O ex-prefeito de Natal e pré-candidato a senador Carlos Eduardo Alves (PDT) resgatou, recentemente, em entrevista, o escândalo que na época ficou conhecido como a “Máfia do Saco”. O pedetista atribuiu o fato ao seu possível concorrente à vaga no Senado Federal nas eleições de outubro, o ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho (PL). “Rogério Marinho foi presidente da Urbana e ficou conhecido como o famoso escândalo do Saco Preto”, afirmou Carlos Eduardo à reportagem.
Diante das declarações, o Portal do AGORA RN foi em busca de apurar os fatos e, até o momento, não conseguiu ligar o ex-ministro Rogério Marinho ao caso. O escândalo tornou-se público em 2009 a partir de uma denúncia de Fernando Lucena, então presidente do Sindicato dos Profissionais da Limpeza. A denúncia foi tornada pública através de uma reportagem das jornalistas Delma Lopes e Luana Ferreira, publicada no portal Nominuto. Lucena denunciou um esquema atribuído, por ele, às empresas de lixo e a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), responsável por gerir a limpeza pública de Natal. De acordo com a denúncia feita em 2009, a intenção era adulterar os lixos para pesar mais, e assim pagar o valor mais caro do que era originalmente.
A pesquisa não encontrou na biografia de Rogério Marinho se o mesmo, em algum momento, esteve à frente da Urbana. O que se apurou é que Josenildo Barbosa, que ocupou, entre 2004 e setembro de 2008, a diretoria de operações da empresa, teria sido indicação do ex-ministro Rogério Marinho, que em 2005 ocupou a presidência da Câmara Municipal de Natal. Em 2009, a promotora de Justiça Keiviany Silva de Sena instaurou procedimento, onde solicitou cópia da perícia realizada nas balanças do lixão, e requisitou do diretor da Urbana cópia do contrato referente aos serviços de limpeza pública de Natal, e notificou o diretor da Associação dos Caçambeiros de Natal para prestar depoimento. A reportagem ainda não teve acesso ao resultado deste procedimento.
Em pesquisa realizada no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN), a reportagem não conseguiu encontrar qualquer processo judicial em que possa apontar o ex-ministro Rogério Marinho como participante da “Máfia do Saco Preto”. Não se encontrou documentos que comprovem, configurem ou associem Rogério Marinho ao escândalo mencionado pelo ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves.
Carlos Eduardo Alves reforçou denúncias em entrevista à 98 FM
Em entrevista ao programa “Repórter 98”, da 98 FM Natal, Carlos Eduardo disse, ainda, que, se for acusado de praticar denunciação caluniosa (acusações sem fundamentos ou provas) contra o oponente, vai “desenterrar as coisas” para provar suas declarações. “Eu aceito. Faça a denunciação, que a gente vai desenterrar as coisas”, disparou.
Assim como já tinha feito em entrevista ao jornal Agora RN, Carlos Eduardo resgatou na entrevista à 98 FM escândalos relacionados a Rogério Marinho, para ligar o nome do ex-ministro a casos de corrupção. Na entrevista, o caso que mereceu mais destaque foi o da “Máfia do Saco Preto”.
“Quando foi presidente da Urbana, houve o famoso escândalo do Saco Preto. Ele presidente da Urbana, o Ministério Público e a Polícia invadiram a Urbana porque o lixo de Natal, que era colocado no saco preto para pesar, ele levava areia no outro saco para dar o sobrepeso e ali era onde estava a propina. Não sei como está esse processo, porque foi há mais de 20 anos. Eu me lembro da luta para não quebrarem o sigilo bancário dele naquela época”, afirmou o ex-prefeito de Natal.
Carlos Eduardo registrou, ainda, que Rogério Marinho responde a uma ação por peculato por supostamente ter nomeado servidores fantasmas quando era presidente da Câmara de Natal. No mês passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou uma ação do ex-ministro para trancar a ação. Está prevista uma audiência no caso para o fim de maio.
Por fim, o ex-prefeito de Natal citou a denúncia do jornal O Estado de S. Paulo de que uma emenda orçamentária do relator prevê a construção de um mirante turístico perto de uma propriedade de Rogério Marinho em Monte das Gameleiras (RN).
Imagem: José Aldenir
Fonte: Agora RN