Fruto de uma pesquisa de doutorado, um estudo realizado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Bioinformática (PPg-Bionfo) do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) resultou em um equipamento capaz de analisar e detectar DNA com um custo reduzido em até 20 vezes.
Realizado pelo professor e pesquisador Eduardo Nogueira, o estudo foi publicado em um artigo – intitulado Um Sistema Inteligente de Baixo Custo para Detecção de Ácidos Nucleicos Baseados em Eletroforese no Espectro Visível – e divulgado no último dia 15 de outubro, na revista científica Plos One, periódico internacional relevante na área da Bioinformática.
O artigo apresenta os detalhes do “PDone”, nome dado ao equipamento desenvolvido e que já possui versões em protótipo. O aparelho traz como proposta suprir e baratear o trabalho do transiluminador/fotodocumentador – instrumento atualmente utilizado no mercado para visualizar DNA ou RNA.
“No Pdone, utilizamos um novo sistema de detecção usando LED, e uma excitação no comprimento de onda de acordo com o corante usado no processo de detecção do DNA. Todo o sistema foi desenvolvido com equipamentos de fácil acesso no mercado e teve sua estrutura prototipada em impressora 3D”, explica o pesquisador.
Detecção de DNA
De acordo com o decente, no processo convencional de detecção de DNA, é inserido um corante na amostra que, quando submetido a uma luz (excitado) específica, gera um outro comprimento de onda (emissão), se houver, e amplificação do DNA. Já com o novo equipamento, é possível excitar qualquer tipo de corante dentro da região espectral, caso haja emissão.
“O equipamento, com o seu custo e facilidade de construção, vai chegar até os locais de baixo recurso e permitirá o pronto atendimento por instituições da área, além de possibilitar o ensino de biologia molecular em escolas públicas”, esclarece.
Outra situação exemplificada pelo pesquisador que evidencia a vantagem do Pdone relaciona-se ao próprio covid-19:
“Nesse caso, compara-se o DNA do paciente com o DNA do Vírus. Caso haja Covid-19 no paciente, há emissão de luz. Todo esse processo é feito em ambiente laboratorial, onde são necessários equipamentos para separação do DNA, e amplificação para posterior análise no equipamento que desenvolvemos”, exemplifica o docente.
Colaborações
A pesquisa que resultou no PDone vem sendo desenvolvida há três anos e, antes de sua aprovação na revista Plos One, já havia sido publicada na plataforma preprints BioRxiv – ambiente para divulgações prévias de trabalhos científicos.
Para Nogueira, a mais recente divulgação “possui uma grande representatividade, pois está apresentada em uma das principais revistas para trabalhos de inovação na área de biotecnologia”, avalia o pesquisador.
O trabalho publicado recebeu orientação do professor João Paulo Matos e colaboração do docente Daniel Lanza, ambos professores do Departamento de Bioquímica (DBQ) da UFRN e membros do corpo docente permanente do PPg-Bioinfo do IMD, além da participação da discente Maria Fernanda Bezerra, mestranda em Bioquímica.
Sobre a aplicação efetiva do equipamento, Eduardo Nogueira antecipa que a intenção é que o PDone passe a ser utilizado em laboratórios: “Estamos trabalhando para integração com software de gestão de laboratório para que possamos ter uma solução completa de hardware (PDone) e software.”, afirma.
O artigo completo pode ser consultado neste endereço eletrônico.
Imagem: Reprodução
Fonte: Assecom/IMD