Falar em mães é ter a certeza de que estamos diante de mulheres fortes, que lutam, por muitas vezes, sofrem, não olham para si, se colocam em último lugar de prioridade, mas, acima de tudo, cuidam. No caminhar da vida, surgem muitos desafios, alguns nos deixam felizes e outros nos fazem sentir como se estivéssemos sem direção e encontrar um conforto parece ser algo longe de conquistar, devido a uma notícia impactante e que pega todos de surpresa.
Pois bem, é justamente assim que muitas mães se sentem, ao receber o comunicado positivo de um câncer em seu filho. É quando estas mães buscam, em meio a desorganização emocional em que estão vivendo, forças para lutar e continuar oferecendo ao seu filho, o melhor que podem, apesar de se sentirem devastadas e perdidas.
O tratamento do filho passa a ser o foco primordial e pensar no trabalho, na sua vida, ser mulher, esposa, amiga, dá lugar a outros propósitos. A situação atual, a faz focar em horários das medicações, dias de consultas e exames, como está o cotidiano daquele que depende dela e, diante destas questões, a sua saúde física e emocional vai ficando cada vez mais comprometida. Porém, ela não consegue perceber que também necessita de cuidados e que, se não tiver essa consciência, em algum momento, pode não suportar tamanha carga emocional, chegando a adoecer e precisar de assistência e cuidados médicos, para dar continuidade a sua rotina.
Se pararmos para pensar, vamos perceber que, no dia a dia de uma mãe, que acompanha o filho durante o tratamento de câncer, fica claro que se trata de uma rotina bem atarefada. Pois, são exames, consultas, casa, laboratório, trabalho, família, supermercado, hospital, farmácia, marido, outros filhos e, então, surge a pergunta: “Em que momento pensam em si?”. É quando esquecem da importância do autocuidado e o quanto este olhar tem significado, pois estando bem fisicamente e emocionalmente, estará apta a cuidar do outro.
Diante da quantidade de mães, que tem buscado o setor de terapia ocupacional da Casa Durval Paiva, um exercício que tem sido realizado, frequentemente, são os momentos de escuta, atividades que as façam sair do foco do mal-estar e propor reflexões em relação a sua vida. A sugestão é de que elas façam uma auto análise, em busca de compreender como o seu corpo e sua mente estão reagindo a cada nova situação.
Considerando, também, como estão sua alimentação e sono, fazendo-as assimilar que, além de mães, são mulheres, com inúmeros sentimentos, dúvidas e que precisam se permitir viver, além desse pequeno mundo de hospital e de consultas. Buscando refletir sobre o que precisam, são encorajadas a se expressarem como desejam e orientadas a falar o que sentem, para o seu bem estar.
Ter esses momentos consigo, ajuda que elas consigam avaliar sua trajetória e traçar um novo caminho, onde prevaleçam a força, o amor e o autocuidado, com uma qualidade de viver, que, até então, não encontraram.