Curiosidade é uma das condições naturais das crianças, o que contribui muito para facilitar o aprendizado. Elas gostam de se aventurar com experimentos que levem a novas descobertas e conhecimentos, portanto estimular essa curiosidade trabalhando com ciência na escola pode ser um dos caminhos para se formar futuros pesquisadores. O Núcleo de Educação da Infância (NEI) da UFRN, que conta com 377 alunos, com idades entre um ano e dois meses e 10 anos, está investindo para estimular a pesquisa em seus alunos por meio do Programa de Incentivo à Pesquisa e à Extensão do NEI (PRONEI).
Em execução desde meados de 2020, o programa atua incentivando a realização de projetos e ações na área de pesquisa e extensão. Em relação à pesquisa, a proposta é, de acordo com o texto que institui o projeto, fomentar e difundir a pesquisa como prática constante e constituinte da ação docente, atuando em três polos específicos: a pesquisa sobre a prática (em sua estreita relação com as teorias educacionais); a pesquisa sobre a criança e a infância; e a pesquisa com as crianças, a fim de que se possa oferecer referências concretas e eficazes para a inovação no ensino e para a construção de uma educação de qualidade.
O projeto começou a ser pensado em 2019 e em maio de 2020, mesmo com a pandemia da covid-19, foi o momento de buscar novos parceiros. Com a orientação da Propesq, o setor de Coordenação de Ensino e Pesquisa do NEI, formado pelos professores Danielle Medeiros de (coordenadora geral), Janaina Speglich de Amorim Carrico (coordenadora substituta adjunta), Sandro da Silva Cordeiro (coordenador-adjunto), e os colaboradores técnicos Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra e Murilo Oliveira Melo, iniciou os encaminhamentos necessários para a execução do projeto.
Cadastraram a proposta no Sistema Integrado de Patrimônio Administração e Contratos (Sipac) e Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa), ambos da UFRN, para ser avaliada e aprovada. Ao final do mês de agosto de 2020, o PRONEI foi aprovado pela Propesq e cadastrado nos sistemas, quando iniciou sua execução.
Um dos servidores que colaborou na criação do Programa, Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra considera que é possível fazer pesquisa desde a infância, com participação das crianças e professores, e “isso deve ser fomentado para que as crianças possam se tornar futuros pesquisadores”. Ela destaca que, mesmo com a pandemia, a construção do programa e a realização de práticas voltadas para pesquisa continuaram.
A coordenadora do PRONEI, Danielle Medeiros de Souza, destaca que o Programa é o resultado de um trabalho coletivo para que se cumpra o papel do NEI de ser um Colégio de Aplicação. “O ensino que é o nosso grande fazer. A prática que exercemos diariamente com as nossas crianças se desdobra em ações de pesquisa e de extensão e precisa extrapolar os muros da universidade, para que possamos manter nossa identidade de colégio de aplicação na manutenção deste tripé – ensino, pesquisa e extensão”, destaca. Para ela, o PRONEI vem atender a essa necessidade constante de promover a qualidade de ensino e incentivar a pesquisa.
Para a diretora do NEI, Maristela Mosca, o Núcleo, como CAP, tem por finalidade desenvolver, indissociavelmente, atividades de ensino, pesquisa e extensão com foco nas inovações pedagógicas para as infâncias, bem como na formação docente inicial e continuada. “Nesse sentido, o PRONEI se torna uma importante ação formadora, tendo a investigação das e com as infâncias, bem como a formação docente, eixos de desenvolvimento e fortalecimento do nosso fazer pedagógico. Isso reafirma o papel do NEI na UFRN e, consequentemente, na sociedade como uma escola básica pública, gratuita, de qualidade e laica”, destaca.
No texto de criação do PRONEI, a equipe formuladora observa que, partindo do entendimento de que a criança tem um papel ativo no processo de construção do conhecimento no NEI, torna-se mais importante do que colecionar conteúdos, em uma lógica quantitativa, aprender procedimentos de pesquisa e estratégias autônomas para interagir com o conhecimento e com o mundo de maneira autônoma, crítica e criativa.
A professora Janaina Carillo, da Coordenação de Ensino e Pesquisa do NEI, destacou um projeto específico desenvolvido com base no PRONEI, que é o de Construção de práticas pedagógicas abertas às diferenças dos alunos no NEI – cartografias de interlocuções colaborativas entre professores.
Segundo ela, esse projeto tem objetivo de desenvolver uma pesquisa de caráter propositivo sobre as possibilidades de articulação entre os professores do NEI, na constituição de práticas pedagógicas inclusivas. “É uma pesquisa que investiga as práticas pedagógicas inclusivas que produzem conhecimento sobre educação inclusiva no contexto da educação na infância/educação básica”, argumenta.
A partir desse projeto, ressalta, é possível compreender como as práticas são desenvolvidas e, com base nisso, requalificá-las e revê-las, de forma a desenvolver um olhar a partir do ângulo da pesquisa. Dessa forma, o projeto inclusivo contribui com o aprimoramento das práticas, que ensejam novas possibilidades de produção de trabalho pedagógico de maior qualidade.
“É um movimento que vai abranger os dois lados, o da pesquisa científica – com a produção de conhecimento – e o da qualidade do trabalho oferecido no NEI. Não se pauta apenas num levantamento de dados mas tem uma intenção muito forte de propor soluções e alternativas, espaço e estratégica para desenvolver o trabalho na educação inclusiva”, frisa.
Como resultado de todas as ações desenvolvidas com o PRONEI, a escola se fortalece como um campo de pesquisa aberto para articulações sistemáticas com a UFRN, com colégios de aplicação, escolas da Educação Básica, da rede pública e privada e com universidades. Desse modo, nessa constante interlocução, constrói-se uma educação democrática e de qualidade, fundamentada em estudos consistentes, na criticidade, no respeito às infâncias, aos saberes e às experiências dos educandos.
O PRONEI também busca contribuir para o avanço da educação em Natal e no Rio Grande do Norte com realização de ações de capacitação e de extensão que alcançam a comunidade interna e externa, incluindo os acadêmicos dos cursos de graduação de diferentes universidades. Além disso, as práticas de pesquisa podem ter desdobramentos científicos, com aplicação direta na educação das infâncias e no arejamento de discussões que levem à reflexão fecunda e propositiva do trabalho pedagógico realizado na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A Pró-Reitora de Pesquisa, Sibele Pergher, considera o PRONEI uma iniciativa relevante para fomentar ações de pesquisa na escola. De acordo com Sibele, a Propesq entende que ações envolvendo a pesquisa devem começar já no ensino infantil e fundamental, incentivando os alunos a serem futuros cientistas, incentivando professores e técnicos a desenvolverem suas atividades com constantes melhorias, auxiliando a escola a manter sua alta qualidade, entre outros.
“Estes fomentos, sendo realizados na forma de um programa, oficializa e institucionaliza esse auxílio, bem como, por meio do projeto, se alcançará metas e resultados concretos”, argumenta. Ela acredita que o programa tem grande potencial para crescer e espera que outras ações envolvendo outras pró-reitorias, setores da UFRN e comunidade venham a se somar a ele.
A Propesq destinou R$ 90 mil ao programa em 2020. Segundo Sibele, o incentivo à participação das crianças em atividades de pesquisa está em sintonia com os objetivos de formação de novos pesquisadores do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN.
Por Hellen Almeida
Fonte: Agecom/UFRN