Desde meados de novembro, os casos da Covid-19 não param de subir no Rio Grande do Norte. Na última quinta-feira 24, houve um pico de 774 casos confirmados. O pesquisador Ricardo Valentim, diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da UFRN, descartou uma possível nova onda de Covid, mas reforçou a necessidade de vacinação.
Em entrevista ao AGORA RN nesta segunda-feira 28, Valentim afirmou que é possível que o aumento de casos pode ocorrer devido à introdução de novas variantes, BQ.1 e BN.1.5, descobertas recentemente em Natal e Parnamirim.
“Há no mundo todo uma leve subida de casos quando a gente compara com toda a história da Covid, principalmente quando se olha para o cenário do Rio Grande do Norte. Esse aumento de casos já era esperado, porque há a introdução dessas subvariantes e porque a população buscou fazer testes porque apresentam sintomas gripais”.
“A introdução dessas subvariantes irá ocorrer sempre. E quando essas variantes são detectadas no nosso estado, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, como é o caso, é porque elas já estavam circulando há um determinado tempo”, continuou o pesquisador.
Questionado sobre a possibilidade de ocorrência de uma nova onda da Covid no RN, Valentim afirmou que é muito cedo para prever tal cenário. “Ainda é muito precoce para se falar em uma nova onda de Covid 19. Por quê? Porque temos que olhar para todo um histórico da pandemia. Esse número de casos que a gente está tendo hoje, por exemplo, nessas 24 horas, a gente precisa primeiro entender que houve feriados. Então você tem dados represados. Você tem uma série de informações que estão chegando agora”.
Ricardo Valentim lembrou que, apesar do aumento de casos ser crescente no momento, o pico da doença agora não é comparável aos anteriores. “A gente chegou a ter oito mil, seis mil casos num único dia. Então, comparado com o que a gente está tendo hoje, está muito longe daquilo que a gente viu.”
Segundo o diretor do LAIS, o que mais preocupa os órgãos de saúde é a baixa imunização da população mais afetada pela doença por conta da falta das doses de reforço. “Nós temos aproximadamente duzentos mil idosos que não tomaram a quarta dose. Outra população que precisa se vacinar: crianças de cinco a onze anos. Nós temos municípios no Rio Grande do Norte em que infelizmente só chegou a 5%, quando a gente deveria chegar a 95% desse público. Então isso é preocupante”, comentou o pesquisador.
Duas novas linhagens identificadas no Brasil
O Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) informou nesta segunda-feira 28 que pesquisadores confirmaram a presença das linhagens BQ 1.1.17 e BQ 1.18 da subvariante BQ.1 do coronavírus no Brasil. Não há informações de que as novas linhagens sejam mais transmissíveis ou gerem efeitos mais graves do que as predominantes atualmente.
Uso inadequado de máscara é perigoso
Sobre a efetividade do uso das máscaras, o pesquisador explicou que o uso de forma correta é uma importante ferramenta de proteção individual, mas caso haja manuseio inadequado, pode ser um grande vetor para o aumento da contaminação.
“As máscaras são um mecanismo importante de proteção individual. Mas o que a gente está vendo hoje na população? O uso inadequado. A pessoa pega uma máscara descartável e depois coloca no bolso e depois coloca no rosto. Então a máscara está servindo inclusive para contaminação”, disse ele.
Imagem: LAIS/UFRN
Fonte: Agora RN