A Polícia Federal no Rio Grande do Norte afirmou nesta segunda-feira 5 que trabalha para “esgotar e inviabilizar o Porto de Natal como passagem de drogas para a Europa”. As palavras são do delegado Santiago Hounie. No sábado 3, agentes da PF e da Receita Federal descobriram mais uma carga de cocaína prestes a embarcar no terminal marítimo da capital potiguar com destino à Europa. Quatro pessoas foram presas, suspeitas de tráfico de drogas.
Tráfico de drogas
“A Polícia Federal vem trabalhando há mais de um ano, se debruçando sobre o Porto de Natal. A partir de um trabalho em conjunto com a Receita Federal e também contando com apoio da administração local do porto, a polícia vem analisando dados e coletando informações anônimas, inclusive, e fazendo frente ao combate às drogas”, destacou.
Ainda de acordo com o delegado, “foram várias apreensões, mais de 5 toneladas, e no último fim de semana houve a prisão em flagrante de quatro suspeitos com mais de 200 quilos de cocaína. O trabalho continua e a perspectiva é de esgotar, inviabilizar o porto como uma passagem de drogas para a Europa”, concluiu.
Entre os suspeitos presos, um ex-PM do Paraná expulso por roubo
A apreensão ocorrida neste final de semana levou quatro pessoas para a cadeia. Foram presos em flagrante três paranaenses, de 21, 34 e 47 anos, e mais um rondoniense, de 33. Os nomes não foram divulgados. Um deles é ex-policial militar do Paraná, sendo expulso da corporação pelo crime de roubo. Outros dois também possuem antecedentes criminais. Os quatro permanecem custodiados na sede da PF, em Natal, à disposição da Justiça.
Segundo a Polícia Federal, a ação deste fim de semana é resultado de uma investigação que teve início há um mês, quando se passou a apurar uma movimentação suspeita de pessoas e vários veículos em um galpão no bairro de Emaús, em Parnamirim, na Grande Natal. “O que indicava, possivelmente, tráfico de drogas”, destacou a PF.
Ainda no sábado 3, um caminhão de cargas deixou o local e foi acompanhado por “batedores”. Os policiais federais observaram quando o veículo entrou no Porto de Natal, oportunidade em que foi interceptado. Após minuciosa revista na estrutura da carroceria, foram encontrados diversos tabletes de cocaína que estavam escondidos em um compartimento adaptado no reboque.
O motorista recebeu voz de prisão e, do lado externo, próximo ao portão de entrada do porto, os outros três homens foram presos quando davam cobertura e esperavam o desembaraço da mercadoria. Além do caminhão, com eles foram apreendidos, também, lacres de contêineres não utilizados e três carros, sendo dois de luxo.
Ao serem conduzidos para a autuação na Superintendência da PF, todos os presos se recusaram a responder ao interrogatório e invocaram o direito constitucional de só falar em juízo.
Megaoperação: ‘Além Mar’ tem mandados cumpridos no RN, carros de luxo e cavalos
Esta é a segunda grande apreensão de drogas feita pela Polícia e Receita Federal este ano no Porto de Natal. A primeira foi na manhã do dia 15 de agosto, quando 700 quilos de cocaína foram apreendidos dentro de um contêiner carregado com frutas, prontos para seguir para os Países Baixos (Holanda).
No dia seguinte, a PF desencadeou uma megaoperação batizada de Além Mar. Participaram da ação aproximadamente 630 policiais federais, que cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão em Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, no Distrito Federal e também no Rio Grande do Norte.
No RN, um empresário foi preso que atua no ramo de combustíveis foi preso. Com ele foram apreendidos cavalos de raça e carros de luxo.
Com os demais alvos da operação, por determinação da Justiça Federal, ainda foram sequestrados R$ 100 milhões, sete aviões, cinco helicópteros, quarenta e dois caminhões e trinta e cinco imóveis urbanos e rurais – a maioria fazendas. Segundo a PF, os bens são ligados aos investigados e a um poderoso esquema criminoso de tráfico de drogas internacional, que tinha o Porto de Natal como rota para o envio de cocaína para a Europa.
Em 2 anos, mais de 11 toneladas de cocaína apreendidas na rota Natal-Roterdã.
Do dia 12 de fevereiro de 2019 até este último sábado, dia 3 de outubro de 2020, já foram apreendidas mais de 11 toneladas de drogas, mais especificamente cocaína. O entorpecente é o preferido por traficantes que vêm utilizando o Porto de Natal como rota para enviar a droga produzida em países da América do Sul (Colômbia, Peru e Bolívia) para a Europa.
Praticamente a metade das apreensões, 5,5 toneladas, foram descobertas aqui, no Porto de Natal. A outra parte, já do lado de lá, no Porto de Roterdã, após atravessar o Oceano Atlântico.
Outras prisões
Além do empresário e das quatro pessoas presas neste final de semana no Porto de Natal, outras cinco pessoas também já foram detidas suspeitas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas no Rio Grande do Norte. Foi no dia 7 de dezembro do ano passado. Na ocasião, a PF ainda apreendeu 1,2 tonelada de cocaína. A droga estava dividida em diferentes locais: um contêiner que era transportado por caminhão e levava melão ao porto de Natal, e atrás de paredes falsas em três galpões em Parnamirim.
A PF começou a acompanhar a movimentação no entorno dos galpões e descobriu que um deles foi alugado com documentos falsos. No contêiner, que era transportado pelo veículo para o porto, e tinha como destino final a Dinamarca, foram encontrados diversos tabletes de cocaína misturados a uma carga de melão. Outros tabletes foram encontrados em cômodos escondidos por paredes falsas dentro dos três galpões.
As penas cominadas ao crime de tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico, somadas, vão de 10 a 35 anos de reclusão.
Escaner de contêiner deve entrar em operação ainda este mês
Segundo a Companhia Docas do Rio Grande do Norte, a aquisição de um escaner de contêiner, equipamento capaz de detectar a presença de drogas dentro de cargas, ainda é aguardada pela direção.
O escaner, que deverá ser alugado, é apontado como principal ajuda para a Polícia Federal no combate ao tráfico de drogas.
Fonte: Agora RN
Imagem: CODERN