Tartarugas enfrentando uma nova ameaça
Destruidor e o Clã do Pé decidiram “remodelar” a Estátua da Liberdade e, no processo, estão promovendo o caos por toda Nova York. Naturalmente, as Tartarugas não vão permitir essa bagunça e vão para as ruas enfrentar os vilões da maneira tradicional — ou seja, descendo a porrada em todos. Desta vez, o quarteto de heróis é acompanhado por Mestre Splinter, April O’Neil e Casey Jones.
TMNT: Shredder’s Revenge é uma aventura beat ‘em up bem tradicional. No controle de um dos heróis, atravessamos fases enfrentando inúmeros capangas pelo caminho, com um chefe esperando no final. Na essência não há muita complicação e basta apertar o botão de ataque para desferir combos e derrotar inimigos. Eventualmente aparecem novos tipos de oponentes que exigem estratégias diferentes, como ninjas com escudos ou robôs resistentes aos golpes normais.
Para enfrentar os novos tipos de desafios, os heróis contam com movimentos avançados diversos. Há um ataque ascendente para lançar inimigos no ar, investidas deslizantes durante a corrida e um golpe carregado para quebrar a defesa de certos oponentes. Cambalhotas permitem escapar de perigos, sendo possível emendar uma voadora logo em seguida. Acertar ataques preenche uma barra de energia que pode ser utilizada para desferir técnicas especiais poderosas capazes de limpar a tela.
Todos os heróis compartilham o mesmo conjunto de movimentos, mas cada um conta com algumas particularidades. April, por exemplo, é ágil e consegue montar sequências com maior facilidade. Donatello tem mais alcance com seu bastão, porém seus golpes são um pouco mais lentos. Leonardo conta com um golpe giratório no ar que é uma ótima opção para acertar grupos de inimigos. As diferenças são sutis, mas suficientes para nos incentivar a testar diferentes personagens.
Os 16 estágios da aventura podem ser explorados em duas modalidades distintas. O modo História oferece uma experiência mais relaxada: atravessamos uma fase por vez e podemos trocar de personagem a qualquer momento. Além disso, há missões opcionais para completar e as habilidades dos heróis são liberadas aos poucos conforme eles sobem de nível. Já o Arcade é bem tradicional e nos desafia a terminar todos os estágios em sequência com uma única “ficha”, ou seja, não existe a opção de salvar o progresso, trocar de personagem ou continuar após ser derrotado.
Destruindo tudo sozinho ou com amigos
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge me conquistou com seu conceito que resgata os beat ‘em ups da década de 1990 ao mesmo tempo que moderniza as mecânicas. Os comandos são simples o bastante para tornar o título bem acessível, mas há também um pouco de complexidade para jogadores veteranos.
A fluidez da ação é minha característica favorita no jogo. É incrivelmente fácil criar combos diversos, principalmente por causa da agilidade dos controles. Durante as partidas, fui capaz de fazer sequências elaboradas com golpes no solo, lançamentos no ar e cambalhotas seguidas de voadoras. Os inimigos rebatem pelos cenários, o que permite montar combos ainda mais longos e visualmente impressionantes. Há também muitos momentos com vários oponentes na tela e é recompensador derrotá-los — é um caos visual divertido de ver.
O aspecto multiplayer é forte: as partidas comportam até seis jogadores localmente e online. Além de mais oportunidades de combos, o modo multijogador tem recursos exclusivos, como golpes coordenados entre diferentes heróis e a possibilidade de reviver parceiros derrotados. A quantidade de inimigos aumenta conforme o número de participantes, o que deixa as coisas um pouco bagunçadas demais — é tanta coisa acontecendo na tela que é difícil se localizar. Mas a intenção é curtir com os amigos, e nisso o jogo acerta.
Um beat ‘em up preso no passado
É fácil perceber que o objetivo de Shredder’s Revenge é oferecer uma experiência arcade, afinal as mecânicas não são muito complexas. Há alguns elementos mais elaborados, como inimigos que exigem estratégias diferentes e as várias opções de ataques, mas, no fim, o jogo se revela conservador demais em alguns aspectos.
Para começar, a estrutura dos estágios é extremamente básica, consistindo em avançar sempre para a direita enfrentando inimigos até o chefe. Em raríssimos momentos aparecem buracos ou armadilhas, mas são inclusões de pouco impacto. Em algumas fases, os heróis usam pranchas flutuantes para avançar, porém o efeito é puramente visual — fora alguns obstáculos, não há diferenças em relação às fases no solo. Elementos como rotas alternativas ou topografias diferentes ajudariam a trazer maior variedade à aventura.
O jogo também insiste em trazer de volta alguns problemas clássicos do gênero. Muitas das batalhas dos chefes se resumem a escapar do inimigo até que ele fique vulnerável, raramente exigindo alguma estratégia. Em certos trechos, perigos aparecem sem aviso prévio, sendo difícil reagir em tempo hábil — isso, inclusive, é inconsistente, pois em alguns momentos aparecem ícones para indicar que um obstáculo está vindo de fora da tela.
Faltou também mais conteúdo: as 16 fases podem ser atravessadas em aproximadamente duas horas. Depois disso, há poucos motivos para revisitar o jogo, pois as missões opcionais do modo história são desinteressantes e o sistema de níveis dos personagens é extremamente básico. Claro, é possível curtir o modo arcade com os amigos ou tentar desbloquear todas as conquistas, mas não deixa de ser uma pena a ausência de outros modos ou desbloqueáveis.
Em uma Nova York bela e nostálgica
O aspecto mais impressionante de Shredder’s Revenge é a ambientação inspirada na era 16-bits. O jogo é construído com pixel art colorido e impecável, e é difícil não se deslumbrar com a atenção aos detalhes. Cada personagem esbanja personalidade com seus vários movimentos únicos, como Donatello jogando um Game Boy durante sua provocação, April tirando uma foto de um oponente caído ao final de seu combo e Casey Jones trocando de roupa de acordo com o ataque.
Os cenários são variados e recheados de elementos elaborados. O primeiro estágio, por exemplo, se passa nos estúdios do Canal 6 e lá os capangas do Clã do Pé tentam se esconder fingindo que estão trabalhando no escritório ou apresentando um programa de culinária. Já em um zoológico, animais participam da pancadaria lançando frutas ou atropelando os combatentes. Uma trilha sonora agitada repleta de elementos retrô produzida por Tee Lopes (de Sonic Mania e Streets of Rage 4: Mr. X Nightmare) complementa a ação.
Há, também, muita nostalgia na ambientação. É possível lançar inimigos na tela como nos jogos passados, a abertura dos estágios mostra uma silhueta do chefe junto com uma breve narração e a música utiliza alguns instrumentos e sons dos títulos clássicos. O elenco também é bem variado, com chefes populares, como Bebop e Rocksteady, assim como alguns inimigos mais obscuros.
Para aproveitar com os amigos e com muita pizza
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge traz pancadaria de qualidade com alguns toques retrô. Seu maior destaque é a jogabilidade ágil e acessível que permite montar combos impressionantes, e a variedade de movimentos e inimigos traz diversidade ao combate. Além disso, o multiplayer para até seis jogadores é frenético e caótico, sendo uma ótima opção para curtir com os amigos.
A nova aventura das tartarugas é inspirada fortemente no passado e até moderniza alguns conceitos. No entanto, o título é conservador demais e ousa muito pouco — o que é uma pena, pois outros beat ‘em ups atuais já provaram que é possível inovar. De qualquer maneira, a ambientação nostálgica com visual pixel art elaborado e a ação descomplicada já são motivos suficientes para conferir o título.
No mais, Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é um beat ‘em up que oferece uma experiência arcade simples e divertida.
Prós
- Combate ágil, variado e acessível;
- Multiplayer frenético para até seis jogadores;
- Ambientação impecável com visual pixel art vibrante e música com toques retrô.
Contras
- Estrutura de estágios simples demais;
- Alguns problemas de balanceamento e ritmo;
- Conteúdo limitado.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise de Farley Santos
Fonte: GameBlast