Análise: Chorus (Multi) é uma boa mistura de ação e ficção científica

Na análise de hoje, vamos aos confins do cosmo para salvar a humanidade em uma aventura protagonizada por uma mulher com habilidades sobrenaturais e seu caça estelar senciente. Uma história de guerra e redenção em busca de paz contra uma opressora força religiosa que busca “purificar” o universo dos que não seguem suas crenças em um jogo que vai levar suas habilidades de pilotagem ao extremo. Aperte seus cintos, pois vamos decolar em Chorus.

Redenção e vingança

Em uma galáxia distante, a humanidade sobrevive colonizando cinturões e sistemas para sobreviver. Se isso já não fosse complicado o suficiente, uma constante ameaça faz com que a vida dos refugiados seja sempre difícil. O Círculo é uma seita religiosa que visa a purificação do universo, denominando hereges os que não se submetem ao dogma do Chorus e os eliminando.

Sob a liderança do Grande Profeta, os Anciões são a elite da frota, formada por pilotos com habilidades sobrenaturais e caças incrivelmente poderosos. Dentre eles há Nara, considerada uma das melhores assassinas que a seita já fabricou. Após diversas campanhas triunfantes que resultaram na destruição completa de populações e planetas, a obliteração de Nimika Prime leva a mulher a ter um surto e acabar por desertar da seita, fazendo-a ser caçada por seus ex-aliados. Buscando paz, ela esconde Forsaken, seu fiel caça estelar, abandona seus poderes e parte para viver uma nova vida junto a um grupo de refugiados.

Sete anos depois, vivendo em relativa paz em uma das colônias atuando como mercenária, a chegada da ameaça do Círculo transforma Nara novamente, substituindo a paz e culpa por um forte desejo de vingança e justiça para proteger sua nova vida e a dos amigos ao seu redor. É chegada a hora de reaver o controle de Forsaken, seu sangrento e aterrorizante caça estelar, e dar um fim ao legado de horror do Círculo no cosmo. Se a seita possui hordas de seguidores, a vantagem agora é da humanidade, que agora tem Nara a seu lado.

Velocidade máxima

Chorus é um título de ação com jogabilidade voltada à pilotagem espacial. O jogador assume o papel de Nara em sua jornada para recuperar suas habilidades místicas, os Ritos, e combater o Círculo enquanto interage com outros personagens em um universo aberto. As atividades principais se resumem a explorar diferentes pontos do mapa para realizar missões que rendem créditos e equipamentos para a nave, além de fazer a campanha avançar.

A experiência de pilotagem é simples ao mesmo tempo que desafia o jogador a se testar à medida que progride no jogo. Apesar de passar a maior parte do tempo voando em espaço aberto, as áreas são repletas de asteroides e outros corpos celestes que nos estimulam a “brincar” enquanto voamos rumo a um novo objetivo.

Já o combate complementa a experiência de voo, proporcionando momentos de adrenalina contra os piratas espaciais e, principalmente, os membros do Círculo. O que difere a pilotagem em Chorus em relação a outros jogos do gênero é a nave Forsaken. Além de ser uma máquina senciente, com mente e vontade próprias, o caça é capaz de realizar manobras e habilidades únicas que deixam os momentos de embate cada vez mais impressionantes. Juntamente com as habilidades sobrenaturais de Nara, os dois são uma combinação letal.

As habilidades especiais da protagonista permitem que ela escaneie o ambiente em busca de pontos fracos dos inimigos e itens, se teleporte para a retaguarda dos oponentes e até libere poderosos pulsos de energia que deixam as naves rivais à deriva por um breve momento, rendendo-as totalmente vulneráveis. Já Forsaken é capaz de realizar manobras evasivas fisicamente impossíveis e conta com um versátil arsenal de metralhadoras de pulso, lasers e lançadores de mísseis para diferentes abordagens, seja contra os caças da seita ou mesmo seus gigantescos e imponentes encouraçados estelares.

Em cada novo local explorado por Nara e Forsa — como ela “carinhosamente” chama sua nave —, a dupla conta com o apoio dos habitantes locais por meio de missões secundárias que os recompensam com itens de aprimoramento e armamentos. Além disso, eles também podem ser adquiridos usando créditos nos hangares, mas já adianto que os melhores itens estão espalhados pelo mundo e são obtidos ao concluir missões. A única coisa que compensa comprar são os incrementos de fuselagem e escudos.

Durante a campanha, devemos recuperar os poderes de Nara e melhorar a performance de Forsaken para permitir que a dupla tenha condições de deter o Círculo fazendo uso de diferentes melhorias que alteram alguns de seus atributos base, como a eficiência dos escudos defletores, a taxa de recarga de lasers e a munição dos mísseis, além da força e capacidades dos Ritos de Nara.

Ação e narrativa bem dosadas

Apesar do foco de Chorus ser sua jogabilidade baseada em um combate rápido, ágil e agressivo, um ponto que me chamou a atenção foi a narrativa. A interação entre Nara e Forsaken foi uma das coisas que mais gostei na trama. A interpretação dos personagens rouba o holofote em determinadas cenas, principalmente no momento em que a mulher vai recuperar a nave do local onde a escondeu e a máquina se mostra mais rancorosa que qualquer humano que já conheci na vida. As conversas entre os dois são um show à parte em vários momentos.
Durante a jornada, Nara pode vislumbrar memórias passadas ligadas a acontecimentos que ao mesmo tempo guiam os personagens e nos contam sobre o universo do game. Detalhes como a história dos refugiados, os problemas com os piratas, as perdas acometidas pelos ataques do Círculo e muito mais.

A dosagem de ação e exploração ajudam a não deixar o game maçante demais com muita história para contar, e nem excessivamente frenético com batalhas quase ininterruptas contra frotas de inimigos e bases da seita. O ambiente em Chorus dá uma certa liberdade para que o jogador decida o que fazer a seguir, explorar o local em busca de itens e melhorias para a nave ou partir para a próxima missão da campanha para que a história prossiga.

Conforme avançamos na narrativa, novos elementos são adicionados, como um novo tipo de ambiente para pilotar, novas formas de usar as habilidades de Nara, novos inimigos com formas mais singulares de se combater e intensos combates contra os chefes. Há alguns momentos de monotonia na hora de sair catando tudo por aí, como em qualquer jogo de mundo aberto, mas nada que deixe o gameplay com aquela sensação de “chatão”.

É muito boa a sensação de estar pilotando melhor conforme progredimos na campanha. No começo, fiquei com a sensação de que estava jogando um Star Fox mais parrudo, mas depois de algumas horas a gente percebe que até mesmo Fox McCloud poderia não ser bom o suficiente para guiar o impressionante Forsaken.

Uma pena que no PlayStation 4, onde joguei para realizar essa análise, os gráficos não acompanham essa qualidade. É algo que está se tornando comum nesse período de transição de gerações, com jogos que são lançados para ambas as gerações apresentando uma discrepância de qualidade gráfica. Obviamente eu não esperava algo como num PS5 ou um PC mega poderoso, mas fica claro em alguns elementos, principalmente as naves, que aparentam mais um visual de brinquedo, que faltou um pouco mais de capricho e zelo na versão para o console menos potente.

Dê início à revolução

Chorus foi uma interessante adição à lista de jogos que recebi este ano. Uma boa mistura para quem curte o gênero de ficção científica, além de uma ótima pedida para quem é fã de jogos de ação com bastante combate, agilidade e desafio. Facilmente um dos melhores do ano para quem busca ação no gênero de pilotagem espacial.

Prós

  • Narrativa envolvente, com destaque para a dupla de protagonistas Nara e Forsaken;
  • Jogabilidade focada em ação, combate e agilidade;
  • Elementos de exploração bem-aproveitados;
  • Curva de dificuldade amigável.

Contras

  • Várias missões secundárias com roteiro semelhante;
  • A qualidade gráfica deixa a desejar em alguns modelos de naves e objetos;
  • Os locais com visual parecido passam a sensação de falta de originalidade.
Chorus — PC/PS5/PS4/XSX/XBO — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 4

Texto de Alexandre Galvão

Fonte: GameBlast

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