Cientistas da UFRN desenvolvem tijolo ecológico feito com resíduo da produção de sal

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Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) anunciaram nesta sexta-feira (23) que desenvolveram um tijolo solo-cimento ecológico, que é produzido através de um resíduo proveniente da produção de sal. O produto resultante do estudo rendeu um pedido de patente da instituição.

O tijolo ecológico é feito a partir da combinação de cimento, solo laterítico e carago, que é o resíduo da produção do sal. Em função desse último elemento, os pesquisadores da UFRN acreditam que a descoberta pode ter um impacto também econômico no estado, já que o RN concentra 95% da produção de sal do Brasil.

“O resíduo incorporado da indústria salineira é o carago, a primeira camada que se forma nos tanques de evaporação. No momento da colheita do sal, ele não é utilizado, ficando em pilhas nas salinas, sem um destino correto”, explicou Priscylla Cinthya Alves Gondim, uma das inventoras.

“Além da importância tecnológica da inovação e da relevância econômica, há também o aspecto da sustentabilidade, pois provoca a diminuição de impactos ambientais”.

A pesquisadora explicou que o carago foi analisado durante um ano, através de ensaios, momentos nos quais o resíduo foi inserido no tijolo com oito composições diferentes e testes seguindo as normas da ABNT.

Segundo Priscylla, a melhor dessas oito produções foi escolhida para a solicitação da patente, mas “em todas as composições obtivemos excelentes resultados, cerca de três vezes a mais que a resistência padrão exigida pela norma”.

Os materiais se mostraram viáveis em alvenaria de vedação, ou seja, as que são dimensionadas para suportar o próprio peso. Além da UFRN, participam da pesquisa os Institutos Federais do RN e de Alagoas.

Produção de baixo custo

Segundo o grupo de cientistas da UFRN, o tijolo ecológico pode ser utilizado para construção de casas populares e proporcionar maior acesso à moradia para populações de baixa renda.

Isso porque a elaboração do produto é realizada de forma simples, através da confecção de um material de baixo custo e de fácil produção, além de não necessitar de mão de obra qualificada.

Colheita de sal na Salina Coqueiro, em Grossos/RN, um dos sete municípios que abrigam as 35 salinas situadas no RN — Foto: Divulgação/UFRN

O pesquisador Wilson Acchar, que supervisiona o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais da UFRN, explicou que a combinação do carago – que é uma substância de dimensão grossa e lamelar – com o cimento e o solo laterítico – ambos com granulometrias fina e esférica – deu um bom empacotamento ao material formado.

De acordo com o pesquisador, isso melhorou a coesão entre as partículas, facilitando o trabalho com o material.

No aguardo do patenteamento, a pesquisadora Priscylla Gondim diz que isso significa que o “produto foi eficiente e eficaz” e “que poder ser replicado e inserido no mercado”.

Pedido de patente

Segundo a UFRN, o pedido de patente do tijolo integra o portfólio da vitrine tecnológica da instituição ao lado de quase 300 outras novas tecnologias. Segundo publicação de setembro do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), a UFRN foi, em 2019, uma das 15 instituições com mais pedidos de patentes no Brasil.

Além de Wilson e Priscylla, integram o grupo de inventores do tijolo ecológico Sheyla Karolina Justino Marques e João de Medeiros Dantas Neto.

Fonte: G1 RN

Imagem: UFRN

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