A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Secretaria de Educação a Distância (Sedis), é uma das instituições brasileiras pioneiras no trabalho com educação mediada por tecnologias. Em 2021, a Sedis completou 18 anos e, neste período, coleciona relatos construídos a partir do acesso gratuito à educação superior a distância, como é o caso que vem lá de Marcelino Vieira, na região do Alto Oeste potiguar, a cerca de 400 quilômetros de Natal.
Aos 30 anos de idade, Karla Pricila de Oliveira está prestes a concluir o curso de Educação Física, na modalidade EaD, pela UFRN, mas a caminhada até aqui não foi fácil. Quando ainda cursava o ensino médio, descobriu que estava grávida, casou-se e foi morar na zona rural. Por conta da maternidade, teve de abandonar os estudos, só retornando ao banco escolar em 2010, quando concluiu o ensino médio. Em 2011, passou para o curso de Pedagogia presencial, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Após se licenciar como pedagoga em 2016, o sonho antigo de cursar Educação Física veio à tona: “em 2017, a UFRN abriu o vestibular para formar uma turma no Polo de Marcelino Vieira, era minha chance de cursar o que eu queria e ter tempo para realizar outras tarefas”, comenta a estudante. Hoje, Karla é o grande orgulho da família, pois fez um caminho que seus pais não conseguiram trilhar.
“Meu pai é analfabeto, não escreve nem o nome dele, não conseguiu frequentar a escola. Minha mãe também é analfabeta, ela sempre quis estudar, mas a família não deixava, pois estava entre os mais velhos de um total de oito filhos abandonados pelo meu avô e criados pela minha avó”, destaca Karla Pricila. Ainda de acordo com a acadêmica, por conta dessa trajetória difícil, seus pais sempre sonharam em ver os filhos formados: “são meus principais incentivadores”.
São histórias como essa que fortalecem o trabalho de toda a equipe envolvida na formação acadêmica de futuros profissionais, declarou a secretária de EaD da UFRN Carmem Rêgo. Para a educadora, “é preciso oportunizar a mais pessoas o acesso à educação. Somente dessa forma poderemos transformar realidades e dar melhores condições de emprego e de renda aos que vivem nos rincões do nosso país”.
Testemunha do esforço de Karla e de tantos outros estudantes em situação parecida, a coordenadora Francimeire Cesário, do Polo de Marcelino Vieira, reflete que “muitos deles querem ser agentes multiplicadores da oportunidade que tiveram, de modo que, quando chegam à sua atuação profissional, têm um senso social mais perspicaz, direcionando a atenção ao contexto de sua realidade”.
Fonte: AGECOM/UFRN