Foguetes e mísseis funcionam com base na lei de ação e reação de Newton: jogar algo para a direção contrária a que se quer seguir e assim adquirir velocidade. A substância que faz os foguetes se moverem no espaço é o propelente, uma mistura de combustível com comburente, substância que fornece oxigênio para a reação, já que ele não está disponível no espaço. A depender de situações, como forte gravidade e densa atmosfera, essa ‘tabelinha’ entre os dois precisa ser mais intensa, pois influenciam na força de propulsão. E é aí que as reações químicas entram em jogo.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), um pesquisador desenvolveu uma nova tecnologia que propicia a utilização de uma substância já existente, mas com a aplicação inovadora na composição do propelente. “Trata-se do uso de uma substância química, já conhecida, a Hidroxipropilmetilcelulose, como aglutinante e combustível para a preparação de propelentes sólidos ou híbridos para foguetes e mísseis”, relatou o inventor Robson Fernandes de Farias.
O depósito de pedido de patente foi feito pela UFRN junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sob o nome Hidroxipropilmetilcelulose como aglutinante e Combustível para a preparação de propelentes Sólidos ou híbridos para foguetes e mísseis. Robson Farias realçou que a aplicação da tecnologia é voltada para a área das tecnologias do setor de defesa, trazendo como vantagem empregar uma substância de baixo custo (comparativamente) e com elevada combustionabilidade, aumentando o número de possíveis formulações de propelentes, o que significa aumentar as possibilidades tecnológicas, num setor estratégico.
“Em nossos testes, constatamos que a hidroxipropilmetilcelulose quer pura, quer em mistura com a goma guar, e empregando-se oxidantes específicos, combustiona perfeitamente e de forma contínua. Tal como formulado, o novo propelente poderia ser empregado como um bom sucedâneo para formulações de mais alto custo”, elencou o cientista.
O que é um pedido de patente?
O pedido de patente do novo combustível para foguetes passa a integrar o portfólio da vitrine tecnológica da UFRN, invenções que podem ser acessadas através do endereço www.agir.ufrn.br. A patente em si é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores, autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Assim, o depósito de pedido de patente é o primeiro passo para garantir direitos de comercialização exclusiva, por um determinado período, de uma nova invenção com aplicação industrial.
A proteção das tecnologias desenvolvidas por inventores da UFRN tem como objetivo resguardar os direitos patrimoniais da instituição frente aos investimentos intelectuais e financeiros investidos durante o seu desenvolvimento, mas também permitir que estes novos produtos e processos sejam licenciados por empresas que possam explorá-los comercialmente, gerando recursos para a instituição na forma de royalties que novamente serão investidos em inovação.
Nesse primeiro momento, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) ‘guarda’ o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica o mesmo período aberto a contestações. Após os três anos, o Instituto parte para a análise em si e, se não encontrar nada parecido, faz a concessão. Por causa disso, a concessão costumeiramente acontece após cinco anos do depósito.
Na UFRN, a Agência de Inovação (AGIR) é a unidade responsável pela proteção e gestão dos ativos de propriedade intelectual, como patentes e programas de computador. Em tempos de pandemia, as orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção são dadas através do e-mail [email protected] ou via aplicativos de mensagens, pelo telefone 99167 6589.
Texto de Wilson Galvão
Fonte: Agecom/UFRN