O medo é essencial para a sobrevivência pois permite prevenir situações potencialmente perigosas, porém, alguns eventos amedrontadores geram memórias exacerbadas e persistentes que afetam negativamente a vida das pessoas, podendo conduzir ao desenvolvimento de fobias e distúrbios de ansiedade como o estresse pós-traumático.
A extinção é um processo que forma uma memória inibitória que impede a expressão do medo aprendido sem eliminá-lo permanentemente. Assim, abordagens terapêuticas baseadas na extinção são comumente usadas para tratar o estresse pós-traumático. No entanto, essas intervenções nem sempre são efetivas e com a passagem do tempo a memória do trauma volta a tomar conta do comportamento. Por esse motivo, a neurociência busca entender como memórias mal adaptativas podem ser recontextualizadas de forma duradoura.
Segundo Andressa Radiske, primeira autora do artigo, os resultados sugerem que manipulações farmacológicas que modulam a sinalização da mTOR e do BDNF podem ser utilizadas como adjuvantes para melhorar a reelaboração psicoterapêutica do trauma. O trabalho complementa resultados publicados previamente pelo grupo que tiveram grande repercussão na comunidade científica especializada.
Coordenado pelo professor Martín Cammarota, a pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Pesquisa da Memória do Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em colaboração com o Instituto de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Departamento de Fisiologia da UFRN. Dada a sua relevância, o trabalho foi destacado na capa da edição do mês de janeiro da revista Learning & Memory. Além do professor Cammarota e de Radiske, assinam o artigo as pesquisadoras Maria Carolina Gonzalez e Diana Nôga e as professoras Janine Rossato e Lia Bevilaqua.
Fonte: Agecom/UFRN