Quem um dia iria dizer que a relação desse casal tão distinto, mas ao mesmo tempo tão conexo, chegaria às telonas, em uma produção única e envolvente, que levaria o público para dentro do romance singular, criado pelo poeta contemporâneo da música brasileira, Renato Russo.
Eduardo e Mônica, é uma adaptação produzida pelos mesmos criadores de Faroeste Caboclo (2013), e entrega um filme ímpar e inigualável, interpretado magistralmente por Alice Braga e Gabriel Leone, que personificam fielmente os personagens da canção de Renato, mostrando que o diferente pode somar o outro, trazendo as experiências significativas que se completam como feijão com arroz.
Mas, além deste romance principal, o longa-metragem ainda traz de forma sutil sobre a convivência entre os pensamentos divergentes, e a concordância em não concordar, com respeito e cumplicidade em aceitar as ideias e opiniões contraditórias sem polarizar conceitos e desrespeitar o outro, sendo apenas humano e coletivo às suas decisões e convicções, perante a obra de Renato.
Mas, antes de tudo, o filme dialoga diretamente com o público, apresentando com perspicácia as discrepantes maneiras de se relacionar e interagir em sociedade, além de amar e conquistar. Afinal, dentro de cada um, há um pouco de Eduardo e da Mônica, ou então, de ambos, para que assim, coexista uma história de amor que encontra no imaginário popular brasileiro, permeando nas características dos personagens, construído em um roteiro excepcional e expressivo para essa obra memorável da cultura pop nacional.
O filme, apesar de se passar em 1986, também é uma produção para os tempos atuais, em que a ignorância e intolerância ganham cena a cada dia, este vêm para ensinar a conviver com as diferenças, diante as adversidades, buscando o respeito, o afeto e a compaixão. Trazendo em si, uma adaptação solar da música de Renato, a um longa que transpõe emoção e singularidade em sua trama, transformando o individuo pela sua própria essência, e fazendo com que ele aprenda com a assimetria da vida.
Eduardo e Mônica apresenta uma narrativa intensa e profunda, que contrapõe a essência da obra, de forma relativa e singela, da qual ela representa.
Lúcio Amaral é jornalista e advogado pós-graduado em Direito e Processo Trabalhista. Certificado de Estudos Aprofundados em Psicanálise. Ganhador do II Prêmio de Rádio e Jornalismo em Saúde e Segurança do Trabalho, promovido pelo MPT em 2008.