Solicitação de leitos para covid cai 63% em 38 dias no RN

Menor procura por leitos para tratamento de covid também está refletida na ocupação de leitos críticos, que caiu para 55,3% - Foto: Elisa Elsie

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A média móvel de solicitações por um leito para tratamento da covid-19 no Rio Grande do Norte tem apresentado sucessivas quedas desde o mês passado, segundo dados da plataforma Regula RN. Para efeitos de comparação, no dia 29 de maio o Estado registrou uma média móvel de 136 solicitações por leitos covid, a maior da série histórica desde a chegada do novo coronavírus ao RN. Nesta quarta (07), o número de solicitações ficou em 50, uma diminuição de 63,23% em 38 dias.

Os impactos de uma menor procura diária por internação podem ser notados na taxa de ocupação de leitos críticos, que, nessa quarta-feira (07) era de 55,3% no Estado. Os reflexos diários na ocupação desse tipo de leito, composto por instalações de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e semi-intensiva, começaram a ser observados após o dia 15 de junho, conforme análise dos dados que constam nos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN).

Desse modo, junho chegou ao 15º dia com uma taxa de ocupação de 75,4%. Depois de reduções registradas diariamente, o mês fechou com um percentual de 66,5% de leitos ocupados (no dia 30/5). A tendência de queda tem se mantido em julho, com 65,6% de ocupação no dia 1º. Na tarde dessa quarta, o número havia caído ainda mais e estava em 55,3%. Com isso, os índices voltam a ficar semelhantes ao patamar de janeiro, cuja ocupação variou entre 53,4% e 66,64%. Essa é a primeira vez, em 2021, que os números da pandemia apresentam redução contínua no Rio Grande do Norte, após um período de aumentos ininterruptos.

Os meses de fevereiro, março, abril e maio, por exemplo, registraram recordes de ocupação de leitos críticos (com mais de 95%, em alguns momentos), resultado da alta no número de confirmações da doença. Os óbitos contabilizados nesse período também deram um salto, puxados principalmente pelas 969 mortes registradas em março – o mês com maior mortalidade desde o início da pandemia no RN. Maio, entretanto, é quem se consolida como o mês com mais casos confirmados de covid-19 e, consequentemente, registra a maior média móvel por solicitação de leitos.

Para o professor e pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim, a diminuição dos números referentes à média móvel de solicitações é importante porque indica o arrefecimento da doença.

“Esses dados são consequências da redução dos novos casos e da transmissibilidade, ou seja, existem menos pessoas sendo infectadas. É por isso que há menos pressão por leito e melhoras na taxa de ocupação”, explicou. “E há um fator interessante de se observar: essa diminuição já acontece por mais de trintas dias seguidos. Isso significa que temos uma queda sustentada”, acrescentou Valentim.

Segundo ele, a tendência é de que a queda se mantenha. “A média móvel tem nos apontado para esse cenário. Esse indicador é calculado por três dias – se nesse período ele cai consecutivamente, é um bom sinal; se sobe, é preciso ligar o alerta. Então, temos sim uma tendência de redução, porque os números estão há mais de um mês em queda”, observa.

Avanço

Na avaliação da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), os dados são favoráveis à diminuição da crise sanitária e se traduzem em maiores expectativas de que o controle sobre a doença avance. “Aos poucos teremos mais condições de controle e com isso, vamos retomar as atividades assistenciais das outras áreas”, informou a Sesap em nota.

A pasta reforçou, porém, que é preciso manter os cuidados. “Hoje temos uma situação melhor, com declínio de casos, redução na taxa de ocupação [de leitos] e aumento da vacinação. Isso depois de um platô alto de quatro meses. Mas ainda é um momento de bastante atenção, pois a pandemia não acabou”, esclareceu.

A Secretaria explicou que, as “dificuldades em viabilizar algumas medidas de restrição e controle da pandemia, provocadas pelas divergências nos decretos em alguns municípios”, foram atenuadas com a realização de uma força-tarefa para driblar a crise, a exemplo dos decretos regionalizados. A Sesap afirmou que as apostas para o controle total da pandemia estão concentradas na vacinação em massa.

O momento, conforme esclareceu, é o de avançar com o processo de imunização para grupos por faixa etária, o que manterá os índices de procura por leitos em queda. “Com a vacinação de um público maior e o avanço por faixa etária, é possível que exista cada vez mais diminuição desses pedidos por leitos”, finaliza a nota da Sesap. O professor Ricardo Valentim, do LAIS, concorda e reforça que os dados recentes estão diretamente relacionados ao processo de imunização. “A vacinação é um fator que importa muito. Quanto mais pessoas imunizadas, menos susceptibilidade à doença”, assegura.

Festas

Com a expectativa de controle da pandemia, as especulações sobre a realização de grandes eventos têm sido levantadas em todo o País. A TRIBUNA DO NORTE questionou a Sesap sobre a questão. A pasta respondeu que ainda é muito cedo para avaliar. Para o pesquisador do LAIS, Ricardo Valentim, no entanto, eventos como o Réveillon e o Carnaval podem ser viáveis, desde que haja o cumprimento do calendário de imunização em massa, segundo foi definido pelo Governo do Estado.

“Se o Rio Grande do Norte conseguir imunizar toda a população adulta (acima dos 18 anos) até setembro, conforme está na agenda – e nós caminhamos para isso – e, depois, começarmos a imunizar as pessoas de 12 anos e mais, é possível que haja festa de Réveillon e Carnaval”, sublinha Valentim, que é membro do Comitê Científico estadual.

Ele destaca, no entanto, que, além da vacinação, é primordial manter os cuidados adotados para que se evite um novo recrudescimento da doença. “A população tem que se imunizar e não se descuidar do uso de máscara e da higienização das mãos com álcool em gel. Também não é momento, ainda, para aglomeração. Estamos no processo de redução dos casos. Se abrirmos mão desses cuidados, correremos o risco de ter um novo repique”, frisou.

Crédito da Foto: Elisa Elsie

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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