Diante da situação dramática ocasionada pelas queimadas no Pantanal brasileiro, cientistas do Departamento de Ecologia da UFRN se reuniram para discutir esta crise ambiental. Com base em dados públicos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os pesquisadores concluíram que a incidência do fogo em 2020 é extraordinariamente alta.
Para dar a real dimensão do desastre vivido na região e combater a desinformação acerca do tema, os pesquisadores publicaram nesta sexta-feira, 25, uma nota pública na qual analisam a série de histórica de focos de incêndios desde 1989 até este ano. Assinado por cerca de 15 cientistas da área, o documento também é dirigido aos gestores responsáveis pelo cuidado ambiental.
Destacando a biodiversidade dos biomas e as riquezas naturais do território brasileiro, os pesquisadores apontam que a interferência humana tem sido uma das maiores ameaças, incluindo entre essas ações a propagação do fogo. A nota rechaça de forma contundente a possibilidade de os atuais incêndios do Pantanal serem causados por combustão espontânea.
“O fogo natural é um elemento raro na maioria dos ecossistemas brasileiros. A grande maioria dos focos de fogo que verificamos hoje em dia são causados pelo homem. Muitas vezes atribui-se a maior incidência de fogo em um determinado período à ocorrência de seca. Contudo, esta conclusão não é verdadeira, pois por mais que o carvão esteja seco em nossa churrasqueira, ainda precisamos de um fósforo para acendê-la. Além disto, durante os períodos secos não há muita incidência de raios, o que diminui substancialmente a incidência de fogos naturais”, explica a nota.
De acordo com a nota, baseada na estimativa do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA), foram queimados este ano mais de 3 milhões de hectares, o que corresponde a 22% da área total do Pantanal. Além disso, apenas no mês de setembro de 2020, até o dia de 24, ocorreram 6048 focos de fogo, o maior valor mensal já registrado desde 1998.
No documento, os cientistas reforçam que é dever moral a participação de toda a sociedade na preservação do meio ambiente, mas reafirmam a responsabilidade constitucional do poder público. Em outro trecho da nota, recorrendo a exemplos de outros países, os pesquisadores conclamam as autoridades municipais, estaduais e federais a criarem e manterem medidas de prevenção e enfrentamento dos incêndios.
“Diversas estratégias são colocadas em prática para minimizar o problema, incluindo ações de prevenção, monitoramento, manejo, fiscalização e combate. Para o enfrentamento direto do fogo, verdadeiros aparatos de guerra são montados com antecedência para os momentos de crise. Estes países não só possuem equipamentos adequados para o combate ao fogo, como brigadas especializadas permanentes que se deslocam de um lado ao outro do país quando necessário, engrossando os brigadistas locais”, relatam os pesquisadores.
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Fonte: Agecom/UFRN