Maiúsculas e minúsculas – Por João Maria de Lima

Maiúsculas e minúsculas - Foto: Reprodução/Gestão Educacional

A boa linguagem é uma exigência cada vez maior em todas as áreas de atividade. A expressão de determinada ideia, vontade ou fato precisa ser traduzida por sinais que tenham significado consensual entre o emissor e o receptor. Ou seja: precisamos estar de acordo sobre o sentido e a definição do que dizemos e escrevemos para podermos ser compreendidos de forma efetiva. As normas de uma língua servem justamente para isto: garantir a uniformidade necessária à apropriada comunicação.

Assinado em 1990, o Acordo Ortográfico visa à padronização da ortografia da língua portuguesa. Os países Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, que formam a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), assinaram o tratado e cada um determinou prazos para que a reforma entrasse em vigor em seus territórios. Apesar de polêmico e de não ter sido bem aceito em alguns lugares, no Brasil, o Novo Acordo Ortográfico passou a ser obrigatório em janeiro de 2016.

Algumas curiosidades merecem nossa atenção e, por isso, são lembradas aqui.  Nomes próprios que entram na formação de vocábulos compostos ligados por hífen têm inicial minúscula. Isso porque são nomes próprios tornados comuns: joão-de-barro, coco-da-baía. No entanto, mantêm-se com iniciais maiúsculas os nomes dos cientistas que fazem parte das denominações de doenças, caso em que não se usa hífen: doença de Chagas e mal de Hansen (lepra), por exemplo. Já nos nomes originariamente próprios usados como símbolo, a inicial é minúscula: Ele é um judas.

Quando os pontos cardeais designam regiões, escrevem-se com inicial maiúscula: A etnia do Norte é diferente da do Sul; A economia do Oriente. Quando designam direções ou limites, emprega-se inicial minúscula: De norte a sul, o problema é igual.

Nos nomes que expressam homenagens a profissões, a pessoas da família, a instituições, usa-se inicial maiúscula: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Professor, Descobrimento do Brasil.

Nos nomes próprios compostos, usa-se inicial maiúscula em todas as palavras que forma o composto, com exceção dos monossílabos: Associação Norte-Rio-Grandense, Decreto-Lei.

Ao contrário do que adotaram o inglês e outras línguas, os nomes dos meses, dos dias da semana e dos idiomas são grafados com inicial minúscula: terça-feira, 8 de dezembro; Ele sabe falar inglês. Contudo, quando o nome do idioma designa disciplina de currículo escolar, usa-se inicial maiúscula: Língua Inglesa. Da mesma forma se houver indicação de data histórica: 7 de Setembro, 15 de Novembro.

Quando se referem à instituição, a palavra “igreja” é grafada com inicial maiúscula:  A Igreja Católica elegeu novo pontífice em 2013. Com sentido de templo, local de culto e oração, prefere-se inicial minúscula: Vou à igreja aos domingos.

Outra confusão é feita com abreviaturas e símbolos. Estes são abreviados sem ponto: g (grama), m (metro), h (hora). A forma do plural é igual à do singular, sendo sempre errado acrescentar S. Há relativa liberdade na formação e no uso de abreviaturas e das siglas, diferentemente dos símbolos.

O mais importante é ter critérios, ser coerente. É fundamental lembrar que usar inicial maiúscula é também uma forma de atribuir importância ao que é importante. Afinal, “Ali estão pequenos e grandes, e o escravo está livre do seu senhor”. Jó 3, 19

João Maria de Lima é mestre em Letras e professor de língua portuguesa e redação há mais de 20 anos.

profjoaom@gmail.com

Crédito da Foto: Reprodução / Gestão Educacional

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