A Organização das Nações Unidas promove, durante o mês de setembro, a Science Summit da 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (UNGA77). Este ano, profissionais de todo o mundo se reúnem para discutir e socializar sobre o tema central da programação, o Desenvolvimento Sustentável. Uma das participantes é a professora Aline Ghilardi, do Departamento de Geologia da UFRN, que integra o painel Towards Decolonized Science: Global Policy Dialogue, que busca entender a ciência sob uma perspectiva decolonial. O momento acontece no dia 26 de setembro às 17h no horário de Brasília.
De forma geral, o pensamento decolonial significa buscar alternativas de pesquisa e estudo que fujam do padrão eurocêntrico. O principal objetivo do painel Towards Decolonized Science é construir práticas que, a curto e longo prazo, possam ser usadas para fomentar a produção científica e o entendimento sobre a ciência de forma decolonial, além de conscientizar a sociedade sobre o tema.
A participação de Aline Ghilardi tem como recorte específico a paleontologia, área historicamente afetada pela centralização e pelo domínio de uma ciência centrada na Europa. A paleontóloga reforça que é importante entender como a paleontologia e outras ciências naturais foram construídas dentro do colonialismo, com muitos itens de territórios colonizados sendo mantidos ao longo da história em museus e laboratórios europeus, por vezes de forma irregular.
Um exemplo disso é o fóssil Ubirajara, natural do Brasil e enviado ilegalmente para a Alemanha em 1995. A permanência irregular do fóssil no país europeu veio à tona apenas em 2020 e somente dois anos depois, com grande mobilização virtual, teve seu retorno às terras brasileiras decretado. Aline Ghilardi foi uma das principais responsáveis pela campanha digital #UbirajaraBelongstoBR (Ubirajara pertence ao Brasil), que deu grande visibilidade para o caso.
Para Aline, casos como esse destacam a importância de se manter uma discussão sobre uma ciência decolonial e que valorize os recursos e as produções de países historicamente explorados. De acordo com a professora, é necessário debater o tema não só entre pessoas da área, mas também expandir essas informações para a sociedade.
“Na maioria dos casos, por exemplo, as descobertas acontecem em zonas rurais ou cidades no interior do país e muitas vezes a população desses locais não tem um retorno, não sabem o que acontece ali. Por isso é importante também entender como podemos nos comunicar com essas comunidades”, diz a pesquisadora.
É possível acompanhar, de forma gratuita e virtual, a programação da Assembleia-Geral e o painel Towards Decolonized Science. A inscrição no evento pode ser feita no site oficial, clicando-se na opção Register. Uma vez inscrito, é possível selecionar quais partes da programação farão parte da sua agenda e um e-mail será recebido contendo as instruções de participação pelo aplicativo Zoom.
Imagens: Reprodução
Fonte: Agecom/UFRN