Natal é a capital do Nordeste com o maior preço médio do botijão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha (13 quilos): R$ 104,09. É o que aponta o novo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado nesta segunda-feira (11), referente ao período de 3 a 9 de outubro. Em seguida, estão Fortaleza (CE) e Teresina (PI) com R$ 101,9 e R$ 101,88, respectivamente.
Em 22 distribuidoras visitadas pelas equipes em Natal, o menor preço encontrado para o GLP foi de R$ 90 e o mais caro foi de R$ 115. A variação no preço médio foi de 0,13%, na semana. Nas últimas quatro semanas, o preço médio subiu 2,32% na capital, e 2,53% em todo o Estado. Em seis meses, o aumento foi de 16,99% no Estado, e 18,41% na capital.
No País, segundo a agência, o botijão de 13 quilos de GLP chega a custar até R$ 135, no município de Sinop/MT, e a média geral do preço passou de R$ 98,47 para R$ 98,67. Desde março deste ano, o combustível já subiu cerca de 90%. O preço mais baixo (R$ 74,00) foi registrado em Saquarema/RJ.
Ainda segundo a pesquisa, Natal também aparece na liderança do ranking das capitais nordestinas com o preço médio mais alto para o etanol hidratado (álcool combustível), que está custando R$ 5,766 nos postos potiguares. O produto apresentou queda de 0,21% na semana pesquisada, no Estado, e de 0,17% na capital. Nas últimas quatro semanas, o preço médio subiu 0,82% na capital, e 1,17% em todo o Estado. Em seis meses, o aumento foi de 24,41% no Estado, e 24,86% na capital.
A gasolina comum se manteve estável na capital potiguar, que seguiu no pódio dos estados com os preços médios mais altos. Assim como o Rio Grande do Norte, Natal aparece com o terceiro maior preço médio do combustível em todo o País. De acordo com pesquisa da ANP, o litro da gasolina comum está custando, em média, R$ 6,681 em Natal, que só ficou atrás do Rio de Janeiro (R$ 6,830) e Teresina (R$ 6,744). O produto teve alta de 0,72% na semana pesquisada, no Estado. Nas últimas quatro semanas, o preço médio subiu 0,04% na capital, e 0,75% em todo o Estado. Em seis meses, o aumento foi de 20,60% no Estado, e 20,42% na capital.
No País, a gasolina, reajustada neste sábado pela Petrobras em 7,2% nas refinarias, subiu em média 0,41% nos postos na semana de 3 a 9 de outubro, com preços variando de R$ 4,690 (Cascavel/PR) a R$ 7,249 (Bagé/RS). No ano, a gasolina registra alta de 57,3%.
Já o valor do óleo diesel tinha tido reajuste de 9% nas refinarias, na terça-feira (28). No Rio Grande do Norte, o produto foi o que teve maior alta 4,44% na semana de 3 a 9 de outubro, com preço médio de R$ 5,360, o terceiro maior do País. Em Natal, a alta na semana foi de 4,80%, com preço médio em R$ 5,480 – segundo maior do Brasil.
O natalense Juliano Costa, que já está pagando acima dos R$ 100 pelo botijão, destaca que passou a utilizar o gás com mais controle para driblar os preços elevados nas distribuidoras. “A gente está percebendo que não está adiantando mais nem pesquisar porque está caro em todo canto. O jeito é se adaptar, cozinhar com mais responsabilidade, ter mais controle porque está complicado. É gás, é gasolina, é muito gasto. Moro com minha esposa e mais dois filhos e tenho que fazer esse tipo de controle para que o botijão dure 30 dias. Realmente as coisas estão muito difíceis”, afirma o eletrotécnico.
Quem também precisou de adaptar aos aumentos sucessivos nos combustíveis foi o motorista de aplicativo Diego Felipe. Há quatro meses, ele fez a conversão do carro para abastecer com gás natural veicular (GNV), como forma de fugir da alta da gasolina comum na capital potiguar. “Foi uma alternativa que optei porque os aumentos estão muito abusivos e muito frequentes. Eu trabalhava em uma loja de roupas e entrei em um acordo para sair de lá para trabalhar como motorista de aplicativo. De lá para cá tem um ano e oito meses e nesse tempo tiveram muitos aumentos, então o GNV foi uma opção que tive que fazer porque não conseguiria trabalhar com a gasolina”, conta.
Em Natal, gasolina já chega a R$ 6,89
Apesar de a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado nesta segunda-feira (11), mostrar estabilidade no preço do combustível em Natal, em alguns postos a TRIBUNA DO NORTE já encontrou valores acima do máximo R$ 6,699 registrados na semana de 3 a 9 de outubro. Em um dos postos, o litro da gasolina comum já estava em R$ 6,890 e em outro R$ 6,990 numa variação superior a 2,85% ante valores verificados pela ANP.
Para efeito comparativo, considerando o preço médio da ANP (R$ 6,681), abastecer 50 litros de gasolina comum em Natal custaria R$ 334,95, enquanto que a mesma quantidade de combustível custaria R$ 296,35 em João Pessoa (PB) e R$ 295,70 em Recife (PE). Álvaro Luiz Bezerra, secretário adjunto de tributação da Secretaria de Estado de Tributação do Rio Grande do Norte (SET), afirma que os aumentos são influenciados pela política de preços da Petrobras.
“A Petrobras vem sistematicamente aumentando o preço porque vinculou o preço do combustível ao dólar e ao preço do barril do petróleo, que também é dolarizado. É mais ou menos assim: a gente recebe em real, mas paga a gasolina em dólar porque os combustíveis vão acompanhando os preços internacionais. Enquanto a política da Petrobras for essa, cada vez que o dólar aumentar, vai aumentar também o combustível. O mesmo vale para o gás de cozinha, que também tem sofrido sucessivos aumentos, não como os combustíveis, mas isso vem sendo registrado”, detalha.
Ainda segundo o governo estadual, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a gasolina e etanol é de 29%, a mesma desde 2016, ano em que também foi estabelecida a alíquota de 18% para o gás de cozinha. “Então você vê que não se justifica que o ICMS seja o grande vilão da história, como muita gente pensa e reproduz. Até porque aqui a alíquota é a mesma que se pratica na Paraíba e Ceará e lá a gasolina é mais barata do que aqui, pode ser que seja a questão das distribuidoras ou do frete, mas é preciso ver isso”, acrescenta Bezerra.
Sobre a política de preços, a Petrobras afirma que segue uma tendência do mercado global dentro de uma lógica que acompanha o comércio de outras commodities do mercado brasileiro como produtos agrícolas, minérios e metais, que têm seus valores associados à variação das cotações internacionais e taxas cambiais diferentes. Ainda de acordo com o posicionamento da estatal, a medida é considerada fundamental para que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimentos.
“A Petrobras esclarece que não antecipa suas decisões de preços, e reitera que os reajustes podem ser realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo. Isso possibilita a companhia competir de maneira mais eficiente e flexível e evita o repasse imediato da volatilidade externa, causada por eventos conjunturais, para os preços internos. Nossos preços seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional”, disse nota da Petrobras enviada à TRIBUNA em setembro passado.
A Petrobras atribui a alta nos preços para o consumidor final aos acréscimos de tributos federais e estaduais, além dos custos de distribuição. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais; custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis no caso de gasolina e diesel; custos para envase pelas distribuidoras no caso do GLP; além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores. Para o GLP especificamente, conforme decreto nº 10.638/2021, estão zeradas as alíquotas dos tributos federais PIS e COFINS incidentes sobre a comercialização do produto quando destinado para uso doméstico e envasado em recipientes de até 13 kg”, afirma.
Em relação ao etanol, o Governo do RN autorizou que postos de abastecimento potiguares comprem o álcool combustível diretamente das usinas, dispensando a necessidade de intermediação por parte das distribuidoras. A expectativa é de que a regulamentação tenha impacto positivo para redução dos preços dos combustíveis vendidos em cerca de 2,8 mil postos. Segundo o secretário adjunto da SET, ainda não é possível estimar quando a medida surtirá efeito significativo para o consumidor devido a regulação do mercado.
“O Governo do Estado fez a parte dele, era um pleito muito antigo, principalmente das usinas aqui do Rio Grande do Norte. Hoje já é possível fazer essa venda direta e isso vai ser uma questão mesmo do mercado. A gente espera que com essa venda o álcool mais barato aos postos e com isso a gente possa sentir essa diferença. Consequentemente, trazendo uma baixa no preço do álcool, a gasolina também possa ser barateada porque as pessoas também poderiam procurar abastecer mais com o álcool”, diz Álvaro Luiz.
Etanol sobe em 18 Estados e recua em 7
Os preços médios do etanol hidratado subiram em 17 Estados e no Distrito Federal na semana entre 3 e 9 de outubro, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Em outros 7 Estados, os preços recuaram. A cotação no Amapá permaneceu estável e não foi possível calcular a variação em Roraima porque não houve levantamento no Estado na semana anterior.
Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol subiu 0,82% na semana em relação à anterior, de R$ 4,736 para R$ 4,775 o litro. Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média do hidratado ficou em R$ 4,564 o litro, alta de 0,57% ante a semana anterior.
O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de R$ 4,09 o litro, em São Paulo, e o menor preço médio estadual, de R$ 4,519, foi registrado em Mato Grosso. O preço máximo, de R$ 7,099 o litro, foi verificado em um posto do Rio Grande do Sul. O maior preço médio estadual também foi o do Rio Grande do Sul, de R$ 6,245.
Na comparação mensal, o preço médio do biocombustível no País subiu 3,56%. O Estado com maior alta no período foi o Rio de Janeiro, onde o litro subiu 8,44% no mês. Na apuração semanal, a maior alta de preço também foi observada no Rio de Janeiro, com avanço de 4,24%, para R$ 5,856 o litro.
Gasolina
A gasolina foi mais competitiva que o etanol em todos os Estados apurados e no Distrito Federal na semana passada, mostra levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas. Os critérios consideram que o etanol de cana ou de milho, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos para ser considerado vantajoso. Na média dos postos pesquisados no País, o etanol está com paridade de 78,06% ante a gasolina. O levantamento captou apenas parcialmente o efeito do reajuste da gasolina nas refinarias pela Petrobras, já que os novos preços passaram a valer em 9 de outubro, timo dia da coleta de dados.
Crédito da Foto: Adriano Abreu
Fonte: TRIBUNA DO NORTE