Os transplantes de medula óssea estão sob ameaça de não serem realizados no país em 2021. O Bussulfano, um medicamento vital para a realização dos transplantes, vai parar de ser fornecido. O laboratório francês Pierre Fabre, único responsável pela distribuição do remédio no Brasil, notificou à Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) sobre a suspensão da disponibilização do medicamento em junho de 2021.
Sem o medicamento, é impossível realizar o transplante de medula óssea, mesmo que o paciente já tenha um doador. O Rio Grande do Norte possui um pequeno estoque da medicação, mas não é suficiente nem mesmo para a demanda atual, segundo a enfermeira Anna Cecília Oliveira, do Hospital Rio Grande, única unidade habilitada para realizar o transplante.
“Ao longo do ano passado, realizamos 92 transplantes de medula óssea. Agora, temos uma fila de espera de aproximadamente 40 pacientes, e este número aumenta diariamente ”, explicou uma enfermeira. Para Rodolfo Soares, médico hematologista responsável pelo transplante, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisa agir rápido, pois a questão é de extrema urgência.
“É necessário um entendimento rápido entre a Anvisa e a empresa que produz o medicamento. Precisam compreender que a leucemia não respeita a morosidade dos trâmites burocráticos e vai começar a matar pessoas assim que faltar o medicamento ”, afirmou o médico.
O transplante de medula óssea é o principal tratamento para pacientes acometidos por leucemia, um tipo de câncer que atinge os glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo contra doenças, glóbulos vermelhos, que transportam o oxigênio dos pulmões para as células do corpo e plaquetas sanguíneas , que compõe o sistema de coagulação do sangue.
Para realizar o transplante, os pacientes, importantes, eliminar a medula óssea adoecida do corpo para receber a medula óssea saudável do doador. Esse tratamento é feito com o medicamento Bussulfano.
O que diz a Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta que uma descontinuação de fabricação do medicamento não tem a ver com pendências regulatórias, sendo uma “questão comercial”, relacionada ao Laboratório que distribui o produto nos estados brasileiros. O órgão acrescenta ainda que “não possui instrumento legal que impeça os laboratórios farmacêuticos de retirarem seus medicamentos do mercado”.
Porém, devido à proporcionado do medicamento, a Anvisa indica estar estudando medidas que facilitam o acesso e o abastecimento de produtos semelhantes no Brasil. “Por exemplo, a possibilidade de via acelerada e prioritária para novos registros, importação facilitada, entre outras ações”, detalhou. O Ministério da Saúde diz que não foi notificado da decisão e requerido que o Instituto Nacional do Câncer, o Inca, tem estoques do medicamento para apenas mais três meses.
O presidente da SBTMO, Nelson Hamerschlak, aponta que a falta do Bussulfano deve impactar grande parte dos transplantes do Brasil. “Provavelmente muitos pacientes ter a sua evolução prejudicada em função da interrupção do tratamento desse medicamento”, disse.
Fonte: Agora RN
imagem: Ascom