Um cientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) acaba de criar uma tecnologia que permite o uso de curativos mais prático e sem possibilidade de contaminação. A ideia do dispositivo desenvolvido, que recebeu o nome de Aplicador de curativos e fitas adesivas sequenciais com lacre individual, partiu do professor da área de medicina José Luiz de Souza Neto e teve seu patenteamento depositado no mês de julho.
O equipamento é pensado para facilitar o uso da proteção por quem está lesionado e pelas pessoas com alguma dificuldade de coordenação, situação muito comum em pessoas com mais idade. Para o inventor, a maneira, cuja utilização envolve uma preparação prévia, torna-se mais higiênica pois é realizada sem a necessidade de manipulação direta, o que é ainda mais complicado quando se tem um ferimento na mão. “É prática também, pois dispensa o apoio bimanual, sem falar que pode ser usado para fitas adesivas para outras finalidades que não apenas as da área de saúde”, exemplifica o docente.
Os curativos pré-fabricados são uma invenção antiga e foi concebida na década de 1920 com o surgimento do Band-aid. Seu emprego é muito amplo e garantido pela praticidade que oferecem. Contudo, quando se tem um ferimento na mão, a situação se complica, haja vista a necessidade de se usar as duas mãos para utilizá-los. O dispositivo criado contorna esse entrave.
Isso porque o produto é uma estrutura com formato anatômico e que pode ser segurada por apenas uma mão – em seu interior, um rolo com curativo ou com fita adesiva para outra finalidade. Nesse caso, a proteção pode ser de uma única camada ou múltiplas (é o caso do famoso Band-aid), as quais, à medida que o aplicador é utilizado, são descoladas individualmente, deixando a camada que constitui o curativo propriamente dito, livre e pronto para ser aderido apenas com o arrasto manual do dispositivo sobre a superfície. Esse movimento acaba por dispensar o acionamento por botão ou gatilho, após a retirada de um lacre, o qual sempre precede cada um dos adesivos.
José Luiz de Souza Neto descreve que uma vez a bandagem se exteriorizando do corpo estrutural, um lacre pode ser destacado, sem contaminação ou desperdício. “Quando o curativo ou fita adesiva entra em contato com a superfície que a recebe, uma suave compressão da extremidade do dispositivo por meio de seu bico dispensador faz o ajuste e a aplicação é completada pelo deslocamento do corpo estrutural do aplicador para trás, tornando visível um novo lacre para o uso subsequente”, disse o professor.
Assim, uma vez um arranhão ou uma outra lesão que necessite de proteção, retira-se um lacre na extremidade da fita e o dispositivo poderá ser segurado por uma única mão, para que se possa usar na área lesada com mínima força. Quando acontece o toque entre a superfície do adesivo e a pele, a fita é aplicada através de um arrasto. Segundo o pesquisador, a forte adesão firmará ponto de apoio para que o rolo de seja posto em movimento. O aparelho é projetado para que, uma vez que o curativo seja inteiramente fixado, a pessoa comprima um botão, responsável por acionar um sistema de freio que impede que sejam utilizados outros de forma inadvertida.
“É bom pontuar que de forma opcional, poderá haver um compartimento que permite armazenamento de uma carga extra no interior do corpo estrutural. O dispositivo também poderá ser dotado de motor que auxilia na dispensação do curativo. Em outras palavras, o equipamento é dotado de variadas possibilidades de atingir um bom grau de customização para uso”, ressalta José Luiz de Souza Neto.
A invenção passa a integrar a Vitrine Tecnológica da UFRN, conjunto de pesquisas e estudos que resultaram em registros com propriedade intelectual, tais quais programas de computador e patentes. Atualmente. O ‘portfólio’ conta com mais de 300 opções e pode ser acessado no endereço www.agir.ufrn.br, mesmo local em que pesquisadores tem acesso a informações adicionais de como proceder no caso de precisar proteger alguma nova tecnologia, sejam patentes ou programas de computador. De todo modo, o passo inicial em ambos casos chama-se notificação de invenção, que pode ser feito no Sigaa, aba pesquisa.
“Embora nos casos de ainda não ter ocorrido a concessão da patente, processo que é um pouco mais demorado, ainda assim a tecnologia em si já pode ser aproveitada pelo setor produtivo, o que pode gerar recursos para os inventores. É uma via de mão dupla”, coloca o diretor da Agência de Inovação (Agir) da UFRN, Daniel de Lima Pontes. Na UFRN, a Agência de Inovação tem a responsabilidade de dar o suporte aos pesquisadores, desde o depósito em si até os trâmites seguintes, como resposta aos questionamentos dos analistas do INPI e os pagamentos das taxas no Instituto.
No âmbito da inovação, uma das novidades de 2022 foi a aprovação de uma Resolução específica a respeito de uma Política de Inovação para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Primeira em sua história, começou a vigorar no mês de junho. Nela, o diretor da Agir identifica algumas novidades. “Uma delas é a previsão de o pesquisador público poder solicitar licença sem remuneração para constituir empresa com a finalidade de desenvolver atividade empresarial relativa à inovação, desde que não esteja em estágio probatório”, identifica o gestor. Daniel Pontes acrescenta ainda que os royalties das invenções passam a ser compartilhados agora também com as unidades executoras, em percentuais previamente definidos. A medida acontece como forma de estimular o maior envolvimento das unidades no apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias por parte dos seus pesquisadores. A Resolução 05/2022 está disponível no portal da UFRN.
Fonte: Agecom/UFRN