UFRN: Daniel Diniz e Henio Miranda são escolhidos pela comunidade como reitor e vice-reitor

A comunidade universitária reconduziu, nesta terça-feira, 8, os professores José Daniel Diniz Melo e Henio Ferreira de Miranda aos cargos de reitor e vice-reitor, respectivamente, para um novo mandato de quatro anos. Ao todo, a consulta pública dos referidos cargos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) — gestão 2023-2027 – contabilizou 6.893 votos, sendo 6.421 válidos, 270 brancos e 202 nulos. Regida por normas dispostas na Resolução Nº 022/2022 do Conselho Universitário (Consuni), a consulta, realizada de forma online, via SIGEleição, é um indicativo da comunidade universitária para compor uma lista tríplice a ser enviada ao Ministério da Educação para decisão de nomeação do presidente da República.

O primeiro mandato da atual gestão, que se encerra no primeiro semestre de 2023, foi marcado por, pelo menos, duas grandes crises. A primeira devido aos constantes contingenciamentos de recursos federais, que impôs muitos limites ao crescimento e até manutenção de alguns serviços básicos, e a outra ocasionada pela pandemia da covid-19, que obrigou a educação brasileira a se adaptar a uma realidade nunca antes experimentada. De acordo com o professor Daniel Diniz, o cenário de poucos recursos exige muita estratégia por parte de qualquer gestão. “Infelizmente, existe um cenário de poucos recursos e existe um outro cenário de inviabilidade, de não ser possível realizar as ações da instituição. Esse é o cenário que nós estamos vivendo neste mês”, disse.

Daniel explica ainda que, por outro lado, considerando a importância que a Universidade tem, principalmente aqui para o estado, não é possível trabalhar com nenhuma possibilidade de suspensão de atividades, sejam quais forem. “Estamos trabalhando isso ainda neste ano. Tanto a nossa universidade como a rede de universidades. A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), a Associação que representa os reitores das universidades federais, está trabalhando fortemente junto ao Congresso ainda no orçamento deste ano, pois nós precisamos reverter um corte que ocorreu no meio do ano, como também já está trabalhando com a relatoria do orçamento para 2023, pois nós esperamos e precisamos que seja modificado drasticamente o Projeto de Lei Orçamentária Anual que foi para o Congresso. Esse projeto prevê um orçamento menor do que o orçamento que nós temos neste ano e isso simplesmente não é possível”, destaca Daniel.

Para complementar a dificuldade na questão orçamentária, o vice-reitor, Henio Ferreira de Miranda, enfatiza o grande desafio do primeiro mandato, que foi lidar com o cenário de pandemia. “Sem dúvida foi um grande desafio, pois foi um obstáculo muito grande em um momento em que a Universidade teve que paralisar presencialmente a maior parte das suas atividades por quase dois anos”, reforça, mas deixando claro que a UFRN não parou nesse momento. “Estivemos o tempo todo trabalhando, seja nas atividades acadêmicas, seja nas atividades administrativas por meio do serviço remoto. Sem dúvida isso fez com que as pessoas se distanciassem muito. Logicamente, foi uma série de obstáculos para enfrentar um desafio até então novo para todos nós”, completa.

O professor Henio acrescenta que os efeitos dessa pandemia estão sendo sentidos ainda hoje. “Essa questão da pandemia, somada às restrições orçamentárias do período, que foram muitas também, foram as principais dificuldades e os outros principais desafios a serem vencidos”, complementa.

Desafios para um segundo mandato

Os gestores reeleitos para comandar a UFRN dizem estar com uma expectativa muito forte das definições do novo governo federal eleito recentemente, uma vez que a rede de universidades federais no Brasil tem demandas importantes. A mais emergencial, não podia ser diferente, é a do orçamento. “Essa é uma pauta realmente emergencial, que precisa ser tratada ainda para este ano de 2022. Mas a rede de universidades tem várias outras pautas voltadas para o fortalecimento da educação e do papel das universidades como instituições essenciais para o desenvolvimento do país”, explica Daniel Diniz.

O reitor José Daniel destaca que o próximo período de gestão estará focado, entre outros pontos, nos pilares: qualidade, inovação e inclusão. O primeiro pilar virou uma política aprovada por colegiados superiores, gerando um compromisso de todos os segmentos com diversos resultados, tanto do ponto de vista acadêmico quanto do ponto de vista de gestão da instituição. O pilar da inovação, por sua vez, não está restrito à questões de inovação tecnológica, mas em todas as suas dimensões. “Inovação nos processos administrativos, nos modelos de trabalho dentro da Instituição, nas questões acadêmicas, nos projetos pedagógicos dos cursos; a inovação de um ponto de vista mais global daquilo que é inovar em todas as dimensões em que a Universidade atua”, pontua Daniel.

A inclusão, terceiro pilar para a nova gestão, está avançando, apesar das limitações financeiras, que têm impedido, por exemplo, a superação de barreiras físicas para pessoas com deficiência. A UFRN aprovou a criação de vagas de ampla concorrência para estudantes com deficiência, promovendo um aumento importante desse público. “É uma ação muito importante e a Instituição precisa estar preparada para garantir as condições para esses estudantes”, diz o Reitor. Outro desafio, ainda na dimensão da inclusão e que tem relação também com a inovação, é o da evasão, questão relatada em toda a rede de universidades do Brasil. “Os desafios são muito grandes, mas esses pilares precisarão estar em todos os nossos projetos e ações”, acrescenta Daniel Diniz.

Apesar de todas as dificuldades e desafios, o professor Henio afirma ter expectativas muito positivas. “Nossa carta-programa prevê uma universidade cada vez mais democrática, inclusiva e de qualidade acadêmica e significativa. A UFRN já é uma das principais universidades latinoamericanas, em especial do Nordeste. Nós somos, hoje, o primeiro lugar em administração de pessoal e a nossa perspectiva é continuar mantendo esse lugar no ranking e conquistar outros. Cada vez mais, melhoramos o conceito de curso de graduação e dos programas de pós-graduação, que já têm tido um avanço bastante grande neste ano”, enfatiza.

Primeiro mandato

“Por incrível que pareça, a adversidade fez com que nós crescêssemos”. A frase do professor Henio destaca o poder de resiliência da UFRN em meio às dificuldades vividas. Segundo ele, a adversidade uniu a comunidade e fez com que a Universidade prestasse uma significativa colaboração à sociedade, que estava precisando da Instituição por conta da pandemia. “A Universidade, além de manter suas atividades mesmo de forma remota, produziu várias alternativas para o enfrentamento da pandemia da covid-19. Entre elas está a vacinação. A Universidade cresceu e fez aquilo que não tinha planejado, que foi colaborar, de forma preponderante, com o enfrentamento da pandemia junto às organizações sociais e ao Governo do Estado, ao Governo Federal e ao Governo Municipal”, destacou o vice-reitor.

Para o professor Daniel Diniz Melo, é difícil colocar um aspecto único como marca da primeira gestão, mas, se tiver que destacar algo mais específico, é a superação. “Um cenário completamente adverso, com dificuldades no cenário político, no cenário orçamentário, combinado com uma pandemia global e essa universidade ter superado esse desafio enorme, avançando na qualidade dos seus cursos, no reconhecimento da gestão – nós temos vários indicadores de reconhecimento – esse pra mim é o destaque maior”, reforça.

Para a próxima gestão, continua Daniel, o desafio imediato vai ser a execução, de forma que a Instituição entenda que é o seu melhor a partir das condições que, espera-se, sejam asseguradas. “A Universidade tem projetos muito importantes na área da inclusão, por exemplo, que estão impedidos de serem executados adequadamente por questões orçamentárias”, comenta.

Interior

Projeto do campus da Escola Multicampi de Ciências Médicas

De acordo com o reitor e o vice-reitor reeleitos, o interior tem sido o foco de uma atenção muito especial da gestão. Neste primeiro mandato, foi criada a Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó (Felcs), em Currais Novos, a partir de uma unidade ligada ao Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres). Na própria Felcs, foi implantado, ainda, o curso de Engenharia de Produção, de elevada demanda, para fortalecer aquela unidade.

Os gestores destacam também que a maior obra da UFRN acontece em Caicó, que é a sede da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM). “Estamos concluindo o espaço de laboratórios, também no Ceres. Conseguimos recursos para segurar uma demanda já muito forte, e até antiga, da Facisa (Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi) de um ambulatório na área de enfermagem que vai possibilitar atendimento à população, formando pessoas nessa área. Os recursos estão assegurados, os projetos estão sendo finalizados”, afirma o professor Daniel.

Em Macaíba, segundo a gestão, foi finalizada e entregue a residência universitária e agora está para ser entregue, ainda neste ano, uma biblioteca, que era uma demanda antiga da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), além de um setor de aulas, que foi também sinalizado. “Então, em cada uma das unidades do interior, foram desenvolvidas ações importantes. Na extensão universitária, nós temos pedido à Pró-reitoria de Extensão, que tem correspondido com ações sempre incluindo as unidades do interior”, reforça o reitor.

Daniel Melo lembra que, após todo o período da pandemia com aulas remotas e distanciamento social, o retorno integral das aulas presenciais foi oficializado em cerimônia realizada no interior. “Nós precisamos enxergar e entender a Universidade como sendo essa instituição que está presente em Natal e está presente, em termos de campi, em mais quatro cidades, mas também temos polos de educação a distância em vários outros municípios. Esse conjunto é o que forma a nossa instituição” acrescenta.

PGD

O reitor José Daniel Diniz lembra que, apesar de o Programa de Gestão e Desempenho (PGD) estar em evidência agora, esse assunto está em discussão desde que assumiu o primeiro mandato. “Antes de qualquer plano até em nível federal, a UFRN discutiu esse assunto no início da gestão, sempre no sentido de que esse assunto deveria existir na universidade. Precisamos, todos, compreender que a Universidade é um ambiente muito diverso, com muitas formas de trabalho, com muitas ações, e é muito difícil você ter um só modelo que funcione da melhor forma para tudo que a Universidade faz. Então nós discutimos isso com a Progesp (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas) e um planejamento foi iniciado ainda nessa época, mas aí veio a pandemia”, disse Daniel.

Na pandemia, ele explica, a UFRN voltou suas atenções para ações de enfrentamento à doença, mas, tão logo foi possível retomar essa discussão, o processo recomeçou, sendo expandida para diversos segmentos e depois submetida a uma consulta junto à comunidade acadêmica até ser aprovada nos colegiados superiores. “Estamos agora numa fase de discussão, de capacitação, porque cada unidade vai ter que fazer o seu planejamento. Após esse planejamento e com a finalização do desenvolvimento de sistemas, isso vai começar a ser implementado. Como tudo que é muito novo, é possível, que na fase inicial de implantação, ajustes sejam necessários no modelo, mas eu penso que o que nós não poderíamos fazer era deixar de discutir e de avaliar aquelas áreas que podem ter outras formas de trabalho”, comenta o reitor.

O dirigente explica, porém, que esse não é um projeto de trabalho remoto. “Esse é um projeto de flexibilizar para que a Universidade tenha várias possibilidades de desenvolvimento de atividade, como é característico de uma instituição que tem a complexidade e a diversidade de uma universidade. A nossa expectativa é de que isso tenha um progresso, que a implementação se inicie, que os os ajustes sejam feitos e que, no futuro, a gente possa reconhecer que foi um avanço importante para a Universidade. A instituição pode ganhar, os servidores podem ganhar, a sociedade pode ganhar”, complementa.

O mar, a música, a flor e o forró

Daniel Diniz faz natação no mar e estuda música – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Eleito para o segundo mandato como reitor, tendo cumprido outro como vice-reitor, José Daniel Diniz Melo tem uma trajetória respeitada como professor, orientador e pesquisador, sendo responsável, entre tantas ações, pela submissão de ao menos sete pedidos de patentes. Mas, para além da correria da vida como educador e cientista, Daniel acha tempo para a natação – não a tradicional, em piscinas, mas no mar. “Fui convidado por uma colega professora aqui da Universidade. Ela disse: eu vou lhe levar pra nadar um dia, me levou e eu não parei mais. Tem um visual bonito, é agradável e, quando você está lá, nadando, a gente fica focado no grupo e na segurança”, conta.

Outra paixão de Daniel é a música, especificamente a clássica. “Gosto de estudar música e tem várias razões para isso, uma delas é o prazer e a outra é que a música exige muita concentração. Então, naquele período que você está tocando um instrumento, você não pode pensar em outra coisa senão focar somente naquilo e aí você sai um pouco da sua rotina de trabalho. E um terceiro ponto importante é que a música exercita determinadas áreas do cérebro que, na minha atividade profissional, não são tão exercitadas porque, talvez, outras áreas do cérebro sejam mais exercitadas. Então a música é muito importante pra mim”, declara.

O professor também dedica um tempo importante a cuidar de orquídeas. “Então, eu gosto dessa ideia de ficar cuidando de uma coisa durante muito tempo para ter um resultado num tempo curto ali, uma vez por ano. Aí, depois, a flor cai e você tem de esperar mais um ano. Isso significa exercitar a paciência também”, explica. Fora isso, continua Daniel, gosta de se encontrar com seus amigos, especialmente em dias de sábado, para ir a lugares simples, ou ouvir e dançar forró.

Trajetória de gestão

Hênio de Miranda tem uma trajetória na administração – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Um desportista por natureza que adora praticar esporte, jogar futebol e tênis. É assim que se define o vice-reitor Henio Ferreira de Miranda. “Adoro caminhar, principalmente ao ar livre, o nosso clima favorece isso, o nosso litoral; adoro uma caminhada na beira da praia. Gosto de música, gosto sempre de, nos horário livres, no final de semana, curtir um lugar que tem uma música ao vivo, degustar um drinque, alguma coisa assim, de forma que eu me considero uma pessoa bastante ativa”, comenta o professor.

Pernambucano de nascença, veio criança para o RN, onde estudou e se formou em Educação Física na UFRN. “Ainda como estudante, já era monitor, eu fui monitor da minha própria turma porque éramos a primeira turma”, lembra. Assim que se formou, prestou concurso aqui na Universidade, assumindo vaga no campus de Macau. “Com pouco mais de um ano naquele campus universitário, fui eleito o primeiro diretor de campus avançado. Eleito na Universidade, visto que, naquela época, os diretores de campus avançado eram de nomeação do reitor. Mas eu fui eleito e, a partir daquele momento, todos os diretores de campi avançados passaram a ser eleitos”, relata.

Passou cinco anos no campus Macau e retornou ao Departamento de Educação Física, no Campus Central, em Natal, permanecendo na administração universitária até hoje. “Em 43 anos de UFRN, tendo conseguido meu primeiro cargo com dois anos na Universidade, jamais passei sequer um dia sem exercer algum cargo administrativo. Entre eles: diretor de campus, coordenador dos campi avançados, diretor da divisão de atividades esportivas, coordenador de curso, chefe de departamento, assessor administrativo do Centro de Ciências da Saúde (CCS), depois vice-diretor por dois mandatos, depois diretor do CCS por dois mandatos. E agora estou exercendo o honroso cargo de vice-reitor da Universidade com a perspectiva de reeleição por mais um mandato”, comenta o professor Henio.

Fonte: Agecom/UFRN

Sair da versão mobile