Fazer com que pesquisas científicas cheguem até a população, explicando o que são e como funcionam, não é sempre uma tarefa fácil. A linguagem acadêmica, tão comum no dia a dia do cientista, muitas vezes impede o entendimento e o interesse da comunidade que não conhece sobre aquele assunto. Com isso em mente, dois egressos da UFRN, de campi no interior do estado, idealizaram o projeto Ciência no Interior, voltado à divulgação compreensível de estudos realizados fora de regiões metropolitanas, em espaços onde o conhecimento dificilmente alcança o público fora da bolha.
O projeto é encabeçado por Soraya Roberta dos Santos, doutoranda pela UFPE, e Inácio Medeiros, atual servidor no Instituto do Cérebro (ICe/UFRN). Ambos são egressos da UFRN nos campi de Caicó e Natal e são naturais de cidades do interior do estado. Por isso observaram, na dificuldade de fazer o público compreender e engajar-se com a produção científica, a necessidade de um espaço que faça da ciência um objeto acessível e ajude os pesquisadores do interior de todo o Brasil a divulgarem seus projetos.
Para Soraya Roberta, natural de Jardim do Seridó, o projeto busca chegar a todos os municípios do interior do Brasil, avaliando um perfil em comum entre esses espaços longe de grandes cidades. “Nos municípios fora das regiões metropolitanas, a divulgação é mais difícil, o conhecimento não sai da bolha dos acadêmicos e o próprio pesquisador muitas vezes tem dificuldade de conseguir sair da escrita científica e acadêmica. Então, com esse projeto, buscamos essa forma mais acessível, com o objetivo de um ajudar o outro nessa comunicação”, explica.
É bem-vinda a participar do Ciência no Interior qualquer pessoa de município fora de regiões metropolitanas do Brasil que esteja produzindo ciência e queira divulgar a sua história e a do seu projeto, seja estudante do ensino médio, graduação ou pós. Por meio do preenchimento de um formulário, a equipe passará a trabalhar em conjunto com o pesquisador na produção de conteúdo que divulgue esses trabalhos de forma simples, direta e atrativa.
Isso acontecerá, de acordo com os idealizadores, em forma de produção multimídia, como vídeos para o YouTube com os envolvidos na pesquisa e postagens para o Instagram, e com fotos da execução do projeto ou dos participantes. Está também nos planos a criação de um podcast no formato entrevista, buscando fazer com que não só os estudos sejam reconhecidos, mas também o autor.
“O problema não é só que a população não conhece o que é produzido e estudado, mas muitas vezes não conhece também as pessoas envolvidas nessa produção, que fazem parte da própria comunidade também”, reforça Soraya.
O Ciência no Interior busca ser uma rede de comunicação e apoio à divulgação científica e esse objetivo envolve não apenas a comunidade acadêmica e a população geral, como também um importante agente: o profissional da comunicação.
Sendo plataformas principalmente digitais, as redes sociais do projeto buscam agir como um banco de dados que pode expandir o leque de opções de profissionais da comunicação, no sentido de levar conhecimento sobre a produção científica também para veículos midiáticos, divulgando a ciência já em uma linguagem acessível para todos.
Atualmente o projeto aceita também participação externa de voluntários que desejem contribuir com o propósito da ação e para o reconhecimento de pesquisadores de pequenas cidades. Os interessados em fazer parte da equipe podem entrar em contato pelo perfil do projeto no Instagram.
Fonte: Agecom/UFRN