comunidades por meio de palestras; e os  mutirões em que se dá assistência aos abrigos, fazendo diagnóstico da situação, intervenções para melhorar e orientar os cuidadores para melhorar o bem-estar dos animais.

Esse trabalho também contribui para a formação de recursos humanos, que gera a oportunidade dos alunos de graduação da UFRN e de outras instituições de ensino superior a trocarem conhecimentos com diversas áreas do projeto. É o caso dos alunos de arte e comunicação que produzem e publicam conteúdos nas redes sociais; discentes de ciências biológicas que tem oportunidade de avaliar os impactos de animais de rua ao meio ambiente e realizam palestras em escolas; estudantes do curso de medicina veterinária que participam de avaliação clínica de animais de abrigo, realizam cirurgias de esterilização e, juntamente com alunos de zootecnia, participam do manejo de animais de abrigo e de rua.

Projeto conta com muitos parceiros para garantir dignidade aos felinos – Foto: Animais e Comunidade

A ação conta com a parceria do Centro Médico Veterinário da  Universidade Potiguar (UnP), que disponibiliza seu Hospital Veterinário para a realização das cirurgias. Outro parceiro é a Clínica Veterinária SanVet, cujos veterinários são voluntários do projeto e acolhem animais que precisam de internação durante as ações. A Unidade de Vigilância de Zoonoses, antiga CCZ, da prefeitura municipal de Natal, também é importante para o projeto, visto que vem auxiliando na captura e transporte dos animais, com insumos para as cirurgias e com veterinários e funcionários para a realização do manejo e cirurgia dos animais.

Fora isso, o projeto conta com verba anual do edital de extensão da UFRN, mas ainda não é o suficiente. Por isso, conta com parcerias para a doação de insumos, captados via campanhas nas redes sociais, e realiza bazares para recebimento de doações. Os interessados em conhecer ou ajudar o projeto podem acessar as redes sociais do Animais e Comunidade.

Fonte: Agecom/UFRN

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