Mesmo com altas constantes, venda de combustíveis crescem no Brasil

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As vendas de diesel e gasolina no mercado brasileiro atingiram em setembro níveis superiores ao período pré-pandemia, em meio às altas consecutivas nos preços. A avaliação é que o aquecimento do consumo sinaliza uma retomada da economia, após a fase mais crítica da crise sanitária.

Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as distribuidoras de combustíveis venderam em setembro deste ano 5,4 bilhões de litros de óleo diesel, volume 3,3% superior ao do ano passado e 10,7% acima do verificado no mesmo mês de 2019. Já a venda da gasolina chegou a 3,4 bilhões de litros, aumento de 11,6% e 13% sobre o mesmo período de 2020 e 2019, respectivamente.

O aquecimento do consumo coincide com a sequência de aumentos dos preços dos combustíveis. Com último reajuste da semana passada, a elevação do preço da gasolina nas refinarias já acumula alta de 74% e a do diesel, de 65%, neste ano. Nos postos, o preço médio na semana passado ficou em R$ 6,562 e R$ 5,211, respectivamente. Já o valor máximo da gasolina chegou a R$ 7,889.

A Brasilcom (Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis) avalia que o crescimento mostra a retomada da atividade econômica. “O aumento da venda se deve à recuperação lenta e gradual da economia contra uma base de um ano de pandemia e restrição de circulação”, afirma em nota.

Demanda atípica

A procura por combustíveis tem feito Petrobras a registrar “demanda atípica”. A empresa afirmou em outubro que recebeu pedidos de distribuidores muito acima dos verificados nos meses anteriores e de sua capacidade de produção. Na comparação com novembro de 2019, de acordo com a empresa, a demanda dos distribuidores por diesel aumentou 20% e por gasolina, 10%.

“A gente está observando um aquecimento do consumo. Com isso, vai ser necessário aumentar o volume importado”, afirma Sérgio Araujo, presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Ele explica que as refinarias nacionais, tanto da Petrobras como as privadas, não têm capacidade de produzir o volume necessário para atender a demanda. O déficit estrutural é de 25% da demanda de diesel e em torno de 15% para gasolina. Com isso, existe a necessidade de importações para atender o mercado. Segundo a Abicom, são importados 1 milhão de metros cúbido de óleo diesel e 250 mil metros cúbicos de gasolina por mês.

Com a venda da refinarias abaixo da paridade, os importadores privados deixaram de operar. A empresa fez as importações para garantir abastecimento, pagando mais caro do que estava vendendo, uma vez que o preço do mercado interno está abaixo do mercado externo.

“Para que as empresas privadas voltem a fazer importações, tem dois caminhos. Ou a Petrobras coloca seu preço ajustado ao mercado internacional, que a gente acredita que não vai acontecer em curto prazo, ou então a empresa deixa de importar e vende somente produtos de suas refinarias. Assim, as empresas privadas podem importar e vender um pouco mais caro que o preço da Petrobras”, avalia Araujo.

Para isso, segundo ele, é importante que a Petrobras informe às distribuidoras qual será o volume de combustível disponibilizado em dezembro. A companhia informou por meio de nota que ainda não recebeu os pedidos dos clientes para o mês de dezembro.

Imagem: Denny Cesare

Fonte: Agora RN

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