Na análise de hoje, vamos viajar ao Peru para ajudar um simpático ser de cabeça quente em uma importante missão: salvar o Sol de um eterno eclipse maligno. Imp of the Sun nos levará a uma aventura recheada de belos visuais, puzzles desafiadores e combates intensos contra vários inimigos. Passe seu filtro solar e vamos nessa!
Uma pequena solução para um grande problema
Nossa aventura começa com o envio de um diabrete para a Terra pelo próprio Sol, no intuito de resolver um problema de proporções cósmicas: O astro rei está sendo ameaçado por um perigoso eclipse que está influenciando diretamente o mundo com a aparição de seres malignos, dentre os quais estão quatro guardiões que estão consumindo o poder de uma lança dourada que é a única arma capaz de selar esse mal.
Chegando na Terra, o diabrete acaba fazendo amizade com uma simpática garotinha que o batiza de Nin, e conta o que está acontecendo na região. Ela e sua avó vivem próximas do templo que guarda o poder que o pequenino precisa, mas para acessá-lo ele terá que derrotar os quatro guardiões, além de obter habilidades especiais que o permitirão superar os perigos do local.
Nin então parte para cumprir sua missão, viajando aos quatro cantos da região para encontrar e derrotar os guardiões e salvar o Sol. Uma missão grandiosa, mas nada que um pequenino herói com uma força de vontade gigantesca não seja capaz de resolver.
A chama da valentia
Imp of the Sun é uma aventura de plataforma não linear. Ao acessar a área central do jogo, Nin pode escolher qualquer uma das quatro áreas disponíveis no mapa para começar sua batalha contra os guardiões. Com uma bela direção de arte que remete à região dos Andes, na América do Sul, em cada uma delas ele obterá uma habilidade especial nova que favorece sua movimentação, auxiliando-o na luta contra os inimigos e na resolução de puzzles para conseguir acesso à área onde está o guardião do setor.
A estrutura de níveis, como mencionei, está dividida em quatro áreas, cada uma dominada por um guardião que faz o papel de chefe do setor. Os temas das quatro regiões são bem distintos, oferecendo um ótimo nível de desafio e, por não precisarem obedecer a uma ordem para ser concluídos, ocasionando uma experiência distinta para cada jogador que se aventurar no game pela primeira vez. Algo tipo Mega Man, em que podemos escolher a ordem das fases que queremos jogar. Colecionáveis também estão disponíveis para estimular a exploração e enriquecer a narrativa.
Além de atacar usando de golpes com sua lâmina, Nin faz uso de lanças que podem ser arremessadas para ativar alavancas e outros alvos que causam algum tipo de interação com o cenário, como mover plataformas ou desativar armadilhas. Essas lanças também servem para atacar os inimigos, mas causam muito pouco dano.
Além de ser bom de briga, uma das principais habilidades de Nin é o uso de técnicas que consomem sua energia, chamada de Fogo Interior (FI). Representada por uma barra logo abaixo de seus pontos de vida, o FI é consumido toda vez que o pequeno faz uso de suas técnicas especiais, e é um recurso diretamente influenciado pela luz.
Quando Nin está em uma área mais aberta, que recebe a incidência do Sol que está em perigo lá no céu, sua barra de FI é recarregada normalmente por conta da luminosidade. Ao acessar locais mais fechados ou em áreas subterrâneas, como templos ou cavernas, por serem locais com pouca incidência de luz, a barra de Fogo Interior se recarrega bem mais devagar, chegando até a não ser reabastecida caso o herói esteja em completa escuridão.
Nessas áreas mais escuras, Nin pode segurar tochas, usando a luz que emitem para recarregar seu FI. Uma das técnicas mais importantes que consomem esta energia está relacionada à recuperação de seus pontos de vida: segurando o botão correspondente quando uma certa quantidade de Fogo está disponível, Nin recupera quantos pontos de vida forem possíveis. A título de comparação, funciona de forma semelhante ao que já foi apresentado em Hollow Knight.
Ao derrotar inimigos, Nin obtém pontos que são trocados por melhorias em seus pontos de vida, capacidade de Fogo Interior ou aumento no dano que ele causa ao realizar ataques. Eventualmente, orbes são coletados para recuperar pontos de vida do herói, não limitando a recuperação de sua vida à sua técnica especial de regeneração. O pequeno diabrete também aprende técnicas especiais únicas ao derrotar cada chefe, mas elas são pouco úteis, para falar a verdade.
Tapando o sol com a peneira
Com um nível de desafio moderado, Imp of the Sun traz mais momentos irritantes do que satisfatórios no que diz respeito ao gameplay. Um dos principais problemas que enfrentei durante a jogatina foi em relação à movimentação de Nin. O diabrete se movimenta muito rápido, como se estivesse sempre com muita pressa para resolver seus assuntos, o que prejudica, e muito, a precisão na hora de controlá-lo. Nesse aspecto, o combate também acaba sendo prejudicado.
Seções de plataforma que exigiram mais de minha habilidade com os saltos foram bem chatinhas de passar por conta desse detalhe. Os desenvolvedores deveriam pegar mais aulas de Super Mario e Sonic para ajustar melhor este importante detalhe.
A direção de arte tem seus méritos, mas em alguns momentos são perceptíveis as poucas falhas que existem na belíssima apresentação. A câmera do jogo assume distâncias pré-determinadas dependendo do local e da situação que Nin está enfrentando. Quando ela assume um ângulo mais aberto, alguns cenários se mostram belíssimos, mas quando ele está mais próximo é possível ver que a resolução de alguns elementos está mais baixa, empobrecendo um pouco a beleza do game.
O roteiro de cada área é igual, exigindo que o jogador aprenda uma nova habilidade que o ajudará majoritariamente naquela localidade e encontre duas joias que vão ativar o altar que levará Nin para o embate contra o guardião daquele setor. Sendo assim, por mais que as áreas sejam distintas tanto em visuais quanto inimigos, o esquema sempre será o mesmo: aprenda uma habilidade, encontre as joias, derrote o chefe, vá para a próxima área. O roteiro é seguido até o final, em que tudo o que o jogador aprendeu durante a campanha será colocado à prova antes da luta derradeira.
De qualquer modo, minha experiência com Imp of the Sun foi divertida e desafiadora, sendo possível concluí-lo em poucas horas. Após isso, fui presenteado com um novo modo de jogo, que muda algumas regras e deixa o game mais difícil. Um tentador convite para jogá-lo novamente com a promessa de desvendar novos mistérios e estender minha estadia nos Andes.
Sem risco de insolação
Imp of the Sun tem uma carinha simpática e até infantil, mas por trás dela temos um jogo com um nível de desafio satisfatório, rodeado de belos visuais e uma ótima recompensa após sua conclusão. Nada memorável, mas consegue seu lugar ao sol entre os bons títulos de plataforma da atualidade.
Prós
- Gráficos simpáticos e agradáveis;
- O Fogo Interior adiciona uma dinâmica interessante ao uso das habilidades de Nin;
- A estrutura de níveis e os colecionáveis favorecem a exploração;
- O pós-jogo adiciona um modo extra desafiador que estende a vida útil do game.
Contras
- A movimentação de Nin carece de precisão na movimentação e no combate;
- Alguns elementos gráficos se revelam com pouco acabamento quando a câmera está muito próxima;
- As técnicas aprendidas ao derrotar os chefes, em geral, não são tão úteis;
- A estrutura das áreas, com o mesmo roteiro, cria previsibilidade.
Imp of the Sun — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Análise de Alexandre Galvão
Fonte: GameBlast