Depois de um lançamento que decepcionou mesmo os torcedores mais fiéis, a famosa série de futebol recebe seu novo título, eFootball 2023. Considerando o quase desastre visto no ano passado, era de se esperar que o jogo seguinte, que continua gratuito, tentasse trazer novidades suficientes para mudar o rumo de uma partida praticamente perdida. Quer saber o resultado desta nova investida da produtora Konami? Então vista o seu uniforme e aperte bem a chuteira, pois a análise vai entrar em campo!
Elenco “renovado”
Antes de mais nada, é importante deixar claro que eFootball 2023, na prática, funciona como uma atualização do eFootball 2022. Ou seja, ele continua com os mesmos troféus no PlayStation, mantém as moedas virtuais já obtidas e assim por diante. Embora essa notícia já fosse conhecida, confesso que vê-la na prática foi um pouco decepcionante. Essa era mais uma oportunidade de fazer mudanças mais profundas, mas isso não ocorreu.
Por exemplo, menus continuam com designs simplistas demais e pouco intuitivos, sem contar as paletas de cores pouco atraentes. Já em termos de visuais dentro de campo, há uma melhora significativa, com modelos, animações e texturas mais caprichadas. Ela é, entretanto, muito mais decorrente das várias atualizações que o game recebeu desde o lançamento da versão 2022 em setembro do ano passado do que do lançamento de 2023.
Vale lembrar que alguns desses updates foram bem significativos, como também já conferimos aqui no GameBlast. De qualquer forma, não espere algo incrível deste novo lançamento; apenas uma qualidade compatível com as propostas free-to-play e cross-play. Sobre esse último, foi prometido que um dia poderíamos disputar partidas entre todos os dispositivos — PC, PlayStation, Switch (ainda sem sua versão), Xbox e smartphones (que tem uma versão própria) — que contam com o game. Para essa integração ser possível, a qualidade e o desempenho precisam ser compatíveis entre todos os aparelhos.
Posso enfim afirmar que a produção dentro de campo está aceitável para manter esse equilíbrio, embora ainda acredite que os consoles de mesa poderiam ver um nível um pouco melhor. Afinal, jogos grátis alcançaram um nível bem alto na atualidade, então isso não pode ser uma desculpa para a Konami. De qualquer forma, acredito que o que realmente atrapalhou eFootball 2022 foram a jogabilidade e a quantidade de conteúdo. Elas melhoraram em 2023, agora razoavelmente suficientes, conforme veremos a seguir.
É uma partida de futebol
Vamos começar com aquilo que mais interessa: a jogabilidade e as mecânicas das partidas. Fico feliz em contar que elas estão muito melhores, com movimentos mais fluidos tanto por parte dos jogadores, quanto da bola. O antigo PES era conhecido pelos futebolistas “pesados” e com contatos mais realistas. eFootball 2023 conseguiu se aproximar mais dessa proposta sem o excesso de erros de passe e domínios vistos no 2022.
Os famigerados bugs agora parecem ter sido completamente eliminados, tanto visual quanto tecnicamente (algo natural, visto que o game é praticamente uma atualização do seu predecessor). Fazer tabelas, chutes de qualquer distância e lançamentos são lances acessíveis e divertidos. Os passes ainda são um tanto lentos, assim como o controle de bola, mas nada que comprometa a experiência.
Garanto que cada partida é divertida o suficiente, sobretudo jogando com os amigos. Não há como negar a facilidade de baixar um game gratuito para curtir as partidas de futebol, lembrando que a concorrência é um tanto salgada e, ao menos mecanicamente, nem tão melhor assim. Também é importante frisar que as partidas online, em geral, estão mais estáveis.
Ainda é possível notar algum input lag, mas os problemas de conexão só aparecem com força caso o matchmaking combine jogadores muito distantes. Mesmo que esse problema seja razoavelmente comum no Brasil, um game focado nos modos online precisa entregar bem mais. Como o nosso país é um dos maiores fãs da franquia anteriormente conhecida como PES, o negócio fica em um empate.
Faltou um estádio mais cheio
Agora vamos falar sobre as formas de curtir as partidas em eFootball 2023. Em mais uma das coisas (ruins) que não mudaram, o game é dividido em dois modos principais. O Authentic Dream permite ao jogador disputar partidas locais usando 26 times diferentes, uma evolução dos nove (9!) disponíveis no lançamento do 2022. Ainda assim é pouco, sobretudo pela carência de mais nomes de peso e pela ausência de seleções em partidas offline.
Um alento é que os seis times brasileiros disponíveis estão suficientemente fiéis. Para usar os times autênticos de forma online, é preciso recorrer a eventos especiais limitados (seleções podem ser encontradas aqui, mas limitadas a países mais tradicionais). Já no modo Dream Team temos algo semelhante ao antigo myClub (por sua vez, semelhante ao Ultimate Team ou FUT do FIFA), que permite a criação de um time dos sonhos. Para isso, o jogador adquire recursos, por meio de partidas contra a IA ou outros jogadores online, para comprar cartas representando os atletas.
O modo é bom na teoria, mas na prática é difícil conseguir bons jogadores e faltam mecânicas mais amigáveis para obter recursos. O FUT do FIFA sempre esteve na frente do myClub nesse quesito, sendo que a diferença continua gritante. Mesmo as opções para evoluir atletas e torná-los mais rápidos e habilidosos são pouco significativas, considerando o contexto geral. A política pay-to-win, para comprar pacotes com estrelas quase garantidas, torna tudo mais complicado, principalmente nas disputas pelos rankings.
Como deve ter ficado claro, são poucas as opções para jogar. A saudosa Master Liga, que seria um recurso excelente para jogar offline, está prometida somente para o ano que vem. Some a isso o cross-play ainda capenga, somente dentro das famílias PlayStation e Xbox (o PC e os dispositivos móveis não entram, lembrando que a versão de Switch caiu no limbo), e temos um game limitado em conteúdo, sobretudo localmente.
Além disso, pelo visto a questão do licenciamento continua sendo um problema. Não que o concorrente FIFA seja imune, visto que as coisas volta e meia ficam complicadas por lá. Por exemplo, a Juventus era exclusiva da Konami no 2022, mas agora voltou para a EA e sumiu do 2023. O ponto é que temos uma quantidade menor em eFootball, inclusive com menos nomes de destaque como Real Madrid e Liverpool, além das seleções não serem acessadas facilmente. Talvez uma versão paga ajudasse nesse e em outros quesitos carentes no game.
Do rebaixamento à proximidade da zona de classificação
Se fôssemos traçar um paralelo com o Brasileirão, eFootball 2023 finalmente tirou a franquia da zona de rebaixamento, colocando-a numa posição mais confortável. Os visuais mais caprichados, a inclusão de mais equipes e a significativa melhora na jogabilidade tornaram a experiência free-to-play adequada e divertida. A questão é que parte dos maiores problemas continuam, incluindo experiência local limitada e quantidade de conteúdo minimamente suficiente.
Graças a sua estreia bastante acidentada, vai ser difícil mudar o ritmo da partida apenas com novidades e melhorias pontuais. Salvo uma catástrofe dos concorrentes, a Konami precisaria trazer qualidades mais significativas, como mais times, cross-play funcional e modos de jogos extras como a Master Liga. Dado o que vimos até agora, isso parece improvável; então, o negócio vai ser ganhar o campo um pouco de cada vez. Como aquele torcedor machucado, mas sempre fiel, estarei na torcida para ver esse título clássico um dia voltar a sua glória passada.
Prós
- Game de futebol digital funcional e com boas opções para jogar;
- Proposta de gratuidade continua interessante, sobretudo para um game esportivo no mercado atual dos videogames;
- Visuais dentro das quatro linhas são competentes;
- Jogabilidade funciona bem;
- Potencial para avançar de um jogo bom para um jogo ótimo.
Contras
- Nova versão mantém os maiores problemas do ano passado: menus simplistas e pouco intuitivos, pouca quantidade de conteúdo local, cross-play limitado, etc.;
- Licenciamento poderia ser melhor;
- Versão paga inexistente para quem quer mais do game.
eFootball 2023 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS5
Análise de Matheus Senna de Oliveira
Fonte: GameBlast
