Com a revogação do artigo 11 do Decreto Estadual 29.583, que proibia a realização de shows exposições e demais atividades coletivas, como medida de relaxamento das ações tomadas visando conter a pandemia do novo coronavírus no RN, os dirigentes de futebol viram uma brecha importante para solicitar também a reabertura das praças esportivas para o público. A vontade deles, porém, esbarra numa determinação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que, debatendo sobre o tema, optou por garantir a isonomia entre os clubes nacionais e congelou as negociações neste sentido até que o cenário de liberação seja o mesmo em todo o país.
O presidente do América, Ricardo Valério, é um dos mais entusiasmado com o assunto no RN. Ele vem participando de reuniões com membros das autoridades sanitárias do estado e do município, apontando como meta a liberação do público na Arena das Dunas e no Frasqueirão a partir do final de outubro.
“Muito em breve vamos conquistar o nosso maior reforço a nossa amada torcida, pois temos esperança que depois do dia 15/10 será anunciado a volta de 30% das torcidas nos estádios. Assim a nossa gloriosa torcida vai fazer a diferença e reforçar o nosso time rumo ao acesso a série C.
Obrigado Deus , obrigado torcida”, escreveu o dirigente em uma mensagem através do WhatsApp para alguns membros da imprensa.
Desde de agosto, na verdade, Ricardo Valério vem participando de encontros com membros do governo, tendo como tema, a liberação da presença dos torcedores nos estádios. O Assunto esquentou quando a CBF enviou ao Ministério da Saúde, um plano de ação com este sentido e o mesmo recebeu o aval das autoridades sanitárias do governo federal. Mas o assunto logo azedou quando o governador João Dória Júnior, de São Paulo, se mostrou contrário ao retorno do público aos estádios e foi seguido por autoridades de outros estados.
O presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, acredita que a decisão da CBF, mesmo com a liberação local, deverá prevalecer, uma vez que a hierarquia dentro do futebol é muito forte e apenas quando surgir uma orientação da FIFA neste sentido, dando sinal verde a CBF para tratar da questão, é que a proibição deverá ser suspensa. As duas entidades levam em consideração a igualdade de oportunidades para os clubes dentro de uma competição e, o debate, fere justamente essa questão da isonomia dentro do futebol nacional.
“Essa questão passa obrigatoriamente pela promotora do evento, que é a CBF. O Campeonato Brasileiro é composto por quatro séries e as decisões sobre a abertura de estádios, certamente, terá de alcançar a todos. O debate deve se realizar de uma forma que não desequilibre o sistema, não pode se admitir que os clubes do Rio de Janeiro, com o aval das autoridades locais, abram seus estádios e os clubes paulistas não possam gozar do mesmo direito, porque as autoridades paulistas enxergam a situação de uma forma diferente em relação a possibilidade do contágio pela Covid-19 de pessoas presentes a tais espetáculos”, disse o dirigente potiguar.
José Vanildo ressaltou ainda que dentro do quadro descrito, ocorreria situações diferentes para clubes que disputam o mesmo campeonato, o que desequilibraria aquilo que a FIFA prega de mais sagrado: o Fair Play. O regulamento é um só para todos os participantes, destaca o presidente da FNF.
Ele reconhece que na Série D é onde seriam registradas as maiores diferenças, caso a medida seja aprovada da forma como os clubes desejam discutir, de forma isolada em seus estados.
“Os estádios do RN, Arena das Dunas e Frasqueirão, apresentam condições de, mediante a um plano de ação sanitária, comportar 30% do público sem oferecer maiores riscos aos torcedores. Mas a maioria dos demais clubes que estão na disputa da Série D não possuem essa mesma realidade. Então como é que a CBF pode resolver isso, derrubando o critério de igualdade do regulamento?”, questiona.
O representante da Federação Norte-rio-grandense de Futebol explicou que foi justamente pelo fato de os clubes da Série A terem condições semelhantes em termos estruturais de suas praças esportivas, que a divisão de elite seria a única beneficiada com o critério da volta de público colocado na mesa pela CBF.
“Essa é a nossa realidade, fora da Série A são raros os clubes que dispõem de uma estrutura suficiente para atender as exigências que serão realizadas para permitir a presença do público nos estádios. Temos de tratar essa questão com mais responsabilidade, torcer para o surgimento de uma vacina eficiente para que as coisas possam voltar ao normal”, salientou José Vanildo.
Crédito da Foto: Adriano Abreu
Fonte: TRIBUNA DO NORTE