Inovadora, com aplicação industrial e capacidade inventiva, uma nova formulação com propriedades farmacêutica, cosmética e alimentícia em forma de pó recebeu no último dia 15 de junho o registro definitivo de propriedade intelectual do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A concessão da carta-patente refere-se ao desenvolvimento do óleo de copaíba microencapsulado na forma de pó e é mais uma alternativa terapêutica importante que pode ajudar na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
A oleorresina de copaíba apresenta atividade anti-inflamatória. Assim, o complexo de inclusão da oleorresina com ciclodextrina possui potencial para utilização de tratamento para qualquer processo inflamatório, tais como aterosclerose, doenças infecciosas e autoimunes. Segundo Ádley Antonini Neves de Lima, a invenção, com uma nova apresentação para o óleo de copaíba, traz também várias características melhoradas, como solubilidade, estabilidade, atividades biológicas e também facilidade no transporte.
Coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Farmácia explica que os óleos, na utilização terapêutica, apresentam dois problemas principais. “A solubilidade em água, no caso da utilização por via oral, que implica sua menor biodisponibilidade, e a estabilidade, já que normalmente alguns óleos apresentam alta taxa de volatilização, isto é, de evaporar”, identifica. O cientista acrescenta outros fatores, como o sabor e o odor dos óleos, que, em alguns casos, dificultam o uso oral. A nova tecnologia consegue mascarar o sabor e o odor da oleorresina de copaíba.
As principais formas de combate a inflamações são os anti-inflamatórios não-esteroidais e esteroidais. Para inflamações agudas, essas duas opções terapêuticas não apresentam tantos problemas, pois o uso é por um curto período de tempo. Porém, quando se trata de doenças inflamatórias crônicas, há a necessidade de novas opções com menos reações adversas. A invenção desenvolvida no âmbito de uma pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) apresenta um sistema de liberação que pode ser aplicado em diversas formas farmacêuticas, tendo em vista o tratamento de doenças inflamatórias, inclusive com composições farmacêuticas sólidas.
“O protótipo foi desenvolvido, caracterizado e já testado in vivo em camundongos, quanto à atividade anti-inflamatória, tendo resultados satisfatórios”, pontua o líder do grupo de pesquisa Inovação em Fármacos e Medicamentos (INOFARM). Para além da questão inflamatória, o óleo de copaíba é utilizado terapeuticamente como antigonorreico, antiasmático, no tratamento da psoríase e pneumonia, entre outras doenças.
A substância é retirada do tronco das árvores por um processo extrativo simples, podendo ser obtido de diversas espécies vegetais do gênero Copaifera, como, por exemplo, a Copaifera duckei, C. glycycarpa e a C. guyanensis. Esse gênero apresenta arbustos ou árvores que chegam a atingir até 40 metros de altura, fornecendo tanto madeira como o óleo-resina. Essas espécies são encontradas facilmente nas regiões Amazônica e Centro-Oeste do Brasil.
A carta-patente
A concessão da carta-patente foi feita sob a denominação Complexos de inclusão da oleorresina de copaíba (gênero Copaifera) com ciclodextrinas e sua aplicação no tratamento de doenças inflamatórias e tem como autores os cientistas Ádley Antonini Neves de Lima, Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa, Arnóbio Antônio da Silva Junior, Jonas Gabriel de Oliveira Pinheiro, Emanuella de Aragão Tavares, Sofia Santos da Silva, Juliana Felix da Silva, Valdir Florêncio da Veiga Junior e Luiz Alberto Lira Soares.
O grupo encara que a relevância acadêmica do processo de patenteamento reside no sentido de proteger as ideias e projetos dos pesquisadores e da Universidade, garantindo, com isso, uma segurança de que as tecnologias serão utilizadas pelos inventores, até a transferência de tecnologia. As cartas-patente conferem a propriedade intelectual dos inventos de titularidade da UFRN, para uso aplicado pelos interessados, mediante licenciamento. Como retorno, a Universidade recebe royalties, divididos com os inventores. A tecnologia foi depositada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em coautoria com a Universidade Federal do Amazonas e a Universidade Federal de Pernambuco.
Fonte: Agecom/UFRN