As vacinas e a sua liberdade

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Este não é um texto com certezas e verdades mas muito mais de dúvidas e tentativa de aprendizado.

Quem me conhece ou me acompanha por aqui sabe o quanto sou um defensor inveterado da liberdade individual, que nesta pandemia tem sido colocada à prova, todos os dias, a capacidade, tanto dos governantes quanto do povo, entenderem a importância desse bem inegociável (pelo menos para mim).

Na pandemia se politizou o direito de ir e vir, o direito de se expor, ou expor terceiros ao vírus (uso de máscaras, por exemplo) e agora, como não poderia deixar de ser, estão politizando o direito de não se vacinar.

O uso da palavra liberdade parece que vem sendo acanalhado. Um dos pontos essenciais para nosso início de conversa remonta a nossos avós (ou avós dos avós…), quando eles nos diziam que a nossa liberdade vai até onde se inicia a do outro.

Pois bem, partindo desse princípio, e espero que ninguém queira acanalhar com a sabedoria de nossos avós, eu pergunto até onde se estende o direito de algumas pessoas colocarem a vida de outras em perigo? Sim, porque nem todas as pessoas conseguirão se vacinar, e isso por vários motivos, tais como: falta de vacina, alergia a determinados medicamentos, doenças… fora que a própria eficácia da vacina, hoje variando acima de 90% não é estável em todos os corpos.

Não podemos esquecer que restrições sobre vacinação e medidas fitossanitárias já existem aqui no Brasil e no Mundo há muito tempo, mas nunca houve preocupação/discussão com isso, e é apenas minha opinião, porque nunca politizaram-nas.

Então, partindo dessas informações, você é a favor ou contra a obrigatoriedade da vacinação?

Agora vamos pra parte filosófica de tudo isso…

Eu, como liberal convicto e com forte tendências libertárias, não posso ser a favor da obrigatoriedade de nada e cada vez mais contra a proibição de várias outras, porém dentro dos princípios liberais e libertários existe algo importantíssimo que é o valor que se dá à propriedade privada. Não existe discussão sobre essa importância e de que você deve ser livre pra usar tudo a seu dispor para defender suas propriedades privadas, sendo a mais importante delas, sua própria vida. Então, partindo dessa premissa, deveria eu me defender daqueles que não serão vacinados?

Para aqueles que hoje dizem “meu corpo, minhas regras” com relação às vacinas, concordo plenamente com sua negação em tomá-las, qualquer que sejam os motivos (medo, desconfiança, política…), porque não cabne a mkim jugá-los, mas poderiam essas pessoas colocarem em risco as vidas de tantas outras? A liberdade de dizer não às vacinas não estaria atacando a liberdade e a propriedade privada (vida) de tantas outras?

John Stuart Mill, filósofo e economista do século XIX, é autor do Princípio do Dano, que traduz exatamente aquele ditado de nossos avós de forma mais erudita. Ele explica que a única possibilidade de haver qualquer intervenção na liberdade de uma pessoa é quando essa liberdade coloca em risco a vida (mais precioso bem privado do ser humano) e a liberdade de outras pessoas.

Não creio que alguém aqui queira colocar em discussão o liberalismo de John Stuart Mill, apesar que vejo tantos liberais e conservadores rasgando livros e cuspindo em todos os grandes autores e se transformando em reacionários, que não duvidaria que essas pessoas começassem a xingar Mill, Mises, Locke, Smith, Burke, Hayek, Scruton e tantos outros de isentões, porque seus princípios, estudos e ideias que nortearam todos os pensamentos liberais e conservadores não conseguem ser moldados às ideias daquilo que tanta gente tem chamado de “direita de verdade” aqui no Brasil.

Como eu disse no início do texto, a ideia aqui é mais levantar questões do que responder com verdades.

Distorcer o liberalismo e o conservadorismo tem sido prática muito comum para que se consiga validar discursos de políticos pouco afeitos a essas duas linhas de pensamentos comportamentais.

Eduardo Passaia

Turismólogo e liberal

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