Estudo analisa envelhecimento ativo na pandemia

Publicidade

A projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é de que, em 90 anos, 40,3% dos brasileiros serão idosos. Considerando os aspectos da transição demográfica e a premissa de que viver mais não significa viver bem, nova pesquisa buscou entender a percepção da terceira idade em torno do envelhecimento ativo e como a pandemia da covid-19 afetou esse processo. A coleta de dados foi realizada no município de Santa Cruz (RN), no período de agosto a dezembro de 2020, com 12 idosos.

Os resultados mostram que o grupo enxerga o envelhecimento como uma fase diferente entre homens e mulheres e que sofre influência dos fatores socioeconômicos. Além disso, observou-se que as pessoas idosas mantiveram as medidas restritivas e utilizaram as plataformas digitais para se comunicarem com familiares e amigos, mas que o contato on-line não preencheu totalmente as necessidades emocionais, e as atividades físicas e de lazer foram altamente reduzidas.

O estudo foi desenvolvido por Larissa Medeiros de Souza para seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCReab) da Facisa (UFRN) e recebeu a orientação da professora Núbia Lima e coorientação da docente Aline Braga. Segundo a pesquisadora, o termo “envelhecimento ativo” é bastante recente, tendo sido adotado na década de 1990 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas somente aprofundado com o documento Envelhecimento Saudável: uma política de saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde, e traduzido para o português em 2005.

Larissa explica que o conceito está pouco disseminado no senso comum, por isso a opinião dos idosos sobre o envelhecimento ativo e seus determinantes ainda necessita de mais compreensão: “Um resultado bastante interessante foi em relação à definição de envelhecimento ativo. Muitos idosos nunca ouviram o termo e tiveram dificuldades em tentar explicá-lo”.

Se a nomenclatura já é um desafio para os idosos, sua prática não é diferente. Isso porque a busca pela qualidade de vida dessa população implica as oportunidades de participação social, atividade física, boa alimentação e acesso adequado à renda e aos serviços de saúde. “De acordo com os participantes, vencer esses desafios ajudam no desenvolvimento do envelhecimento ativo. Além disso, a autopercepção que o idoso possui, assim como a visão que a sociedade possui em relação ao seu papel (o que um idoso pode ou não fazer), constituem desafios para a plena efetivação do envelhecimento ativo”, esclarece.

Larissa Medeiros ressalta que o envelhecimento ativo visa à melhora da qualidade de vida por meio da otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança. “Na teoria, proporcionar à população as condições necessárias para que os determinantes se façam presentes na vida dos idosos é fomentar o envelhecimento ativo. Na prática, a plena efetivação dessas condições para a população perpassa a discussão acerca das políticas de envelhecimento e da efetivação de políticas públicas amplas, que abarcam aspectos de saúde, assistência social, condições de moradia, educação, trabalho, combate à violência, entre outros”, argumenta.

Para garantir os direitos da população idosa, a cidade de Santa Cruz conta com o Conselho Municipal de Direito do Idoso (CMDI). O órgão foi criado em 2021 e busca formular, fiscalizar  e preservar a prática das políticas públicas municipais voltadas aos habitantes idosos. Na escala estadual, o RN aderiu em 2021 ao Pacto Nacional de Implementação da Política de Direitos da Pessoa Idosa. O projeto foi idealizado pela  Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), e busca formalizar as políticas públicas para a terceira idade nos eixos federal, estadual e municipal.

Imagem: Reprodução

Fonte: Agecom/UFRN

Sair da versão mobile